FÍSICA SEM EDUCAÇÃO

A única maneira de fazer o Brasil progredir é com educação, informação e caráter.

segunda-feira, 5 de outubro de 2015

Base Nacional Comum e a religião


Duas vezes por ano eu, junto com professores/colaboradores do GT USP Escola, promovemos um encontro com cursos em diversas áreas e, contamos com a participação de professores do país todo. Os cursos são gratuitos e acontecem no período de férias (janeiro e julho), afinal é uma semana de evento com palestras, oficinas, cursos e conversas e todos os anos vem sendo um sucesso.
Além disso, todos os meses nos reunimos para discutir, não só sobre o evento, mas também sobre o ensino público do país. Há algum tempo contamos com a ilustre visita do professor doutor, Ítalo Dutra responsável pela elaboração da Base Nacional Comum do MEC, que nos convidou, assim como a todos os cidadãos brasileiros interessados no ensino público, a participar da proposta desse documento. Desta forma o nosso grupo tem se empenhado nessa discussão, que é de suma importância para o avanço educacional do país.
O documento já está sendo elaborado, mas ainda precisa das contribuições de todos para que se torne oficial e essa colaboração é essencial. Eu penso que nosso país só avançará quando os cidadãos perceberem a importância da educação.
Um dos assuntos que me chamou atenção nesse documento foi a inclusão do ensino religioso, pois a meu ver religião não deveria ser ensinada na escola por dois motivos:
O primeiro e mais óbvio é que não caberia uma disciplina específica para tal, mesmo porque não há professores suficiente nem para suprir a demanda das disciplinas já propostas. Se o tema fosse relevante, mesmo assim creio que mais ainda seria a inclusão do ensino político. 
O segundo motivo é que a religião deve ser ensinada pela família. Concordo que precisamos ensinar aos alunos, futuros cidadãos, o respeito pelas escolhas religiosas, mas não só ela, igualmente aos times de futebol, posicionamentos políticos e outras diferenças culturais.
O ensino de ética e cidadania é um dos focos do ensino em todas as matérias e a filosofia e a sociologia ensinam esses conceitos, sem precisar da criação de uma matéria específica. O estado é laico e temos, antes de qualquer coisa, continuar a preservar isso.
O MEC lança um documento preliminar da Base Nacional Comum Curricular, o texto estipula o que 190 mil escolas de todo país serão obrigadas a ensinar, o MEC quer concluir a consulta e redação do texto final até março de 2016. PRAZO: O PNE (Plano Nacional de Educação) estabelece que  em junho de 2016 encerrar-se-á a meta de estabelecer uma "proposta de direitos e objetivos de aprendizagem e desenvolvimento". A Base Nacional será apresentada como resposta a essa demanda.

"A forma como está disposto na plataforma ainda parece muito disposto nas caixinhas das disciplinas. Vamos ter que começar a ouvir os especialistas em currículo", disse
Ricardo Falzetta, gerente do programa "Todos Pela Educação".
A proposta da Base Nacional Comum está, nesse momento, aberta para sugestões pela internet. Depois, será submetida a uma consulta pública antes de o texto final ser redigido.

domingo, 6 de setembro de 2015

Por que o Brasil não avança?




Enquanto o Brasil não se conscientizar de que o PIB é importante, mas mais importante é mantê-lo elevado e isso só será feito através da educação, vamos continuar pagando pelos erros. Reclama da democracia? Então aprenda a votar e, mais ainda, aprenda a valorizar o que importa.
 Nessas duas reportagens estão os dois gargalos do país e a pergunta é: O que você fará a respeito? Esperar o governo resolver ou cumprir a sua parte e cobrar o outro para que cumpra a dele?

Em seis anos, 40% dos professores do 

ensino médio terão condições para se 

aposentar

Read more: 



Por que ninguém mais quer ser professor na escola pública?

sexta-feira, 21 de agosto de 2015

O que faz um professor ser competente?



Mesmo com as inúmeras dificuldades de ser professor, os problemas sociais que ecoam nas salas de aulas, em toda escola existem alguns educadores que conseguem fazer um trabalho diferenciado. Eles marcam positivamente seus alunos, conseguindo transmitir os conteúdos propostos e também ensinando lições para vida. O que têm esses educadores que os torna especiais? Uma das características de um bom profissional é o domínio de determinados conhecimentos; portanto, para um professor de matemática, por exemplo, seria o domínio dos conteúdos de trigonometria ou geometria. Nesse contexto, conhecimento está relacionado ao domínio cognitivo, mas ser um gênio, algumas vezes com diplomas de mestrado ou doutorado, não garante ser um bom profissional.

Lembra-se daquele professor que sabia muito, mas que poucos conseguiam entendê-lo? Um bom profissional também precisa de habilidades específicas para a sua profissão. No contexto do educador é necessário, por exemplo, ter uma boa oratória, saber aplicar estratégias de aprendizagem favoráveis à transmissão dos conteúdos e saber lidar com as características da faixa etária dos seus alunos. Paulo Freire, em diversos dos seus livros, relata as habilidades de um bom professor. No entanto, conhecer intelectualmente toda a obra desse grande pensador não garante o desenvolvimento das habilidades mencionadas, pois isso necessita mais do que um saber intelectual: é saber como fazer, como colocar na prática o conhecimento. Mas nada adianta para o aluno ter aula com um gênio que tenha grandes habilidades didáticas se as atitudes dele forem incompatíveis com o papel do professor. Nesse aspecto, temos a intenção do profissional, que reflete os seus valores pessoais. Atitude é querer fazer.




Um verdadeiro educador está interessado que seu aluno se desenvolva e se dedique para isso, de maneira que suas boas intenções transpareçam em seu tom de voz, em seu olhar e na sua motivação. Os alunos percebem, talvez até inconscientemente, esse aspecto subjetivo do bom educador e isso traz bases para relações de respeito e para a criação de um ambiente harmônico propício à aprendizagem. Uma boa combinação de conhecimentos, habilidades e atitudes geram um professor competente para a complexa arte de educar. Assim, as formações docentes precisam ir além dos aspectos intelectuais, e desenvolver o educador de uma forma integral, considerando outras inteligências, como a emocional. Embora pouco conhecidas, existem estratégias de aprendizagem eficazes para o desenvolvimento de habilidades e atitudes e vários educadores ao redor do mundo relatam os benefícios dessas formações. Proponho a você leitor uma reflexão: como estão desenvolvidos seus conhecimentos, habilidades e atitudes? O que é necessário fazer para ampliar sua competência?


