FÍSICA SEM EDUCAÇÃO

A única maneira de fazer o Brasil progredir é com educação, informação e caráter.

quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Planeta de diamante orbita um pulsar


A cosmologia é uma área da física fascinante! Eu gostaria que todo mundo se deslumbrasse com o universo tanto quanto eu, mas infelizmente não é assim que funciona. Temos que começar a popularizar o ensino da física e da astronomia, assim, peguei esse artigo do meu professor de faculdade Angelo Rober Pulici no seu site http://cosmonovas.blogspot.com.

O texto foi adaptado:

Os cientistas acharam um planeta que acreditam ser feito de diamante, ele possui um peso/densidade enorme e é composto basicamente de carbono que pode ser transparente, ou seja, de cristal. Ele gira ao redor de uma estrela de nêutrons a cada duas horas e está a 4 mil anos –luz de distância, ou seja, se você viajar a aproximadamente 300.000 km por segundo, vai demorar 4 mil anos pra chegar lá.

O planeta é provavelmente, os restos mortais de uma grande estrela que virou um pulsar (estrelas de nêutrons mortas que giram centenas de vezes por segundo e emitem feixes de luz, como se fosse um farol).
Após observações e cálculos perceberam que esse planeta gira em torno de sua estrela, popularmente chamada de pulsar, batizada como J1719-1438, a cada 2 horas e 20 minutos e é um pouco maior que Júpiter, mas 20 vezes mais pesado (denso), há também uma possibilidade de haver oxigênio no planeta.

Agora vamos refletir, imaginem um planeta, maior que Júpiter feito de diamante, parece filme de ficção científica. Para mais detalhes acessem o site citado no começo do texto.


terça-feira, 30 de agosto de 2011

FÍSICA SEM EDUCAÇÃO: FANTÁSTICO DISCUTE COMO COMBATER VIOLÊNCIA NAS ESC...

FÍSICA SEM EDUCAÇÃO: FANTÁSTICO DISCUTE COMO COMBATER VIOLÊNCIA NAS ESC...: Na edição da revista eletrônica de ontem (28/08), do Fantástico abordou e relembrou casos recentes de violência dentro das escolas e questio...

FANTÁSTICO DISCUTE COMO COMBATER VIOLÊNCIA NAS ESCOLASO

Na edição da revista eletrônica de ontem (28/08), do Fantástico abordou e relembrou casos recentes de violência dentro das escolas e questiona: qual é a melhor maneira de levar a paz de volta às salas de aula?

Ontem o fantástico foi colocado o tema da violência em sala de aula e nas escolas, será que só agora isso foi percebido. A boa noticia é que “onde a Globo se mete a coisa caminha”, então será que agora vamos poder contar com a força e ajuda da mídia. Eu tenho esperanças, não só em relação à violência, mas também em relação a educação, afinal, uma coisa leva a outra.
Muitas vezes vi casos de violências e malcriações, principalmente, temos um estatuto que está a favor da criança, mas também temos leis que nos protegem e a maioria dos professores desconhece isso. A criança não pode ser responsabilizada, mas os pais podem e devem e o que eu vejo é a lei do “deixa quieto”. Por exemplo, reuniões de pais, geralmente, os pais presentes são os dos alunos “bons”, aqueles pais que realmente deveriam estar nas reuniões não aparecem, mas, reunião de pais, que eu saiba, é convocação, e, quando sou convocada, sou obrigada a ir, quer queira ou não, então porque os pais não aparecem e não dão satisfações?
Simplesmente, porque não sofrem nenhuma conseqüência por não comparecerem, então vamos começar a agir, fazer com que o conselho tutelar tome atitude, pelo menos nos casos mais sérios. O aluno respondeu, agrediu? Existe uma lei sobre o desacato a funcionário público, se ele não pode responder processo por serem menores de idade, os pais ou responsáveis podem e devem ser responsabilizados. A escola não é responsável pelas atitudes do aluno e sim pela sua formação, e junto com os pais. A lei existe e precisa ser colocada em prática, afinal de contas, quando é para proteger o aluno ela funciona.
Concordo com o fato dos professores estarem cansados, desestimulados com tudo o que NÃO VEM acontecendo, mas precisamos reagir e essa reação é procurando nossos verdadeiros direitos e usando a lei a nosso favor, pois sempre há uma saída. Claro que existem casos muito sérios, principalmente nas periferias, que não se tem como fazer nada, pois se tomarmos alguma atitude é pior, mas vamos começar a fazer pelo que tem jeito. As coisas não mudam do dia pra noite, podem levar anos, décadas, mas temos que começar, o que não podemos é ficar sem fazer nada, cabe a cada um a sua parte. Quero um mundo melhor para minha filha e do jeito que a coisa anda, a tendência é ficar cada vez pior, então a minha parte eu estou fazendo e vou fazer, cabe a cada se conscientizar e fazer a sua.

segunda-feira, 29 de agosto de 2011


Conhecido da garotada pelas vinhetas e desenhos exibidos no canal Nickelodeon, Jimmy Nêutron é um garoto super inteligente, alegre, esperto e divertido que tem como maior diversão criar as mais fantásticas invenções. O personagem ganha agora a sua primeira aventura em longa-metragem – Jimmy Nêutron - O Menino Gênio – que estréia neste final de semana em todo o Brasil, rivalizando com outro desenho de qualidade: A Era do Gelo.

Bastante simples, a trama fala dos apuros em que Jimmy se mete quando se vê obrigado a resgatar os próprios pais, seqüestrados por extraterrestres. E para isso, ele vai lançar mão de seus inventos mirabolantes.

Jimmy Nêutron é assumidamente um desenho direcionado para o público infantil (principalmente o masculino), sem maiores pretensões de conquistar o mercado adulto. Seu roteiro é ágil, simples e ao mesmo tempo divertido e até certo ponto ingênuo. O personagem é carismático, já que subverte o clichê do chamado “CDF”: mesmo super inteligente e conhecedor de física, Jimmy é uma criança extrovertida e engraçada, não usa óculos pesados e tem uma hiperatividade própria de sua idade. O resultado é um desenho que – se não é genial como Jimmy – pelo menos entretém e diverte com qualidade.

