Fico pensando sobre o que fazer nas aulas de recuperação. Hoje estava trabalhando com alunos de oitava série e por incrível que pareça o conteúdo foi o mesmo que eu havia dado no dia anterior para os alunos de quinta e sexta série. Os alunos da quinta série aprenderam mais rápido que os da oitava. Perdi uma aula e meia tentando explicar aos de oitava série a diferença de altura e largura. Pedi para que desenhassem um armário com 18 cm de altura e que esse armário fosse dividido em três partes, onde uma teria uma determinada medida, a segunda parte teria o dobro da medida da primeira parte e o terceiro o triplo da medida da primeira parte. Perdi duas aulas tentando ensiná-los a “pensar” como seria o armário e nem comecei isso sem ter mencionado o cálculo, só queria que visualizassem as formas de cada divisão do armário. Quando acabou a aula, parecia que um caminhão tinha passado sobre minha cabeça. Tive uma sensação de incapacidade e frustração. Entrei na sala dos professores e desabafei: “vou gravar essa aula e mandar pra diretoria de ensino, porque não é possível que um aluno de oitava série não consiga entender o que é altura, dobro e triplo. Como chegaram à oitava serie?
Outro professor me alertou: “Não faça isso, você vai atirar no próprio pé, pois irão contestar o seu método de ensino”. A minha frustração aumentou ainda mais, mas ele tem razão, infelizmente.
Aonde vamos parar com essa educação? O que vai ser feito desses adolescentes, afinal é responsabilidade nossa e segundo o sistema de ensino, muito mais do professor do que do pai e da mãe, pois se o filho não aprende o professor é que não sabe ensinar.
Coloquei-me na situação dos professores que são veteranos na rede Estadual há muitos anos, imaginei como devem estar se sentindo e entendi o motivo deles estarem tão desanimados.
Sabe qual vai ser o futuro da educação? Ou o estado começa a valorizar o profissional ou aos poucos professores que estão se formando não vão querer trabalhar pro estado, vão arrumar aula em escolas particulares, afinal, são tão cobrados quanto, só que ganham melhor entre outros fatores. Não discordo de quererem professores mais qualificados, mas para exigir qualidade deveriam investir mais, pois se cobramos algo de alguém é porque oferecemos algo em troca, é assim que funciona. Estou desanimada e frustrada, por hoje, somente por hoje, porque sei que amanhã já vou estar empolgada novamente. Mas faço pela física, pelo ensino e pelos jovens, que não merecem este sistema em que estão inseridos.
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