Fonte: Gazeta do Povo PCNPs Samara e Maria Edite

quinta-feira, 6 de agosto de 2015

Reposta do deputado Carlos Gianazzi

O partido me respondeu prontamente e me esclareceu sobre o meu equívoco a ter atribuído a ele o projeto de Lei. Sinceramente, fiquei aliviada e me deu novas esperanças em acreditar a educação. Do governador do estado não se podia esperar coisa melhor. Segue na íntegra a resposta:

"Prezada Professora Cibele,

Esclarecemos que o PL 1083/2015, que trata do Plano Estadual de Educação, foi apresentado pelo Governador, e não pelo Dep. Carlos Giannazi.

Aliás, como forma de corrigir as imensas divergências e críticas ao seu conteúdo, o mandato do Dep. Giannazi apresentou uma emenda substitutiva, publicada nesta data no Diário Oficial, resgatando as orientações da sociedade paulista quando da elaboração do PEE-2003, atualizadas.

Seu conteúdo poderá ser acompanhado na página da ALESP, no mesmo item do PL 1083, como Substitutivo nº 01 e anexo.

Atenciosamente,

Assessoria Parlamentar
Deputado Carlos Giannazi

quarta-feira, 5 de agosto de 2015

Currículo à la carte promete acabar com o que já está ruim



O deputado estadual Carlos Gianazzi do PSOL lança um Projeto de Lei em regime de urgência que sugere uma coisa que vai acabar de acabar com a educação pública.

O aluno poderá escolher as matérias que ele quer estudar no ensino médio. Bom, isso acaba com qualquer aspiração do aluno em pleitear uma faculdade, principalmente alunos carentes, que não tem condição de fazer cursinhos preparatórios.

No ensino médio a grande maioria não é incentivado a fazer uma faculdade, nem pelos pais e, muitas vezes, nem pela escola, mas detonar com isso é demais!

Com isso o deputado se mostrou ser mais um que não tem interesse na educação do país e na melhora do ensino público, muito pelo contrário, se mostrou um político que deseja um ensino ruim para que continuem votando na máfia que se encontra no poder, e não me refiro a nenhum partido, mas a todos.

Já mandei e mail ao deputado e espero que todos façam o mesmo, pois se ninguém fizer nada nossos estudantes vão ficar cada vez pior e o país junto.

A responsabilidade é nossa!



Segue os links da Folha de São Paulo com a notícia, publicada no dia 04/08/2015

http://www1.folha.uol.com.br/educacao/2015/08/1664558-sao-paulo-tera-curriculo-escolar-flexivel-para-o-ensino-medio-publico.shtml?cmpid=compfb


E o projeto de lei do deputado, atente-se para o item 22.2:

http://www.al.sp.gov.br/propositura/?id=1269492


E aqui a página do deputado para que todos mandem e mail pedindo que mudem essa cláusula

http://www.al.sp.gov.br/alesp/deputado/?matricula=300485

quarta-feira, 29 de julho de 2015

GT USP Escola - Venha participar!




Nesse sábado teremos uma reunião com Ítalo Dutra, um dos coordenadores da Comissão de Articulação, Mobilização e Infraestrutura do MEC, para discutirmos a Base Nacional Comum entre outras coisas. 
A reunião será no Instituto de Física da USP, ala Central, sala 211.
Todos estão convidados a participar dessa reunião, que é de suma importância para a educação do país.

Se não puder comparecer participe on line com a nova página criada: Dialoga Brasil. Reforçando: A sua participação é muito importante 


Acessem o link do Dialoga Brasil clicando aqui

quarta-feira, 8 de julho de 2015

Um resumo sobre a Comissão de Educação - Reformulação do Ensino Médio

No dia 07/07/2015, houve uma comissão de educação para reformulação do ensino médio, um tema bastante polêmico que vem sendo discutido há muito tempo, mas nada sendo feito e o resultado disso são os índices piorando a cada ano. Aliás, houve melhoras, mas são irrelevantes perto dos números baixos já apresentados.


 Quem presidiu a comissão foi a deputada do DEM – TO Dorinha Seabra Rozende. Quem abriu o discurso foi a presidente da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES), Bárbara Melo, que depois teve que se ausentar por causa de outro compromisso.
A primeira crítica dela foi a respeito do horário, diz que sete horas é muito cedo, e a forma que a escola se comporta quando o aluno chega atrasado, não deixando entrar. Bom, quanto ao horário, não vejo problemas nisso, afinal eles (alunos e alunas) terão horários a serem cumpridos em seus futuros empregos e quanto à escola proibir o aluno de entrar quando chega atrasado, há muitos pontos a serem levados em consideração. Obviamente o aluno pode chegar atrasado, desde que isso não seja frequente, isso cabe em cada regra de cada escola, mas vamos entender que na profissão que ele seguir não poderá chegar atrasado, concorda? A função da escola não é educar para a vida? Então, regras fazem parte da vida e devem ser cumpridas, a intolerância deve ser combatida, obviamente, mas não permitindo tudo sempre. Que espécie de adolescente e futuro trabalhador estaremos formando se formos permissivos sempre? Tudo deve ser dosado.

Ela diz que a escola reproduz preconceitos e não deveria. Concordo plenamente! Mas isso já está sendo feito, mas mais do que contar com a escola temos que contar com a sociedade e, mais ainda, com a mídia. Há políticas trabalhando nisso, tudo é uma questão de tempo.
Quanto à conexão entre as matérias, também concordo, mais do que isso, os professores devem ser devidamente preparados para essa interdisciplinaridade e ela deve acontecer, aliás, passou da hora.
Com relação ao celular em sala de aula, antes de tudo, os professores devem ser, novamente, preparados para lidar com essa nova tecnologia e mais importante, tem que haver a mudança de uma cultura, Claro que a escola também deve ser preparada, já que professor sozinho não consegue competir com a tecnologia se não estiver muito bem preparado e amparado pela escola.
A verba da escola deve ser, antes de mais nada, fiscalizada, bem investida, não adianta ter mais verba e investir em tablets para os alunos, por exemplo, não que isso não seja válido, é muito, mas precisamos preparar a escola (corpo docente e discente) para essas novas tecnologias. Todos os comentários dela foram bem importantes e relevantes.
A comissão foi composta de cinco mesas, cada mesa com cinco membros de diversos orgãos:
1 – Tema Central: Organização curricular e base nacional comum.
2 – Jornada escolar ampliada e condições de oferta para o ensino médio.
3 – Instrumentos de avaliação do Ensino Médio
4 – Formação de professores e gestores
5 – Integração do ensino médio com a educação profissional.