Jimmy Nêutron - O Menino Gênio é o azarão na próxima festa do Oscar, quando concorrerá ao lado de Shrek e Monstros S.A. ao prêmio de Melhor Animação de Longa-Metragem. Fonte: http://cinema.cineclick.uol.com.br/criticas/ficha/filme/jimmy-neutron-o-menino-genio/id/526
Coloquei essa reportagem porque é muito importante essa divulgação, o Jimy é um garoto que foje do estereótipo de garoto nerd que todos temos, o físico não é esquisito, ele só gosta de física e é muito inteligente. É muito importante que as crianças comecem a ver esse lado. Eu adoro o desenho do Dexter, mas ele tem o estereótipo de nerd, os óculos e etc., já o Jimmy não... Adorei isso e o Dexter que me perdoe, eu continuo adorando ele também.
Hoje estive na USP e foi muito proveitoso, e percebi que o ensino da física e de todas as outras disciplinas depende de como vamos fazer essa história, afinal de contas, estamos na direção e ó depende dos professores que essa mudança aconteça, como eu disse no artigo do dia 05/08/011.




sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Decodificar desde a infância

Primeiro passo é preparar o aluno pro ensino de física, o professor do ensino fundamental deve começar a relacionar coisas do cotidiano na ciência, como uma brincadeira. Pular corda, jogar bola e acertar o gol. O o chute e muitas brincadeiras que deveriam ser relacionadas com a ciência, mostrando o lado da brincadeira, do conceito.
A física deixa de ser interessante quando olhamos a matemática e as fórmulas somente, quando aquilo faz parte do nosso cotidiano a coisa deixa de ser chata, mas desde a infância.

Quando entramos em contato com crianças do ensino fundamental, começamos a mostrar o lado alegre da física, como poderíamos jogar um bumerangue, equilibrar num balanço e a rapidez daquilo para que a brincadeira se torne algo investigativo. A ciência faz parte de nosso cotidiano, mas isso não deve ser mostrado somente no ensino médio, como é feito hoje.
Tive contato com uma família, onde a mãe era brasileira, o pai espanhol e morava na Inglaterra, o seu filho, de apenas cinco anos falava nos três idiomas, claro que não era fluente, mas posteriormente iria aprender os três, agora imagina você entrar em contato com um adolescente e dizer que ele tem que falar inglês e espanhol e tem que ir para uma escola para que estude os dois, a maioria deles vai achar entediante. A não ser que a coisa seja embutida na cabeça deles desde pequenos...

Se quando aprendêssemos a ler e escrever, fosse ensinado essas duas línguas, a maioria seria bilíngue. E isso se dá também no ramo da ciência, devemos desde cedo introduzir a curiosidade cientifica. Porque não cientifica?
Na escola, entro em contato com crianças que reclamam, geralmente da matemática, mas nem a matemática e nem a física tem culpa disso, os culpados são os professores, desde muito tempo atrás, que só sabe impor os números sem ensinar o porquê daquilo e a importância na sua vida de saber determinada coisa.

O ensino da física e da matemática não deve ser algo imposto e sim uma conquista, como tudo na nossa vida. O que acontece hoje é que a física, que começa no primeiro ano do ensino médio, também restringiu aos fatos do cotidiano, não acho que esteja errado, mas a física deixou de ser aplicada junto com a matemática, nas apostilas hoje é colocada só algumas fórmulas, e a grande vilã vai continuar sendo a matemática, não se explica ao aluno o porquê de determinadas fórmulas.
Acredito que existe um meio de tornar a física interessante, mostrar a verdadeira física, mas sem abrir mão da matemática, pois elas fazem o conjunto. Como vamos explicar a Lei de Coulomb sem o uso da matemática? As coisas têm que ter nomes, cada uma tem um nome, cada objeto tem um nome, aliás, objeto chama objeto, então porque não mostrar isso? A matemática tem uma linguagem própria e essa linguagem tem que ser aprendida. São códigos que tem que ser aprendido e é pra isso que pretendo aprimorar meu conhecimento, para ensinar o aluno a decodificar a linguagem física/matemática.




terça-feira, 23 de agosto de 2011


"Todo mundo 'pensando' em deixar um planeta melhor para nossos filhos...
Quando é que 'pensarão' em deixar filhos melhores para o nosso planeta?"

Essa pergunta foi a vencedora em um congresso sobre vida sustentável.

Passe adiante!

Cálculo Mental ou "computacional"





Ponto de Vista de Gonçalo Margall é diretor da Sapienti, empresa pioneira no segmento de Tecnologia Educacional.
Transformar uma sala de aula tradicional em um ambiente multimídia só produz os resultados esperados – alunos que aprendem mais e melhor – quando, em paralelo, acontece o mais importante: investir no professor, investir no professor e investir no professor.

É muito válido o uso da tecnologia, eu mesmo utilizo muito. Só que alunos não sabem utilizar de uma forma racional, tanto é que crianças e adolescentes necessitam de regras, pois cabe aos pais orientá-los entre o certo e o errado, pelo menos deveria, mas em muitos casos não é o que acontece.
No caso de alunos, desde que foi incorporado a calculadora, o aluno tem uma deficiência muito grande para realizar contas, a nova geração está se habituando ao “tudo fácil”. A meu ver, cérebro é um músculo, e precisa ser trabalhado e desenvolvido e, infelizmente, não é o que está acontecendo, pelo menos nas escolas que lecionei e leciono o aluno não sabe a tabuada, fazer contas básicas e não querem aprender, pois não precisam, ou seja, o cérebro não tem o costume de resolver nada. A tecnologia é muito importante, mas depois de ser ensinados os outros valores. No ensino fundamental é um absurdo o uso de calculadora. Nas apostilas do Estado é incorporado, mas quando vão realizar um exame do ENEM, SARESP, Prova Brasil, Olimpíadas, Vestibular, concurso e etc. eles não podem utilizar, resumindo, não sabem realizar cálculos e simplesmente marcam alternativas que escolhem ao acaso.
A tecnologia deve ser ensinada e aprendida, mas na hora certa, primeiro precisamos mostrar a origem dessas tecnologias, a história, o fundamento e a utilização deveriam vir depois de ser adquirido o conhecimento e a maturidade para que utilizem como ferramenta de conhecimento e não com bate papos somente, pois é exatamente o que anda acontecendo. Esta realidade de um ambiente multimídia é utópica, quando se refere a alunos de escolas públicas, afinal, ainda não foi ensinado o discernimento necessário e a escola pública tem que fazer coisas muito mais urgentes antes de incorporar a tecnologia dentro da sala de aula. As escolas têm salas tem informática e os alunos, pelo menos nas escolas em que freqüento, utilizam e gostam e acho muito interessante esse aprendizado, mas em algumas aulas, não o tempo todo, pois o aluno tem que criar, fazer redação, fazer operações, escrever e etc e tudo isso com as próprias mãos e criatividade, não com a utilização de um computador, pois isso vai fazer com que deixem de utilizar outros métodos que são tão importantes quanto para seu aprendizado e aprimoramento.




segunda-feira, 22 de agosto de 2011

E com vocês....CARL SAGAN

Texto extraído do blog...


