FÍSICA SEM EDUCAÇÃO

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sexta-feira, 17 de junho de 2016

Sobre a greve na USP- o que não é divulgado pela mídia



O sucateamento da USP, a meu ver, para a privatização, já começou, ainda bem que os docentes e funcionários não estão tão desvalorizados e desmotivados como os da escola pública. Seguem o link para os documentos

"Porém, fechada em seu bunker, a reitoria, que tem pregado o diálogo por meio de mensagens eletrônicas e videos, negou-se a receber os docentes e em lugar disso acionou a segurança do prédio e uma viatura da PM se posicionou em frente ao local..."
Os docentes estão sendo tratados como marginais...
Leia íntegra em:

Essas são as reivindicações dos estudantes:

Os estudantes de física da Universidade de São Paulo deliberaram a continuidade da greve em assembleia no dia 15 de junho de 2016. As pautas estão a seguir sem ordem predefinida:

EIXOS:
. Garantia da autonomia dos espaços estudantis
. Não punição e não retaliação de estudantes em greve
. Abertura das salas para atividade discente
. Semana política no IFUSP
. Abertura de contas e mais transparência
. Devolução dos blocos K e L
. Por cotas raciais e sociais
. Manutenção do Hospital Universitário, das creches e da Escola de Aplicação
. Contra cortes e por reajuste e ampliação de bolsas

BANDEIRAS:
. Defesa da educação pública de qualidade
. Política real de permanência na universidade
. Estrutura de poder democrática na universidade, com paridade entre categorias
. Descentralização do poder do reitor
. Contra repressões ao movimento estudantil
. Não ao assédio moral e por mais segurança às mulheres na USP
. Reconstituição do Ministério da Ciência e Tecnologia
. Sistema legal de fim de danos
. Contra o fim do RDIDP

Atenciosamente,
Comando de Greve de Estudantes do IFUSP

Comentário da ProfessorAnne L. Scarinci  
"Comento:
Sob justificativa de falta de verbas, os estudantes estão perdendo seus espaços historicamente conquistados, tal como o CEFISMA (centro acadêmico da física), e os programas de incentivo à permanência estudantil (tal como as creches e a residência estudantil) estão sendo cortados.
Além disso, não há uma política de cotas na USP, embora essa discussão ocorra há muitos anos. Ninguém se mexe para dar um encaminhamento a essa reivindicação. 
Por fim, os estudantes sentem que a universidade está sendo sucateada, com o fechamento dos hospitais e da escola de aplicação.
Há um discurso sendo veiculado de que "o pobre está pagando para o rico estudar", e de que isso justificaria a cobrança de mensalidades na USP. Mas na verdade a maioria dos alunos USP são de uma classe média que faz muito sacrifício para manter seus filhos estudando e fora de casa (pois muitos alunos vêm de outras cidades ou estados). O rico brasileiro só faz USP se quer fazer medicina ou direito. A maior parte dos muito ricos faz Mackenzie, FAAP ou vai estudar fora do país. 
Há tb um discurso de que aluno da USP é maconheiro. Sinceramente! Como uma universidade conseguiria se manter no ranking das melhores mundiais se os alunos não fossem igualmente excelentes?
Por fim, os funcionários reclamam por uma pauta parecida com a dos estudantes: não sucateamento da universidade.
"A reitoria da USP diz que não tem dinheiro para os reajustes salarial e dos benefícios sociais dos seus trabalhadores, não tem dinheiro para contratar médicos e funcionários para o HU, HRAC/Bauru e Centros de Saúde e diz não ser obrigada a manter a permanência estudantil e outros serviços como as Creches e contratação de professores para a Escola de Aplicação, mas tem dinheiro para exageros desnecessários."
A pauta de reivindicações é grande porque faz tempo que algumas dessas necessidades estão colocadas e não estão sendo sequer discutidas.
Por exemplo, o item 17 da pauta diz: "17. Pagamento do adicional de periculosidade aos funcionários da EACH."
O que ocorre é que o governo estadual fez um acordo ilícito com indústrias, que despejaram terra contaminada por ocasião do aterro para a construção do campus da USP-LESTE. Ao todo, parece que foram 5.000 caminhões com lixo tóxico despejados no aterro, o que teria um custo para as empresas, de descontaminação, de 1 milhão de reais (à época) por caminhão. O processo deu em pizza (apesar de laudos positivos de contaminação múltipla do local, feitos por diversos órgãos oficiais). Mas a terra contaminada continua lá, onde os funcionários estão trabalhando..."

Estão tratando os professores das universidades estaduais exatamente como trataram os professores de escola pública durante todos esses anos. Eu só espero que daqui a alguns anos não aconteça o mesmo que aconteceu com o ensino público.