Wilson Filho (PTB-PB) e membro da Coordenadoria Estadual dos Conselhos Comunitários de Segurança (Conseg) http://www.conseg.sp.gov.br/, enviou um relatório com algumas metas que a comissão entendeu que ainda não era possível de alcançar em tão pouco espaço de tempo, como o ensino integral em 10 anos e 50% de todos os adolescentes na escola em mais 10 anos.
Quanto ao primeiro, tenho minhas ressalvas, apesar de ser uma boa medida, mas muita coisa ainda deve ser pensada e isso será novamente comentado mais adiante.
Ele conseguiu algumas conquistas, como transformar o ENEM como parte do currículo e o terceiro ano do ensino médio enfatizando o que o aluno quer aprender.
José Fernandes Lima do Conselho Nacional de Educação enfatiza pontos muito importantes. O primeiro questionamento que faz está relacionado com a escolha de conteúdos que ele diz ter que estar de acordo com os interesses da sociedade e pergunta: Educação é para quem? Para quê? E como?

Na Constituição constam as duas primeiras indagações. Para quê? Para o desenvolvimento pleno, o exercício da cidadania e o desenvolvimento do trabalho. Para que? A resposta encontra-se no artigo 3° da mesma, para construir uma sociedade justa e ele chama a atenção para um item que o cidadão brasileiro deve levar em consideração: O ENSINO MÉDIO É UM DIREITO, é a etapa final da educação básica para desempenhar o exercício de cidadania e o desempenho para o trabalho, como já foi dito acima, ou seja, é para todos e não pode ter diferenças entre pobres ou ricos.
É o que acontece?
Ele faz diversos questionamentos que valem a pena ser  comentados.  Um deles - que venho enfatizando sempre - é se o currículo funcionasse realmente, se fosse aplicado,  o ensino médio estaria muito melhor. E é verdade, afinal, como ele mesmo fala, se o piso não é pago e se temos poucas escolas com laboratórios de ciências, por exemplo, como queremos que o ensino seja de qualidade? E completa, O Plano Nacional de Educação (PNE), não pode se limitar aos conteúdos, tem que ser apenas um pano de fundo.

Logo depois, Eduardo Dechamps, presidente do Conselho Nacional de Secretários da Educação (CONSED), defende a formação de professores e diz que o ensino médio sozinho não resolve, deve-se ter um olhar para o fundamental II, pois ele está abandonado e também defende um currículo mais genérico. Os estados devem definir suas propostas e ressalta que a Base Nacional Comum (BNC) não pode ser engessada, mas que seja a essência para que o Brasil garanta o que seja ensinado como um todo, em todos os estados. Além disso, defende uma maior autonomia dos professores e, para isso, uma melhor formação e preparação.
Ítalo Dutra, diretor de currículo do Ministério da Educação e Cultura (MEC) faz muitas considerações importantes sobre para que serve o BNC e também defende uma maior autonomia do professor. Ressalta que, até setembro, haverá um canal aberto com a comunidade para que opinem nas considerações finais a respeito do currículo e, até setembro, será entregue um documento preliminar.

Um dos comentários que mais me chamou atenção foi o do deputado Reginaldo Lopes – PT – MG, entre vários, pois o discurso dele vale a pena ser visto também. Ele diz que o currículo, atualmente, “fala de tudo mas não ensina quase nada”, o que é verdade e ele pede ao MEC que dê conta de controlar o Mangabeira Unger, o Ministro de Assuntos Estratégicos, para entender melhor essa história (veja o vídeo no final).

Após os comentários individuais, começam as mesas e só ressaltarei comentários que achei relevantes, como o do Ismar Barbosa Cruz do Tribunal de Contas da União. Ele enfatiza a valorização de professores e gestores, os financiamentos e o déficit de professores, principalmente de física, química, sociologia e filosofia. Aponta os números que valem a pena ser vistos e chama a atenção à discrepância entre os valores informados entre a Secretaria do Tesouro Nacional e o Centro Integrado de Operações (Ciop), em 2011, com uma diferença de 19 bilhões entre um dado e outro e, em 2012, 13 bilhões, ou seja, falta fiscalização. Além disso, chama a atenção do MEC para apresentar medidas de avaliações por escola, uma falta de regulamentação de um padrão mínimo e medidas de recursos ideais.

Wisley João Pereira, da Secretaria de Educação, Cultura e Esporte de Goiás, fala o que todos os gestores escolares e professores, acredito, desejariam, ele diz que precisam parar com a teoria e irem para a prática e chama a atenção para fatos que, visivelmente, desconhecem ou insistem em ignorar. Para que se tenha uma jornada ampliada, no ensino integral, tem que haver uma infraestrutura, não é só aula, “precisamos de coragem para deixar o discurso e ir para a prática, as condições atuais são contrárias às jornadas ampliadas”. Segundo ele, o que seria mais importante, antes de mexer no currículo, é o déficit de professores e a formação dos professores. Um detalhe, ele é professor de física e fecha com chave de ouro as minhas considerações sobre a comissão feita.

Não terminou com ele, mas eu termino por aqui, porque o restante deve ser visto e analisado, pois houve muitos comentários que eu posso não ter levado em conta, mas que foram tão importantes quanto esses que enfatizei. Acessem o vídeo abaixo, pois vale a pena ver os detalhes do que foi discutido.


quarta-feira, 24 de junho de 2015

O circo a física com todas as disciplinas dentro do currículo do estado

Projeto: O circo

Introdução:
A educação básica tem por finalidade, segundo o artigo 22 da LDB, “desenvolver o educando, assegurar-lhe a formação indispensável para o exercício da cidadania e fornecer-lhe meios para progredir no trabalho e em estudos posteriores”.Todas as atividades da escola são curriculares, por isso temos que romper essa dissociação entre cultura e conhecimento e o circo proporciona tanto essa cultura quanto, em trabalho conjunto, o conhecimento. O currículo em si é um espaço de cultura.  A proposta de se trabalhar com projetos é proporcionar um ambiente favorável para o saber, por isso fiz questão de englobar todas as disciplinas referentes ao primeiro ano do Ensino Médio e, mais precisamente, incorporei ao projeto as propostas curriculares de todas as matérias do final do primeiro bimestre e começo do segundo.
A interdisciplinaridade faz parte do currículo oficial do estado, incluindo uma educação à altura dos desafios contemporâneos, ou seja, a construção da identidade, da autonomia e da liberdade como criadores de conteúdos dentro de um conceito abrangente. Com a nova proposta de uma escola que também aprende, onde os professores e gestores passam a ser agentes formadores, os que estimulam ações de uma construção coletiva, nada mais de acordo com essa ideia  do que a incorporação de, neste caso, uma ferramenta tão rica quanto o circo.
As competências farão parte desse projeto, como veremos a seguir:
Arte: O currículo do primeiro bimestre do primeiro ano contempla o circo, artes circenses; circo tradicional; circo contemporâneo; palhaço/clow e a tradição cômica; folia de reis; palhaços de hospital e pré-projetos de intervenção na escola.
Criação de um circo envolvendo:

1.       Português:
-Compreensão e discussão oral
 -A oralidade nos textos escritos
-Expressão oral e tomada de turno
 -Discussão de pontos de vista em textos literários
As diferentes mídias, principalmente na criação de textos para apresentação dos palhaços, ou mesmo do apresentador, propagandas de rádio, televisão etc. O mural escolar como espaço de expressão e informação, colocando as apresentações nos murais e desenvolvendo a criatividade. A Literatura na sociedade atual, através de textos desenvolvidos e difundidos no espaço do circo criado.

  Filosofia
‐ Imagem crítica da Filosofia.
 ‐ O intelecto: empirismo e criticismo.
‐ História da Filosofia: instrumentos de pesquisa.
 ‐ Áreas da Filosofia.
A existencialidade de um palhaço, a ambigüidade de seus sentimentos, tristeza e alegria, sombra e luz, graça e desgraça. História de um palhaço triste. Jogral de texto filosófico com uma explanação crítica sobre o Panem etc Circenses (Pão e Circo) moderno e pós moderno, associando-o com o Coliseu Romano onde o povo, com seu fascínio pelos gladiadores e feras, permaneciam mentalmente anestesiados. A realidade hoje é a mesma, pois hoje, vivemos a realidade do “Coliseu Eletrônico”, vivemos a “Sociedade do espetáculo”. Tudo vira show e a própria religião entra no esquema.

Sociologia:
-O que permite ao aluno viver em sociedade?
 ‐ A inserção em grupos sociais: família, escola, vizinhança, trabalho.  
‐ Relações e interações sociais.
 ‐ Socialização.
O homem como ser social em diferentes realidades, pois um circo migra para diferentes culturas e lugares; portanto, pode-se contar a história de cada uma delas, com pesquisas feitas pelos alunos.



https://mceciliamaciel.wordpress.com/category/circo/



3.       Química:
-Transformações químicas no dia a dia: a) evidências; b) tempo envolvido; c) energia envolvida; d) reversibilidade.
-Reagentes, produtos e suas propriedades: a) caracterização de substâncias que constituem os reagentes e produtos das transformações em termos de suas propriedades; b) Separação e identificação das substâncias
Transformações químicas feitas nas mágicas.

      Matemática:
-Funções
-Relação entre duas grandezas.
- Proporcionalidades: direta, inversa, direta com o quadrado.
-Função de 1º grau.
-Função de 2º grau.
Desde sua construção e montagem,  o circo e os cenários englobam conteúdos geométricos e matemáticos, com o uso de funções, como também os jogos apresentados no circo que podem conter estruturas matemáticas.
http://www.maisequilibrio.com.br/fitness/a-alegria-do-circo-e-a-atividade-fisica-3-1-2-161.html

     Física:
-Quantidade de movimento linear: variação e conservação
-Leis de Newton
Movimentos, velocidades, aceleração, quantidade de movimento e conservação fazem parte de tudo o que se movimenta dentro de um circo, desde malabaristas, dançarinas, trapezistas etc. e as leis de Newton completam esse contexto.

6.       Geografia:
-Geopolítica do mundo contemporâneo
-A nova desordem mundial
-Conflitos regionais
-Os sentidos da globalização
- A aceleração dos fluxos
-Um mundo em rede
Os conflitos contados em histórias criadas para os palhaços e a representação da globalização contada de forma engraçada e criativa.
http://www.vidacandanga.com.br/noticias/circo-khronos-no-boulevard-shopping/


7     Educação Física:
-Esporte
-Modalidade individual: atletismo, ginástica artística ou ginástica rítmica
– A importância das técnicas e táticas no desempenho esportivo e na apreciação do espetáculo esportivo
 Incluem trapézio, báscula russa, mastro chinês, monociclo, perna-de-pau, tecido etc.
·        Modalidades sem materiais (corporais): acrobacias, contorcionismo, palhaço, mímica, malabares, acrobacias, contorcionismo.  Dança, ginástica, movimentos fazem parte do conteúdo apresentado no primeiro ano.
http://www.fef.unicamp.br/fef/sicirco

     História:
-A Civilização Romana e as migrações bárbaras
-Império Bizantino e o mundo árabe
-Os Francos e o Império de Carlos Magno
Grécia antiga: as paradas de mão e as apresentações de força e de equilíbrio eram praticadas nos jogos.
Em Roma, surgiu o Circo Máximo, que foi destruído em um incêndio. No mesmo local, foi construído o Coliseu, onde inicialmente eram apresentadas excentricidades. Entre 54 e 68 d.C., o Coliseu passou a ser palco de espetáculos violentos, como a perseguição aos cristãos, descaracterizando as artes circenses. A civilização grega e o circo, as arenas, a reconstrução da época. Alegria e cidadania.

Biologia:
Equilíbrio dinâmico de populações
-Relações de cooperação e competição entre os seres vivos
-Densidade e crescimento da população
-Mudança nos padrões de produção e de consumo
Relações de competição e de cooperação que fazem parte de uma comunidade e o circo representam essa comunidade, a cooperação e a competição; dentro do contexto social, as mudanças de padrões e de consumo podem caracterizar a impopularidade atual do circo, com exceção de algumas grandes produções circenses.

Inglês:
-Texto informativo (o uso de tempos verbais, conjunções e preposições)
-Produção: folheto com programa de intercâmbio para alunos estrangeiros que desejam estudar no Brasil
Criação de panfletos e divulgação do circo em língua inglesa.   
http://www.portalaz.com.br/noticia/municipios/244404_teresina_e_so_alegria_circo_de_moscou_no_gelo_um_espetaculo_de_arte.html





Conclusão:

Como o próprio currículo contempla a prioridade para a competência escrita, os textos, tanto em seu aspecto formal (poema, prosa, teatro) quanto em seu aspecto conteudístico (ciência, cultura, narração etc) farão parte da construção de todo o cenário, enfatizarão os atos de leitura e pesquisa em todas as disciplinas. Vale insistir que o currículo hoje não contempla uma maior quantidade de ensino, mas uma melhor qualidade e nada melhor do que a interdisciplinaridade e as relações humanas, tanto de aluno/aluno quanto professor/aluno. 

domingo, 14 de junho de 2015

E a greve (furada) e os sindicatos



Na internet, mais precisamente nas páginas sociais, leio muitas coisas que fico indignada e o meu impulso é responder automaticamente a tudo o que leio, principalmente quando não concordo com o que pensam e na maioria das vezes peco entre o bom senso e o impulso, acabo respondendo, mas o que adianta? Nada. As pessoas não vão deixar de pensar dessa forma, por mais errado que acreditemos que está, mas só pelo fato de estar expondo suas idéias, pode ser que naquele momento o outro não concorde, mas que um dia venha a concordar, ou não! Bom, enfim... sobre a greve... Essa é a minha opinião e gostaria muito que desse a sua opinião a respeito, porque ficar reclamando é o que mais se tem feito e nunca chegamos a lugar nenhum.  