http://albertoprass.blogspot.com/2011/08/entrevista-carl-sagan-certeza-me.html

O autor da série de televisão "Cosmos" prefereos excitantes mistérios do Universo às verdades que jazem em livros empoeirados
Selma Santa Cruz


Quando tinha 8 anos de idade, Carl Sagan brincava nos terrenos baldios do bairro do Brooklin, em Nova York, onde nasceu, e se imaginava um herói. Olhos voltados para o céu, sonhava repetir as façanhas do aventureiro John Carter, o personagem de Edgar Rice Burroughs que pousava em Marte e lá descobria lindas princesas, guerreiros impiedosos e animais de 3 metros de altura. Aos 10 anos, fascinado pelas luzes que via brilhar no firmamento, Sagan foi à livraria da esquina e pediu um livro sobre estrelas. Deram-lhe um, com fotos de famosas atrizes de Hollywood. Hoje, com 46 anos, tornou-se ele próprio um astro de televisão com sua série "Cosmos", uma fascinante e didática viagem pelos mistérios do Universo, cujo primeiro de treze capítulos estreou neste domingo no Brasil, transmitido pela TV Globo, depois de vista por dezenas de milhões de telespectadores em todo o mundo.
Astrofísico, professor de Astronomia e Ciências Espaciais na Cornell University, no Estado de Nova York, autor de doze livros, entre eles "Cosmos", produzido paralelamente à série de TV, o cientista Sagan revelou-se uma espécie de mago da ciência, um envolvente e acessível expositor de temas intrincados, nessa série que lhe custou três anos de trabalho exaustivo, devorou um orçamento de 8,5 milhões de dólares bancados por três emissoras de TV* e foi filmada em doze países diferentes. Ao longo de seus treze capítulos - a Globo vai apresentar um capítulo por mês -, "Cosmos" presenteia o espectador com setenta seqüências com efeitos especiais que simulam à perfeição as aventuras das viagens interplanetárias das melhores super-produções de Hollywood. Mais importante que isso, traça um painel da saga humana num universo interpretado à luz da ciência e da emoção. Em Cornell, Sagan deu esta entrevista a VEJA:
VEJA - As civilizações antigas eram mais fascinadas pelo Universo que o homem moderno. Não é um paradoxo?SAGAN - Os antigos viviam a maior parte do tempo ao ar livre. Nós vivemos confinados entre concreto, vidros e metais - e não olhamos com freqüência para o céu. Tornamo-nos alienados da natureza, e isso é extremamente perigoso.
VEJA - Então, qual a razão do sucesso do livro e da série "Cosmos" para a televisão?SAGAN - Especular sobre o Universo é um traço humano fundamental, sempre foi. Vivemos um período em que as interrogações surgidas da especulação têm respostas com rigor científico. Isso é fascinante do ponto de vista intelectual e também o é do ponto de vista emocional, porque se relaciona com o que somos, de onde viemos e para onde vamos. Considero-me um privilegiado por espalhar essa mensagem.
VEJA - É sempre possível tornar a informação científica acessível e atraente, mesmo quando se refere a questões sabidamente complicadas?SAGAN - É do interesse do cientista popularizar a ciência, mas deveria ser também um prazer. A maioria dos cientistas escolheu essa profissão porque ama a ciência. Um poeta geralmente gosta de recitar seus poemas - e creio que o mesmo deve ocorrer com um cientista. Mas, desde os tempos de Pitágoras, há cientistas que consideram a ciência algo destinado às elites. Essa é uma noção perigosa, em grande parte responsável pelo desinteresse popular. Ciência é um prazer, uma alegria. Além do mais, sabemos que a maior parte da pesquisa científica é financiada por verbas públicas. Por isso, ela tem o dever de voltar ao público não apenas em forma de benefício mas também em forma de conhecimentos.
VEJA - No entanto, o senhor se opôs ao programa Apollo, que levou o homem à Lua. Por quê?SAGAN - O programa Apollo não era um programa científico, mas político. Foi a resposta americana ao vôo orbital do soviético Iuri Gagarin, em 12 de abril de 1961, e ao fiasco da tentativa de invasão da baía dos Porcos, em Cuba, ocorrida cinco dias depois. Kennedy disse que queria pôr um homem na Lua e fazê-lo retornar com segurança, até o fim da década. Ele não disse que queria entender a origem da Lua até o fim da década. Tanto isso é verdade que o primeiro cientista a pisar na Lua foi também o último. E mais: o programa foi cancelado exatamente quando começou a fazer progressos científicos. Por isso - e pode parecer paradoxal - fui contra o início do programa e contra o seu fim. No início, porque era contra os vôos tripulados, muitíssimo mais dispendiosos. Sai incrivelmente mais barato enviar uma nave não tripulada para se obter os mesmos resultados científicos.
VEJA - O governo americano tem reduzido sistematicamente as verbas para programas espaciais. O senhor vê nisso um acerto, tendo em vista que há problemas dramáticos a resolver aqui mesmo na superfície do planeta?SAGAN - Os governos devem ter metas de curto e de longo prazo. Se nos preocuparmos apenas com as de curto prazo, estaremos sendo tolos. Essa redução de verbas é um erro e nos criará dificuldades para resolver os problemas que surgirão no começo do século XXI. Isso é particularmente importante para países como o Brasil, que terá um papel cada vez mais importante na cena internacional.
VEJA - O senhor tem uma visão otimista da capacidade da ciência para resolver os problemas da vida. Ao mesmo tempo, costuma alertar para a tendência à autodestruição das civilizações que atingem certo grau de evolução. Quem vencerá?SAGAN - Estamos numa fase crítica porque, pela primeira vez, dispomos de meios para a destruição da espécie humana. Veja bem, "ciência" é apenas uma palavra latina que quer dizer "conhecimento". A vida no planeta vai depender muito mais, nas próximas décadas, da política que da ciência. São pouquíssimos os países que podem tomar decisões sem afetar os demais. Veja, por exemplo, a questão do desflorestamento da bacia amazônica. Não se trata de um problema apenas brasileiro, mas tem implicações globais - e não necessariamente negativas. Ha indícios de que o desflorestamento pode ter aspectos positivos, como um maior resfriamento do planeta, o que eventualmente compensaria o aquecimento provocado pela queima de combustíveis fósseis.
VEJA - O senhor considera a ameaça nuclear mais séria para a sobrevivência do planeta que o lento processo de alteração do meio ambiente?SAGAN - O que mais preocupa, sem dúvida, é a ameaça de uma guerra nuclear. Neste momento, 15 000 ogivas nucleares estão direcionadas para atacar cidades da Europa Ocidental, da União Soviética e dos Estados Unidos. Uma única dessas armas tem o potencial de destruição de todas as bombas detonadas durante a II Guerra Mundial. Estamos literalmente sentados sobre um barril de pólvora.
VEJA - O senhor é criticado por outros cientistas quando defende a possibilidade de vida em outros planetas. A descoberta da inexistência de micróbios em Marte alterou suas convicções?SAGAN - Essa questão é extremamente importante. Estamos sozinhos no Universo ou há outros seres? Existem micróbios em outros mundos? E vida inteligente? Não há respostas fáceis, não basta pousar uma vez em Marte para se saber se existem por lá uns seres esverdeados ou não. Como poderíamos, hoje, concluir que não há vida no resto do Universo, se existem 400 bilhões de sóis apenas na Via-Láctea, a galáxia em que está a Terra, e se há pelo menos mais 100 bilhões de galáxias além da nossa? A química que produz a vida é reproduzida facilmente por todo o cosmos. Por que então seríamos tão privilegiados? O Universo é três vezes mais velho que a Terra; deve haver, portanto, lugares em que houve mais tempo para a evolução biológica que em nosso planeta. Parece improvável que sejamos os únicos seres inteligentes. É possível, mas é improvável.