Em primeiro lugar, tenho alguns questionamentos, que gostaria que se alguém tivesse disposto, para elucidá-los e, se possível, que até a presidente da APEOESP, Maria Izabel Azevedo Noronha ( Bebel) respondesse. Porque não gostaria de estar cometendo uma injustiça.
Na minha opinião essa greve veio em má hora e o meu primeiro questionamento é: Por que isso não foi feito antes das eleições? Por que deixaram o PSDB ganhar, da forma que ganhou, e não fizeram nenhuma manifestação ou pronunciamento a respeito?

Educação nunca foi prioridade de um país e também não “mexe” com a sua economia, logo, greve de professores não chega a ser algo significante, não que eu concorde com isso, mas o país é capitalista e quem manda é o dinheiro, odeio admitir isso, mas é a mais pura verdade. Por que insistir na greve? Por que permitir que professores fiquem cada vez mais desunidos, desmotivados e desvalorizados?
Os sindicatos, que deveriam estar lutando por uma mesma causa (bem da educação e dos professores) estão desunidos, e qual o motivo dessa falta de união?

Acredito que temos que mudar a estratégia de luta, já disse antes que, apesar de não concordar, vivemos num país regido pelo dinheiro, logo, ninguém paga um funcionário que não produz, concorda? Sei que esse discurso é horrível e me sinto muito mal por estar colocando ele aqui, porque estarei indo de encontro a um discurso que, para quem segue meus pensamentos, sabe que abomino, mas é verdade! Precisamos recuperar a auto estima do professor, ganhar a população, colocá-los a nosso favor, despertar o interesse dos nossos alunos e a admiração também e para que isso comece temos que elevar esses índices.


Professores, temos a sociedade em nossas mãos, os futuros eleitores de um país, precisamos virar esse jogo e, a meu ver, não será com greve, sem o apoio dos pais, da mídia e da sociedade em geral que vamos conseguir. Temos que exigir do governo a benfeitoria do aluno, para que ele entenda que nos preocupamos com a sua educação, com a educação dos filhos dos outros e de uma sociedade, depois, começamos a exigir o retorno disso, um aumento, e que seja gradual, porque nenhuma economia de nenhum país vai conseguir aumentar salário em porcentagens exorbitantes, é justo? Claro que não! Eu gostaria de ganhar 75% de aumento, mas não é viável e nem precisa entender de administração ou economia para saber isso. Não se monta uma estrutura em 90 dias depois de anos de abandono e definhamento, pois a educação desse país vem definhando a, pelo menos, 20 anos. Tudo tem que ser feito com muita paciência. E por que, mesmo sabendo disso, insistiu nesse número? Aonde queria chegar?

O outro passo é tentar uma união entre os sindicatos, que talvez seja o passo mais difícil, porque hoje eles não tem interesses comuns, mas políticos e este está muito além dos interesses dos professores. Para resumir, nada é fácil, nada será fácil, mas a mudança de estratégia nesse momento se faz necessária. Fiquei muito triste por ver meus colegas derrotados. E derrotados sim, dona Bebel!!! Passou da hora de admitir a derrota e mudar a estratégia porque o que está fazendo é cruel com a nossa classe. Culpar o outro é sempre mais fácil, não é mesmo? Mas, todos estamos cansados de saber a culpa do governo nessa história toda, agora é hora de assumirmos a nossa parcela de culpa e mudar os planos. Já chegou no limite!


Há rumores de que Alckmin será candidato a presidente, vamos continuar fazendo as mesmas coisas e errando ou vamos repensar estratégias para impedir isso?

domingo, 31 de maio de 2015

Não monte um laboratório, monte uma igreja científica




Como se não bastasse o descaso com a educação, o Brasil consegue agir ainda pior com a ciência, isso é claramente evidenciado pelo número de cientistas que temos aqui e como nossa ciência é avançada (Só que não).



"Que o Brasil não gosta de ciência não é novidade, vide a proporção cientistas/videntes nos programas vespertinos. Nossos museus vivem caindo aos pedaços, pessoas batem palmas pra escolas que trocam evolução por criacionismo no currículo e se um sujeito quer ser levado a sério, melhor ignorar a apropriação cultural, colocar um turbante e se passar por paranormal."


No site Meio Bit compartilho uma reportagem/critica bem interessante a respeito. Acessem aqui

quinta-feira, 28 de maio de 2015

Alimentando seu cérebro com a educação





Como professora de física e química de escola pública,concordo plenamente sobre o que foi dito e tento de diversas formas descobrir em cada aluno o seu potencial. 
Uma questão me chamou atenção, quando ele diz que o objetivo final é sempre voltado para as questões "decorebas" e esse é o grande problema.

A escola pública hoje, que é a grande vilã, estão as mais cobradas, temos um ensino que se baseia nessa construção de conhecimento, mas somos cobrados de forma inversa. 

O sistema público não está errado, o que está errado e a forma como ele está sendo feito (de cima pra baixo, como citado no vídeo), avaliado quantitativamente. Os professores não foram preparados para mudar isso, pois foram ensinados dessa forma "primitiva" e, além de não terem sido preparados, nunca foram valorizados, nem moralmente e nem financeiramente, de forma a mudar isso, mas as escolas públicas estão tendo, realmente, muitos avanços.

E, como disse, o tempo, a liberdade e o dinheiro são fundamentais para que o nosso sistema avance mais. 

Estamos no caminho certo!

Para assistir o vídeo acesse aqui


quarta-feira, 13 de maio de 2015

Novo blog: Ciências Olímpicas

Recebi um e mail com o endereço de um blog bem interessante. Aproveitando as olimpíadas...



http://cienciasolimpicas.blogspot.com.br/

quarta-feira, 6 de maio de 2015

Em Julho Encontro USP Escola



Convido a todos os professores a uma semana de eventos ...


Cursos gratuitos  voltados a professores do ensino fundamental e médio na ativa.
Os cursos serão ministrados de 13 a 17 de julho , TODOS OS DIAS, das 8 às 17h. Favor escolher apenas um e aguardar seleção para a vaga.
HÁ CURSOS PARA EXATAS, HUMANAS E BIOLÓGICAS. VEJAM NA DESCRIÇÃO: http://portal.if.usp.br/extensao/node/386 

sexta-feira, 1 de maio de 2015

Professor é a ponte entre a família e a sociedade






Ministro da Educação, Renato Janine Ribeiro, parabeniza todos os professores 



Acesse o vídeo do Ministro Renato Janine parabenizando os professores


Uma ênfase a essa frase do nosso ministro para os professores:

"Não só nascemos precisando de pai e mãe, mas de uma sociedade inteira, o professor tem esse papel, é essencial nessa formação de assuntos que a pessoas dominam, conhecimentos que adquire, mas sobretudo na capacidade de viver e na capacidade de lidar num mundo que não é fácil. Nosso mundo tem muitas dificuldades e muitas hostilidades, lidar com essas hostilidades, com a violência, com a agressão e a ganância é a verdadeira aventura que todos nós, seres humanos, temos que praticar, e nisso a contribuição do professor é essencial, pois o professor faz a passagem entre a família e a sociedade"

segunda-feira, 27 de abril de 2015

Veja na Veja a desonestidade



Já é bem conhecida a minha aversão à revista Veja. Mas, isso não é gratuito, nem uma idéia pré-concebida. Essa aversão foi formada depois de ler inúmeros artigos publicados nessa revista,  dos mais diferentes autores, na área de política e, principalmente, educação. Até agora, não consegui ler um só texto que não tivesse uma opinião tendenciosa ou mesmo mentirosa e distorções de fatos reais. Muitos textos apresentam as três coisas juntas.

Um “amigo” no Facebook, leitor assíduo e admirador da revista, não conformado com minhas críticas, resolveu me enviar um artigo, para que eu percebesse que a revista também tem algo de bom (sei lá) ou tentasse me persuadir a tirar essa má impressão que eu tenho da dita cuja.
Pacientemente, abri o texto e li, antes de responder, reli inconformada, e “reli novamente” e respondi, no Facebook mesmo, que iria fazer um artigo para meu blog e lhe mandaria o link.
Eis, portanto, a minha análise.

No início do texto, ele cita a cidade e suas informações geográficas e sociais, sem nada em especial. Logo começa a se referir ao sistema de ensino maravilhoso e aos índices alcançados, apesar da situação econômica precária da região. Até aí, sem novidade. Então, começa a falar dos ótimos índices de IDEB que a cidade, apesar de sua situação financeira precária, consegue alcançar. O que não tira seu mérito por isso.

Mas, aí começa a desonestidade (não encontrei palavra melhor).

Para o leitor leigo, não fica claro, no início do texto, se a rede da escola citada é municipal ou estadual, o que mudaria, e muito, em relação aos índices. Ela diz que a cidade é uma referência de qualidade por ter uma “política pouco pautada por invencionices e muito apoiada em eficiência, meritocracia e equidade”.

Tentei identificar a tal “meritocracia e equidade” e descobri que é baseada, segundo a autora, numa premiação dada aos prefeitos, cuja rede de Ensino Fundamental obtiver a melhor qualidade na Prova Brasil. Lembro que essa é desenvolvida pelo INE/MEC , como se pode verificar aqui , aplicada a cada 2 anos, possibilitando avaliar o desempenho dos sistemas educacionais.

Então, não entendi: para premiar, precisa que o ESTADO avalie?

A desonestidade fica maior quando, após uma rápida pesquisa, descubro que quem premia o prefeito com 200 mil reais é a Organização Odebrecht e a Gávea Investimento, junto com o IAB  (Instituto Alfa e Betol) e conta com a “incrível” colaboração da revista Veja. Aí, eu comecei a rir. Sem contar que a premiação é baseada nas competências básicas de desenvolvimento acadêmico estipulado pelo MEC (mas, não era sem intervenção estatal?).

Para finalizar, apesar de haver mais coisas a serem questionadas, lembro que o MEC também oferece um prêmio às escolas, gestores e diretores que obtêm bons índices, tanto no IDESP quanto no SARESP, cujo método de premiação já critiquei  em outro artigo, que pode ser lido aqui 


 Um adendo: esse texto não é uma crítica à escola, nem ao prefeito, muito ao contrário, parabenizo os dois pelos bons desempenhos e, com certeza, é um exemplo a ser seguido. Os índices da Prova Brasil são superiores ao do SARESP,  no que se refere às escolas de ensino médio dos estados, competência do governador estadual, enquanto no caso mencionado a competência é da prefeitura.

 Se quiser ler o texto ao qual me refiro, coloquei aqui na íntegra:



“Brejo Santo, no Ceará, é exemplo de "cidade educadora"
A qualidade do ensino depende menos de Brasília do que de prefeitos comprometidos: com base nessa premissa, um novo prêmio destaca os municípios que promoveram avanços extraordinários em sua rede de escolas. O primeiro vencedor é Brejo Santo, no Ceará
Por: Bianca Bibiano, de Brejo Santo em 19/04/2015
Localizada aos pés da Chapada do Araripe, a 521 quilômetros de Fortaleza, Brejo Santo é uma cidade bem brasileira. Com pouco menos de 50 000 habitantes, situação de quase 90% dos municípios do país, ela ostenta IDH pouco inferior à média nacional e renda por habitante quase 70% menor. Poderia repetir também os péssimos resultados da educação brasileira, mas vem conseguindo escapar ao destino. No Ideb de 2013, índice do governo federal que combina taxas de evasão e repetência com desempenho escolar no nível fundamental, a cidade exibe nota 7,2 - a média brasileira é 5,2. Em uma das unidades locais de ensino, a Escola Maria Leite de Araujo, a presença de galinhas no pátio de terra batida não permite suspeitar de uma nota invejável: 9,2. O curioso é que, até 2009, a cidade cearense era ainda mais parecida com o Brasil. Cerca de 70% dos alunos não aprendiam o esperado em português e matemática. De lá para cá, a rede de ensino vem registrando avanços seguidos. Em 2013, finalmente, virou o jogo: 72% dos estudantes do 5º ano atingiram o patamar adequado de aprendizagem em matemática, por exemplo, taxa que chegou a impressionantes 100% na Maria Leite de Araujo. O índice brasileiro é 32%.
O que faz da cidade uma referência de qualidade é uma política pouco pautada por invencionices e muito apoiada em eficiência, meritocracia e equidade. No dia a dia, isso se traduz em práticas eficazes em sala de aula, avaliação e premiação de professores e garantia de que todos os alunos recebem o mesmo ensino. "Coloquei a educação no centro do meu projeto político, porque sei que isso terá impacto nos demais setores na vida local", explica o prefeito Guilherme Sampaio Landim (PSB). Pelo serviço, o jovem médico de 29 anos receberá na semana que vem, em cerimônia em São Paulo, o Prêmio Prefeito Nota 10, promovido pela primeira vez pelo Instituto Alfa e Beto (IAB). O prefeito vencedor ganha 200 000 reais.
O objetivo do Prefeito Nota 10 é identificar a rede municipal de ensino com melhor desempenho na Prova Brasil, exame federal que avalia estudantes de 5º e 9º anos do ensino público e que compõe o Ideb. Concorriam ao prêmio somente cidades com mais de 20 000 habitantes em que ao menos 80% dos alunos tivessem participado da Prova Brasil. Desses, 70% tinham de provar que sabiam o que se esperava deles. Nenhuma cidade, nem mesmo Brejo Santo, preencheu esse último critério. O IAB chegou então a doze municípios com resultados destacados e apontou os melhores em cada região do Brasil. Na Região Norte, infelizmente, nenhum município atingiu os índices necessários.
Reconhecendo a cidade com melhor média, o prêmio retira dos holofotes administrações que mantêm escolas-modelo, mas não replicam a qualidade desses centros de excelência em toda a rede. "A qualidade do ensino de nossas crianças depende menos de Brasília do que de municípios e de prefeitos comprometidos", diz o educador João Batista Araujo e Oliveira, presidente do IAB. De fato: 54,7% dos quase 30 milhões de alunos do ensino fundamental brasileiro estudam em unidades municipais. "O prêmio quer identificar quem consegue fazer um grande trabalho em escala, levando qualidade a todas as escolas que administra", acrescenta Oliveira.
A receita de Brejo Santo não tem lugar para ingredientes exóticos. "Fazemos feijão com arroz benfeito todos os dias", diz Ana Jacqueline Braga Mendes, secretária de Educação. O cardápio inclui regras rígidas para alunos e professores. Os 11 771 estudantes têm dever de casa. Se um deles falta, a escola entra em contato com sua família. "Isso reduziu drasticamente o abandono", diz a secretária. O prefeito também mexeu em leis e recorreu a medidas inicialmente consideradas impopulares. Unidades que mantinham as chamadas classes multisseriadas, em cujos bancos se sentavam lado a lado crianças de 7 a 12 anos, foram fechadas, e os alunos, transferidos para locais mais distantes, porém estruturados. Professores, por sua vez, passaram a ser avaliados, e aqueles que não demonstraram bons resultados foram retirados das salas de aula: parte foi demitida, parte assumiu funções administrativas. Com os melhores em sala de aula, a prefeitura aumentou os salários. O piso inicial é de 2 673 reais, diante do salário mínimo de 1 917,78 reais estabelecido pelo Ministério da Educação.
Brejo Santo faz um grande trabalho. Porém, há muito que avançar. Embora mantenha a melhor rede municipal do país, a cidade ainda não chegou ao marco de 70% das crianças com conhecimento adequado à série em que estudam. O caminho, no entanto, está traçado.”

domingo, 26 de abril de 2015

Encontro de Professores na USP

Gostaria que divulgassem o Encontro USP:

"Instituto de Física promove décima edição do Encontro USP-Escola
Publicado em Educação por Redação em 23 de abril de 2015 |
A Comissão de Cultura e Extensão do Instituto de Física (IF) da USP promove entre os dias 13 e 17 de julho o décimo Encontro USP-Escola, projeto inovador no campo da formação e atualização de professores.
Um dos diferenciais da iniciativa é o envolvimento direto dos docentes da rede pública de ensino na organização das atividades, desde a escolha da temática das palestras, sugestão de cursos até a preparação das oficinas e aulas nos laboratórios. Tudo é discutido em reuniões mensais do GT USP Escola que antecedem aos encontros. São mais de 60 professores envolvidos na preparação das atividades.
Nessa edição do evento, além dos cursos que já faziam parte do projeto – microscopia instrumental; física ótica; tecnologia da informação e comunicação em ambientes educacionais; história da ciência; contextualização do ensino de química e espaços culturais em saúde nas escolas: aprendizagem ativa -, serão oferecidos cursos novos da área de humanidades, como artes visuais, museus e escolas; educação midiática e práticas educomunicativas; ensino da língua portuguesa; material didático em inglês: foco no ensino da escrita e utilização de recursos audiovisuais em sala de aula.
Ao longo dos anos, estima-se que os Encontros USP-Escola tenham impactado diretamente mais de 200 mil alunos das escolas nas quais os professores lecionam, considerando-se a carga horária média e o número de alunos que eles têm por turmas. Nas duas edições de 2014, foram mais de 1.200 inscritos, o que demonstra o grande interesse por cursos de formação e atualização que dialoguem diretamente com o trabalho desenvolvido em sala de aula.
O evento é gratuito e destinado a professores dos ensinos básico e fundamental. As inscrições serão abertas no dia 27 de abril, pelo site.
Com informações da Assessoria de Comunicação do IF

Mais informações: (11) 3091-6681" http://www5.usp.br/93186/instituto-de-fisica-promove-decima-edicao-do-encontro-usp-escola/

segunda-feira, 6 de abril de 2015

Resposta à Folha de São Paulo: Deseducação pela greve




OS PROFESSORES, A MÍDIA, AS REIVINDICAÇÕES E O SUBÔNUS



Existem coisas inconcebíveis, principalmente no que diz respeito à educação, ainda mais numa democracia em que o poder deveria emanar do povo. Pessoas, que deveriam ser mais conscientizadas, pois frequentaram as “melhores escolas”, não o são. Refiro-me à maioria dos manifestantes do “Fora Dilma”. Não vou tocar na questão do impeachment, pois esse assunto já deu o que falar, apesar de alguns insistirem, vou abordar a palavra chave: educação e democracia.

Por que a nossa população não vai às ruas exigir uma educação de qualidade? Por que não ajuda os  professores a terem mais condições salariais e estruturais para que nossa educação chegue a um nível de excelência? Não, preferem ir às ruas exigir coisas que, sinceramente, não resolverão o problema do Brasil, mesmo porque nem o presidente, dentro de uma democracia representativa, tem tanto poder assim. Democracia só é feita com um povo conscientizado politicamente e isso significa um povo com uma educação de qualidade e com menos diferenças sociais, culturais e econômicas. E uma educação de qualidade só é possível com educadores de qualidade e, acima de tudo, satisfeitos.