VEJA - Por que nem todos concordam que a exobiologia - que pesquisa a vida extraterrestre - seja uma ciência?SAGAN - É uma ciência e não uma especulação porque podemos fazer algo concreto para obter respostas. Podemos enviar espaçonaves a outros mundos e mesmo em Marte creio que não está totalmente excluída a possibilidade de existir vida microbiológica. Também podemos usar imensos radiotelescópios para captar sons e, eventualmente, mensagens de outros mundos. Mesmo que essa busca, por muito tempo, e por vários mundos, leve à conclusão de que não há vida, não teremos perdido nosso tempo. Teremos, pelo contrário, descoberto algo muito importante: que a vida, como a conhecemos, é raríssima, talvez única. Isto, em si, é uma resposta preciosa. E, afinal, se não encontrarmos sinais de vida no Universo é ainda possível supor que civilizações inteligentes se tenham destruído antes de chegar à capacidade tecnológica de comunicação interplanetária - algo como o que nos preocupa no momento em relação à Terra.
VEJA - As pessoas comuns desconfiam dos cientistas?SAGAN - A ciência gerou quase todas as facilidades da vida moderna e melhorou consideravelmente a condição da existência humana, mas criou também os instrumentos para a destruição em massa. Desde criança, vemos na figura do cientista aquele estereótipo do maluco e é fácil culpá-lo pelo desenvolvimento de armas atômicas. Mas o emprego dessas armas está nas mãos dos políticos e dos militares, e a eles devemos dirigir nossas preocupações. Além disso, a ciência lida com o mundo como ele é e não como gostaríamos que fosse. Um exemplo desse conflito é o debate entre o evolucionismo darwiniano e a teoria bíblica da criação. É cômoda a idéia de que o mundo foi criado há 6 000 anos por um deus benigno e que tudo se passou exatamente como descreve o livro do Gênesis. Ocorre que os fatos não correspondem a essa versão e as pessoas muito apegadas à Bíblia têm uma razão adicional para desconfiar da ciência. Temos que lidar com o mundo real e não com uma história velha que era ciência para os babilônios, não para nós.
VEJA - Esse conflito entre religião e ciência é incontornável?SAGAN - Algumas religiões são mais resistentes que outras às descobertas científicas. Nada exclui a possibilidade de o Universo ter sido criado há 15 bilhões de anos por alguma divindade que se aposentou desde então, já que não há evidência de intervenção divina na história mais recente. A idéia de um Deus remoto, passivo, é certamente possível, não deve ser excluída. Mas o papel da religião não é fazer ciência, é esclarecer as relações entre os seres humanos, ajudar-nos a entender nossas obrigações morais. Muitos dos escritos religiosos são literatura do mais alto nível e merecem ser estudados sob esse prisma. Não há conflito entre religião e ciência, se cada um fica em sua área.
VEJA - O senhor adota um tom quase religioso quando fala dos mistérios do Universo. Como encara esses mistérios que a ciência não explica?SAGAN - O Universo é algo que gera reverência, respeito. Em termos de tempo e espaço, sua escala torna a existência humana microscópica. É fascinante que as leis da natureza sejam as mesmas em todo o cosmos. A lei da gravidade, por exemplo, funciona aqui como a 1 bilhão de anos-luz de distância. Olhemos para cada detalhe, mínimo que seja, como para uma folha, e veremos que sua perfeição e harmonia são deslumbrantes. Creio que a folha resulta do processo de seleção natural, indicado por Darwin, ao longo de quase bilhões de anos de evolução da vida na Terra. Se olhamos essa mesma folha através de um microscópio, ficamos ainda mais maravilhados. Se alguém quer chamar esse sentimento de religioso, isso não me incomoda.
VEJA - O senhor acredita que o homem um dia poderá viver fora da Terra?SAGAN - Sim, se não provocarmos a destruição do planeta nos próximos cinqüenta ou 100 anos. No futuro poderemos construir um novo mundo para viver, feito de material coletado no próprio espaço - um novo planeta que orbitasse em torno do Sol, por exemplo. Os espíritos irrequietos sempre tiveram, ao longo da história, a necessidade de abrir novas fronteiras. Dentro de cinqüenta anos, as migrações interplanetárias poderão ser tecnologicamente realizáveis. Também seria tecnologicamente possível alterar o ambiente de planetas existentes para que pudessem acomodar a vida humana.
VEJA - Com a série "Cosmos", o senhor se tornou uma celebridade. Como um cientista convive com isso?SAGAN - É muito difícil lidar com a fama e só agora entendo por que jovens de 20 anos entram em colapso com ela. Já que aconteceu comigo, tanto melhor que seja agora, e não quando eu era mais jovem.
VEJA - Até que ponto a série de televisão criou interesse popular pela ciência e pelos mistérios do Universo?SAGAN - Até o final de 1983, a série terá sido vista por 150 milhões de pessoas em países tão diversos como Zâmbia, Hungria, Arábia Saudita, Romênia e Brasil. O livro "Cosmos" está na lista dos dez mais vendidos em dezenas de países e, só nos Estados Unidos, vendeu 250 000 exemplares. Já fornecemos material de projeção para 450 planetários em todo o mundo. Mas o que mais me impressiona são as cartas: já recebi mais de 10 000.
VEJA - O senhor sentiu falta do trabalho de pesquisa científica enquanto estava ocupado com o projeto Cosmos?SAGAN - Tirei dois anos e meio de licença da Cornell University para trabalhar no projeto Cosmos e também no projeto Voyager, da NASA, para o qual fiz análises de imagens enviadas de Júpiter e Saturno, razão pela qual não fiquei totalmente afastado da pesquisa. Embora goste muito de popularizar a ciência, gosto mais ainda de fazer ciência e estou satisfeito por voltar a Cornell, aos laboratórios e às salas de aula. Sinto que tenho de novo os pés no chão, depois de tanto tempo flutuando em Hollywood.
VEJA - De volta à pesquisa, o senhor sente alguma frustração pelo fato de que, na Astronomia, quanto mais se descobre mais resta a descobrir?SAGAN - De modo algum. Isso é muito mais excitante que aprender tudo sobre um assunto e colocar o conhecimento de lado, num livro empoeirado. O mistério me excita, a certeza me aborrece. Em ciência, cada avanço importante levanta mais questões que as que resolve. As duas últimas décadas foram extremamente ricas: examinamos vários novos mundos de perto. Voamos próximo de alguns e pousamos em três - a Lua, Marte e Vênus. Isso é um salto inimaginável na história humana. Nossos antepassados olhavam para os planetas como para pontos de luz. Nós os conhecemos como mundos, lugares para os quais podemos viajar.
VEJA - O senhor entende que a exploração do espaço, nas duas últimas décadas, já deu frutos importantes, ou eles só aparecerão no futuro?SAGAN - Já fizemos muitas conquistas. Os satélites meteorológicos representam uma enorme economia ao anunciar tempestades e furacões. Os satélites de comunicações, que permitem a ligação telefônica e a transmissão de imagens de televisão entre os continentes, são um avanço extraordinário. Os satélites de reconhecimento militar têm um efeito altamente estabilizador na política internacional, pois com eles é praticamente impossível uma potência surpreender a outra - o que diminui a possibilidade de guerra.
VEJA - Que projetos ocuparão o tempo do senhor daqui para a frente?SAGAN - Sempre faço muitas coisas ao mesmo tempo porque uma atividade relaxa a tensão da outra. Continuo a analisar o material das missões Voyager a Júpiter e Saturno. Estou também envolvido com programas de captação de sinais de outras civilizações através de radiotelescópios. E começo a escrever um novo livro, "Contact", e um roteiro com o mesmo nome para um filme que será rodado pela Columbia Pictures. Trata-se de um trabalho de ficção, que só pretendo concluir daqui a dois anos.
VEJA - Como será essa história?SAGAN - É um romance de idéias, no qual pretendo mostrar que o cientista é uma pessoa comum. A história começa com o recebimento de uma mensagem complexa, enviada por outra civilização no espaço, e narra os esforços para decodificá-la. Surgem reações de áreas políticas e religiosas. Não posso dar mais detalhes. O resto é mistério.
VEJA - Que áreas da ciência o senhor acha que evoluirão mais sensivelmente nos próximos anos?SAGAN - Parece claro que há um potencial enorme nas áreas da Biologia Molecular, da Engenharia Genética, da Astronomia e da Astrofísica. É importante que a ciência avance em muitos campos ao mesmo tempo porque ela, como a natureza, é um todo. Dividimos o estudo em disciplinas por conveniência, mas o entendimento do Universo pressupõe avanços em todas as direções do conhecimento humano.
*A KCET, emissora educativa de Los Angeles, a BBC de Londres e a Polytel International, da Alemanha Ocidental.




http://veja.abril.com.br/especiais/35_anos/ent_sagan.html

domingo, 21 de agosto de 2011

Não existe segredo pra ensinar, existe MOTIVAÇÃO


A proposta pedagógica do Estado de São Paulo não está errada, o problema é como realizar tudo aquilo, sendo que a realidade é muito diferente do que se tem nos papéis, que só servirão pra acumular mais lixo. Só espero que eles reciclem depois, porque o que acontece com aqueles caderninhos que damos aos alunos é exatamente isso. JÁ ESTÁ NA HORA DE PARAR DE NOS ENGANARMOS. Para mudar essa realidade precisamos começar a agir, começar a ensinar e fazer os alunos se interessarem, mas a grande questão é: COMO?

Enquanto o nosso governo investe milhões em livros, em mais escolas técnicas e de inglês, que tal começar a melhorar o que temos? Que tal fazermos com que as crianças valorizem tudo isso que já está sendo oferecido?
Não estou dizendo que não é válido esse investimento, claro que é, mas não adianta colocarmos mais ferramentas se não ensinamos a utilizar e valorizar tudo isso, é a mesma coisa de entregarmos um computador para um pedreiro que nunca teve acesso a tecnologia e exigir que ele faça um projeto, envie aos órgãos competentes e depois de avaliado e aceito ele vai poder arrumar a pia da sua casa ou a parede e etc., claro que ele não vai saber como fazer.
Para exigirmos isso, temos que começar, muitas vezes alfabetizando, estimulando e oferecendo cursos gratuitos e de qualidade, pra que ele se interesse e siga em frente, é como eu sempre digo exigir é fácil.

O ensino de física está completamente “falido”, porque a curiosidade científica está “falida” (não só a científica). Muitos alunos me perguntam por que aprende física, a minha resposta é a infinidade de tecnologias que são apresentadas no mercado e das quais eles tem acesso, só que eles não se interessam, afinal por que se interessariam? O mundo deles é um mundo das coisas prontas, do apertar botões e muitas vezes, nem apertam, simplesmente, tocam na tela. Será que adianta apresentar propostas de como ensinar?

Não precisamos aprender a ensinar, afinal, isso todo ou quase todo professor sabe, precisamos incentivar os alunos a aprender e para que as nossas idéias do que é ensino seja colocada em prática, precisamos que o governo nos valorize como seres humanos pensantes, valorizando nossas idéias e nossos conteúdos, valorizando nosso trabalho. Querem melhorar o ensino? Invista no professor, dê autonomia pra que acreditemos na nossa capacidade, é assim que vamos nos motivar, e é assim que vamos motivar o aluno, afinal, como a alegria, a motivação também é contagiante. Professor motivado, incentivado e confiante, motiva, incentiva e passa confiança ao aluno e também exemplo.


sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Até que enfim alguém que tem a coragem de falar, porque concordar todo mundo concorda!!!!