Essa insatisfação dos professores não é de hoje. Faz mais de 30 anos (bem mais) que lutamos por melhorias e, como disse nosso governador do Estado de São Paulo, Geraldo Alckmin, “todo ano é essa novela”, ao se referir à greve. Exatamente,  governador, todo ano. E a coisa não muda. Por que será? Se um governador de um Estado como São Paulo nada faz para melhorar a educação, aí cabe a pergunta do ilustre Paulo Freire ( inclusive hostilizado na última manifestação): “A quem interessa uma educação de qualidade? “ Uma coisa eu garanto, aos governantes é que não interessa. Deveria ser uma preocupação de toda população, mas também não é. E ainda temos uma mídia mais contra do que a favor, pois educação nunca foi o seu foco.

Uma das reivindicações dos professores nessa greve é, obviamente, o salário, mas nosso governador diz não ter dinheiro para tal, pois estamos em plena crise financeira. Alguns jornais até criticaram a greve dos professores por isso. Mas, se estamos em plena crise, por que o nosso governador aprovou o aumento do próprio salário com um  reajuste de 4,5 %, segundo a publicação desse mesmo jornal? Dirão que foi abaixo da inflação. Claro que foi, mas coloque 4,5% em cima de um salário de 2 mil reais e a mesma porcentagem em cima de 20 mil, são aumentos diferentes não é mesmo? Será que falta dinheiro para investimento ou falta competência em gerir esse dinheiro?

Educação deveria ser prioridade do governo e não é o que acontece. Se o orçamento é mais apertado, se o PIB diminuiu, se a atividade econômica retraiu e os impostos pagos foram menores, que se priorize aquilo que é mais importante. Educação não é gasto, é investimento, e há muito todos os especialistas afirmam e confirmam isso.  

Ao invés de diminuir a maioridade penal e ter que construir mais prisões (bandeira defendida por nosso governador), já que as atuais não comportam mais tantos presos, por que não se constroem mais escolas e não investem nos profissionais da educação? Orçamento é administrado, não só financeiramente, mas principalmente de forma política. Sei que investir em educação é como investir em saneamento básico, por exemplo, já que não é algo que se veja, como um Rodoanel, não dá votos. Mas, já está mais do que na hora de nossos governantes ultrapassarem esse conceito ridículo e se preocuparem realmente com aquilo que é importante e prioritário para o povo. Não pagamos poucos impostos, muito pelo contrário, mas muitos preferem pagar dobrado para terem saúde, segurança e educação privadas ao invés de lutar para que esses três itens tenham investimentos adequados do poder público. Não, não falta dinheiro. Falta vontade e interesse. E também é necessário que o investimento na educação tenha uma administração mais correta, mais profissional, mais naquilo que realmente interessa.  Um exemplo são os tablets de péssima qualidade dados a professores que nem conseguem utilizá-los em suas escolas, porque, com raríssimas exceções, não há infraestrutura para tal dentro das salas de aulas. Livros e mais livros são abandonados em escolas,  trocados a cada dois anos por obsoletos, em virtude da falta de cuidado em suas escolhas.  O Estado assina revistas - que são enviadas aos professores e às escolas - sem que nem diretores nem professores opinem sobre sua conveniência, um gasto quase que totalmente inútil.

Além disso tudo e muito mais - que se poderia arrolar - a meu ver há um total absurdo na administração da própria carreira do professorado, como o tal do bônus, baseado num suposto mérito cujos índices de premiação são completamente desconhecidos, já que não temos acesso às correções de provas do SARESP(*), nem aos critérios que estabelecem os valores e estipulam o ranking das escolas. O processo não tem nenhuma transparência, o que nos leva a pensar que são colocadas em mesmo nível de comparação escolas mais bem aparelhadas e bem localizadas com escolas mais "pobres", de zonas rurais distantes de cidades e grandes centros. Então, o professor não sabe nunca se e quanto vai receber do tal bônus. O que o torna aquilo que eu chamo de "subônus", porque, em vez de estimular o profissional, quase sempre o decepciona, encobrindo com alguns reais pingados a real situação do magistério. E qual o intuito disso? Desestabilizar a categoria, só pode.

Outra coisa: a divisão em categorias, que é o que há de pior. Os não efetivos se veem cada ano em uma escola com turmas diferentes e, como não criam vínculos, isso gera insegurança por parte dos professores, que têm de lidar com o desrespeito e a indisciplina dos alunos, tornando o aprendizado difícil. Em geral, são profissionais em início de carreira, o que leva a muitos a se sentirem desprestigiados e a abandonarem o magistério, perdendo, com isso o Estado, muitos talentos.

Não se pode negar que haja, em algumas escolas, problemas graves de indisciplina, e até violência. Mas, esse não é e não pode ser o parâmetro para julgarem a escola pública. Quando explode na mídia um caso extremo, ficamos todos, os professores que lidamos no dia a dia de nossas escolas, extremamente incomodados com a repercussão e com a visão deturpada que esse tipo de reportagem passa para a comunidade. É, sim, uma queixa que temos com relação à midia, que despreza os pontos positivos, para destacar os pontos negativos, sem nos ouvir em relação aos problemas, que são muitos, e nem sempre ligados àquilo que é publicado. É mais fácil fotografar e filmar uma escola em péssimas condições do que discutir com a categoria problemas relacionados às condições de vida e de trabalho que nos atormentam diariamente.


Enfim, nós, professores lutamos por dignidade, palavra talvez difícil de ser explicada, mas que resume nossa luta não só por melhores salários, mas também, e principalmente, por melhores condições de trabalho; por escolas adequadas, higiênicas, acolhedoras; por cursos periódicos de reciclagem e atualização; pela preparação mais cuidadosa dos gestores e orientadores pedagógicos; por currículos adequados à realidade do aluno e de suas necessidades futuras; por mais transparência e participação nas decisões que afetem a categoria e o próprio ensino. Em vez de defender o aprisionamento de jovens e a construção de mais cadeias, pregamos a necessidade de investir no ensino, na educação como um todo, como a única forma de tornar o País realmente desenvolvido. Pois, como já dizia Pitágoras, "eduquemos as crianças e não será necessário punir os homens".



(*)Sistema de Avaliação de Rendimento Escolar do Estado de São Paulo


PS. Espero que publiquem