PRECISAMOS DE EDUCAÇÃO DIFERENTE DE ACORDO COM A CLASSE SOCIAL
NASCE UMA LEI – A sugestão que fiz em VEJA recebeu grande acolhimento e deu origem a dois projetos de lei, de autoria dos deputados Edmar Arruda e Ronaldo Caiado, que já chegaram à Comissão de Educação da Câmara, na qual serão relatados por Lelo Coimbra (Eraldo Peres/AP)

No fim do artigo do mês passado, lancei aos nossos congressistas uma sugestão: que façam uma lei determinando que toda escola pública coloque uma placa de boa visibilidade na entrada principal com o seu Ideb. A lógica é simples. Em primeiro lugar, todo cidadão tem o direito de saber a qualidade da escola que seu filho frequenta. Hoje, esse dado está “escondido” em um site do Ministério da Educação. É irrazoável achar que um pai que nem sabe o que é o Ideb vá encontrar esse site. Já que o dado existe e é de grande relevância para a vida do aluno e de sua família, não vejo nenhuma razão pela qual ele não seja divulgado para valer. Em segundo lugar, acredito que essa divulgação pode colaborar para quebrar a inércia da sociedade brasileira em relação às nossas escolas. Essa inércia está ancorada em uma mentira: a de que elas são boas. Os pais de nossos alunos, tanto das instituições públicas quanto das particulares, acham (em sua maioria) que a escola de seus filhos é muito melhor do que ela realmente é (em outra oportunidade falarei sobre as escolas particulares). Não é possível esperar uma mobilização da sociedade em prol da educação enquanto houver esse engano. Ninguém se indigna nem se mobiliza para combater algo que lhe parece estar bem. E não acho que seja possível a aprovação de qualquer reforma importante enquanto a sociedade não respaldar projetos de mudança, que hoje são sempre enterrados pelas pressões corporativistas.

A sugestão desencadeou dois movimentos rápidos, enérgicos e antagônicos. Por um lado, houve grande acolhimento da ideia entre os reformistas. Ela deu origem a dois projetos de lei no Congresso, dos deputados Edmar Arruda e Ronaldo Caiado, que já chegaram à Comissão de Educação da Câmara, na qual serão relatados por Lelo Coimbra. Já foi aprovada como lei municipal em Teresina, em projeto de Ronney Lustosa, e tramita como lei estadual no Piauí e em Mato Grosso. Está em discussão em outras cidades, entre elas São Paulo, onde o vereador Floriano Pesaro e o secretário de Educação, Alexandre Schneider, desenvolvem o projeto de lei. Depois que lancei a ideia nas páginas de Veja, vários veículos de mídia já a apoiaram: a Folha de S.Paulo, o Grupo RBS, o Grupo ORM e o jornal O Globo. Nizan Guanaes cedeu o talento do seu Grupo ABC para trabalhar na formatação gráfica e na normatização da placa.

Ao mesmo tempo, a proposta vem sofrendo resistências. As críticas são interessantes: escancaram uma visão amplamente difundida sobre os nossos problemas educacionais que não podemos mais ignorar ou tentar contornar. Precisam ser endereçadas. São compartilhadas por gente em governos, na academia, por jornalistas e ongueiros. É uma mistificação inclusiva, que acolhe pessoas de todas as idades, geografias, níveis de renda e intelectual.

Anderson Schneider
A MISTIFICAÇÃO de que, para o aluno pobre, o objetivo principal é estar na escola e de que aprender é um bônus precisa ser combatida

Disporia essa visão em três grupos, que postulam o seguinte: 1. para o aluno pobre, o objetivo principal é estar na escola; se aprender, é um bônus; 2. a finalidade da escola deve ser o bem-estar do professor; 3. é impossível esperar que o aluno pobre, que mora na periferia e vem de família desestruturada, aprenda o mesmo que o de classe média ou alta. Claro, ninguém diz isso abertamente, mas é o corolário do seu pensamento. Vejamos exemplos.

Grupo 1: o secretário da Educação do Rio Grande do Sul, José Clovis de Azevedo, declarou, em evento oficial em que falou como palestrante, a respeito de uma escola que tem o mais baixo Ideb de uma cidade da Grande Porto Alegre, que “o importante dessa escola não é o Ideb, mas o fato de ser uma escola inclusiva”, pois recebe alunos de áreas de baixa renda etc. Essa é apenas uma manifestação mais tosca e descarada de um sentimento que você já deve ter encontrado em uma roda de conversa quando, por exemplo, alguém defende a escola de tempo integral porque tira a criança da rua ou do contato com seus amigos e familiares. É como se os pobres fossem bárbaros e a função da escola fosse civilizar a bugrada. O próprio MEC utiliza o conceito de “qualidade social” da educação, em contraposição a “qualidade total”, esta última representada pelo apren-dizado dos alunos. Não conheço nenhuma definição acurada e objetiva do que seria essa “qualidade social”, então utilizo a de um site da UFBA: “A Qualidade Social da Educação Escolar, para o contexto capitalista global em que se encontram nossas escolas, diz respeito ao seu desempenho enquanto colaboradora na construção de uma sociedade mais inclusiva, solidária e justa”. A minha visão de educação é de que a inclusão social se dará justamente por meio do aprendizado dos conteúdos e das competências de que esse jovem precisará para ter uma vida produtiva em sociedade: todas as pesquisas indicam que gente mais (e bem) instruída recebe maiores salários, e é através desse ganho de renda que as populações marginalizadas se integrarão aos setores não marginalizados da sociedade e romperão o ciclo secular de pobreza e exclusão. Acho criminoso contrapor essa “qualidade social” ao aprendizado ou usá-la como substituição deste, porque sob nenhuma condição o ignorante e despreparado poderá triunfar no mundo real. Muitos educadores acham que seu papel é suprir as carências – de afeto, higiene, valores de vida etc. – manifestadas pelos alunos. Podem não conseguir alfabetizá-los ou ensinar-lhes a tabuada, mas “a educação é muito mais que isso”, e há uma grande vantagem: o “muito mais que isso” não é mensurável e ninguém pode dizer se a escola está fracassando ou tendo êxito nessa sua autocriada missão.

Outra secretária, Rosa Neide, de Mato Grosso, é boa representante do grupo 2. Ao comentar a proposta de lei em palestra recente, Rosa afirmou ser contrária a ela, pois sua aprovação traria grande dificuldade à secretaria, que se veria atolada de pedidos de alunos de escolas ruins querendo ir para escolas boas, e também causaria grande estigma aos professores das escolas ruins. É uma visão ecoada por muita gente boa que, sempre que ouve alguma medida da área educacional, se pergunta como isso impactaria seus profissionais. Parte das pessoas que pensam assim o faz por cálculo político: quer ficar “bem na foto” com os “coitados” professores, ou pelo menos não tomar as bordoadas destinadas àqueles que não se submetem à sua cartilha. Parte o faz por reflexo espontâneo: a discussão sobre o tema no Brasil foi de tal maneira dominada, nas últimas décadas, pelas corporações de seus profissionais que eles se tornaram nossa preocupação número 1. Ouvimos a todo instante sobre a necessidade de “valorizar o magistério” e “recuperar a dignidade do professor”, que é um adulto, que escolheu a profissão que quis trilhar e é pago para exercê-la. Apesar de o aluno ser uma criança e de ser obrigado por lei a cursar a escola, nunca vi ninguém falando na valorização do alunado ou na recuperação de sua dignidade. Por isso, faz-se necessário dizer o óbvio: a educação existe para o aluno. O bom professor (assim como o diretor e os demais funcionários) é uma ferramenta – importantíssima – para o aprendizado. Mas ele é um meio, não um fim em si. Se o professor estiver satisfeito e motivado e o aluno ainda assim não aprender, a escola fracassou. O lócus das nossas preocupações deve ser, em primeiro lugar, o aluno. Em segundo, o aluno. E em terceiro, aí sim… o aluno.


Philippe Lopez/AFP
O EXEMPLO ASIÁTICO – A China mostra que a ideia de que não pode haver educação de alto nível em cenário de pobreza é balela. No último Pisa, a província chinesa de Xangai, que tem nível de renda per capita muito parecido com o brasileiro, deu um show

Mas sem dúvida a oposição mais comum vem dos membros do grupo 3, que usam a seguinte palavra mágica: contextualizar. Escreve Pilar Lacerda, secretária da Educação Básica do MEC: “Divulgar o Ideb é necessário. Mas o contexto onde está a escola faz muita diferença nos resultados. Por isso é perigoso (sic) uma comparação ‘fria’ dos resultados”. Quer dizer: não é possível avaliar a escola de alunos pobres e ricos da mesma maneira. Não se pode esperar que pobres aprendam o mesmo que ricos, por causa da influência do meio sobre o aprendizado. De forma que colocar uma placa com o aprendizado em uma escola sem atentar para o contexto social em que ela está inserida seria dar uma falsa impressão da verdadeira qualidade daquela escola e do esforço de seus profissionais. Essa visão é caudatária de um mal que acomete grande parte dos nossos compatriotas: o de achar que o esforço importa mais que o resultado. Ela pode dar algum conforto para os tropeços que alguém sofre em sua vida pessoal, mas na vida pública de um país, especialmente quando lidamos com gente com dificuldades, acho que devemos ser radicais: o esforço é absolutamente irrelevante, só o que importa é o resultado. Nesse caso, o aprendizado dos alunos. Tanto para o aluno quanto para o país. Porque aquele aluno, quando sair da escola e for buscar um emprego, não vai poder dizer: “Eu não sei a tabuada, não falo inglês nem sei o que é o pretérito imperfeito, mas o senhor deveria me contratar, porque eu nasci numa favela, meu pai me abandonou quando eu tinha 2 anos”. Da mesma forma, se exportarmos um produto mais caro e de menor qualidade que seus concorrentes, não poderemos esperar que o consumidor final decida comprar o nosso produto por ele conter uma etiqueta que diga: “Atenção, produto fabricado em país que só aboliu a escravidão em 1888 e foi vitimado por secular colonialismo predatório”. O que importa é aquilo que o aluno aprende. É mais difícil fazer com que esse aluno, nesse contexto, aprenda o mesmo que outro de boa família? Sem dúvida! Mas o que precisamos fazer é encarar o problema e encontrar maneiras de resolvê-lo. O problema dessas escolas não é como os seus resultados ruins são divulgados, se serão servidos frios, quentes ou mornos: o problema são os resultados! E, quando começamos a querer escamotear a realidade, a aceitar desculpas, quem sofre é o aluno. Dados do questionário do professor da penúltima Prova Brasil tabulados pelo economista Ernesto Faria para a revista Educação mostram que mais de 80% dos mestres dizem que o baixo aprendizado “é decorrente do meio em que o aluno vive”. Mais de 85% dos professores também apontam “o desinteresse e a falta de esforço do aluno” como razões para o insucesso da escola. A China mostra que a ideia de que não pode haver educação de alto nível em cenário de pobreza é balela: no último Pisa, o teste de educação mais conceituado do mundo, sua província de Xangai, que tem nível de renda per capita muito parecido com o brasileiro (11 118 dólares versus 10 816 dólares no Brasil), apareceu em primeiro lugar em todas as disciplinas estudadas, enquanto o Brasil não ficou nem entre os cinquenta melhores. Relatório recente da OCDE (disponível em twitter.com/gioschpe) mostra que nosso país também fica na rabeira na recuperação de seus alunos pobres: aqui, só 22% dos alunos de baixa renda têm performance alta, enquanto na média dos países da OCDE esse número é de 31%, e na China é de 75%. Nosso problema não é termos alunos pobres: é que nosso sistema educacional não sabe como ensiná-los, e está mais preocupado em encontrar meios de continuar não enxergando essa deficiência do que em solucioná-la. Por isso eu digo: precisamos, sim, de ensino e padrões diferentes para ricos e pobres. Mas é o contrário do preconizado pela maioria: precisamos que a escola dos pobres ensine mais do que a dos ricos. É difícil? Muito. Mas deve ser a nossa meta. Porque, se não for, não estaremos dando igualdade de oportunidades a pessoas que já nascem com tantos déficits em sua vida. E, se o Brasil como um todo não melhorar seu nível educacional, jamais chegará ao Primeiro Mundo. Esse é o non sequitur desse pensamento dos “contextualizadores”: seria necessário nos tornarmos um país de gente rica para que pudéssemos dar educação de qualidade a todos. Mas a verdade é que o salto da educação precisa vir antes: sem educação de qualidade, não teremos desenvolvimento sustentado. Podemos nos enganar com um crescimento econômico puxado pela alta de valor das commodities, mas em algum momento teremos de encarar a realidade: um país não pode ser melhor, mais rico e mais bem preparado do que as pessoas que o compõem.

Fonte: Veja - artigo de Gustavo Ioschpe - 13 de julho de 2011

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Nas Olimpíadas da Matemática não houve vencedores

Ontem houve as Olimpíadas de Matemática. Apliquei a prova somente no ensino médio e corrigi o gabarito da oitava série. A prova estava fácil, não tinha quase cálculo nenhum, o que mais tinha era raciocínio lógico e fiquei horrorizada ao perceber que nenhum, eu disse, nenhum aluno atingiu a média de 50% de acertos. Fiquei pensando de como esses alunos vão conseguir resolver problemas “de verdade” quando forem adultos, pois não conseguem atingir um raciocínio para resolução de problemas fictícios, imagina problemas reais.

Aonde vamos chegar com essa falta de iniciativa? É isso que o governo de São Paulo pretende fazer, cidadãos que serão robôs no futuro? Estão conseguindo isso, pois o perfil do aluno é uma geração desinteressada, desestimulada, desmotivada, desobediente e etc. que não tomam iniciativa e a única coisa que querem é não ter que fazer absolutamente nada, pois encontram tudo pronto, inclusive para se fazer contas, é só apertar botões.

Como professora de física não acho que a física deveria ser restringida a matemática, acho que deveria ser mostrado o lado conceitual, que por sinal, é o lado mais bonito da física. Mas o que estão fazendo com a física também não está certo, pois simplesmente, durante três anos de ensino médio o número de fórmulas é mínimo. A linguagem matemática acabou e conseqüentemente, o raciocínio lógico.

Eles não conseguem interpretar que o cálculo de uma velocidade média é simplesmente uma maneira de colocar, em números, a distância que foi percorrida pelo tempo que foi gasto e que utilizam isso a partir do momento que levantam da cama. Quando pergunto se conhecem Albert Einstein, nunca ouviram falar, se for questionado sobre o aquecimento global. È o aquecimento da Terra, simplesmente e ponto final. Se eu perguntar por que, não sabem responder.

Celulares, sabem usar todos os dispositivos, mas não sabem de onde surgiu, por quê? Como? Não sabem absolutamente nada em relação a motivos ou, principalmente conseqüências. E é nisso que a nossa futura geração está se transformando. Em jovens sem propósitos e sem incentivo, eles não precisam estudar o Estado não cobra, o pai não cobra, a vida não cobra e pronto. Usam exemplos descabidos, como por exemplo, “o presidente não tem faculdade”, só que nem imaginam o quanto o presidente teve que aprender pra chegar até o ponto de se tornar um líder e ganhar a confiança de uma nação a ponto de dirigir um país, afinal, conhecem os fins, mas não os meios. Usam, como desculpa, uma minoria que acreditam ter conseguido “vencer na vida de maneira fácil” e, sem conhecimento histórico nenhum, se justificam e tomam como exemplo.

Não me iludo, sei que vai ser quase impossível mudar esse pensamento, mas não me importo, se eu conseguir que 0,01% dos que estão lendo este texto tentarem fazer alguma coisa, já ficarei feliz, afinal, como diz o ditado “Água mole em pedra dura, tanto bate até que fura” e as grandes paisagens geológicas não foram construídas do dia pra noite não é?

terça-feira, 16 de agosto de 2011

Desânimo (só hoje!)

Fico pensando sobre o que fazer nas aulas de recuperação. Hoje estava trabalhando com alunos de oitava série e por incrível que pareça o conteúdo foi o mesmo que eu havia dado no dia anterior para os alunos de quinta e sexta série. Os alunos da quinta série aprenderam mais rápido que os da oitava. Perdi uma aula e meia tentando explicar aos de oitava série a diferença de altura e largura. Pedi para que desenhassem um armário com 18 cm de altura e que esse armário fosse dividido em três partes, onde uma teria uma determinada medida, a segunda parte teria o dobro da medida da primeira parte e o terceiro o triplo da medida da primeira parte. Perdi duas aulas tentando ensiná-los a “pensar” como seria o armário e nem comecei isso sem ter mencionado o cálculo, só queria que visualizassem as formas de cada divisão do armário. Quando acabou a aula, parecia que um caminhão tinha passado sobre minha cabeça. Tive uma sensação de incapacidade e frustração. Entrei na sala dos professores e desabafei: “vou gravar essa aula e mandar pra diretoria de ensino, porque não é possível que um aluno de oitava série não consiga entender o que é altura, dobro e triplo. Como chegaram à oitava serie?
Outro professor me alertou: “Não faça isso, você vai atirar no próprio pé, pois irão contestar o seu método de ensino”. A minha frustração aumentou ainda mais, mas ele tem razão, infelizmente.
Aonde vamos parar com essa educação? O que vai ser feito desses adolescentes, afinal é responsabilidade nossa e segundo o sistema de ensino, muito mais do professor do que do pai e da mãe, pois se o filho não aprende o professor é que não sabe ensinar.
Coloquei-me na situação dos professores que são veteranos na rede Estadual há muitos anos, imaginei como devem estar se sentindo e entendi o motivo deles estarem tão desanimados.
Sabe qual vai ser o futuro da educação? Ou o estado começa a valorizar o profissional ou aos poucos professores que estão se formando não vão querer trabalhar pro estado, vão arrumar aula em escolas particulares, afinal, são tão cobrados quanto, só que ganham melhor entre outros fatores. Não discordo de quererem professores mais qualificados, mas para exigir qualidade deveriam investir mais, pois se cobramos algo de alguém é porque oferecemos algo em troca, é assim que funciona. Estou desanimada e frustrada, por hoje, somente por hoje, porque sei que amanhã já vou estar empolgada novamente. Mas faço pela física, pelo ensino e pelos jovens, que não merecem este sistema em que estão inseridos.



sábado, 13 de agosto de 2011

O mundo é um lugar perigoso de se viver, não por causa daqueles que fazem o mal, mas sim por causa daqueles que observam e deixam o mal acontecer. – Albert Einstein

Ontem estávamos, eu e meus alunos, discutindo sobre ciência e religião. Religião, futebol e política não se discutem não é? Pelo menos é esse o ditado. Mas todo mundo discute e adora!
A ciência e a religião nunca vão estar juntas, aí você pergunta: Por que não?
Porque a ciência se baseia em fatos que devem ser provados, primeiro uma teoria é lançada, logo depois a matemática “prova” que aquilo existe e depois vem a prova experimental, ou seja, pra que uma coisa seja reconhecida como fato científico ela precisa ser passada por essas três fases. Não é uma crença, é um fato, mesmo que a teoria não consiga ser experimentada, ela é uma teoria, como na física quântica, muita coisa ainda não pode ser provada em laboratório, então ainda não é colocado como fato científico. Essa teoria pode ser facilmente contestada, mas para que seja contestada e aceita, tem que ter um fundamento bastante sólido, mesmo que não seja experimental. E é aí que entra a matemática. Mas, e Deus? Não temos um fato cientifico em relação a ele, não podemos provar nem que ele existe e nem que ele não existe, mas isso não vai fazer a menor diferença, afinal ele está “dentro” da crença de cada um, não é verdade?
Mas tem um fato que é muito mais importante do que a questão ciência e religião. Podemos crer no que quisermos, mas não podemos deixar que essa crença nos impossibilite a busca de conhecimento, afinal é o que nos diferencia dos animais é o fato de sermos racionais, “seres pensantes”.
A ciência sempre teve o papel de vilã, afinal ela questiona, investiga e tenta provar os fatos, mas isso é ser vilã? É isso que deveríamos fazer questionar e investigar, mas será que é interessante para os governantes que a população questione, investigue? É mais fácil manter as pessoas sem a curiosidade, quanto menos curioso, menos questionamento, assim aceitará tudo como verdade absoluta.
A ciência faz com que o indivíduo desenvolva a curiosidade e vá atrás de saber, de investigar e de adquirir mais conhecimentos. E, mais uma vez ressaltando, estou falando da ciência por ser meu campo de formação, mas não é só a ciência, são todas as disciplinas, todas, sem exceção, nos fornece parâmetros para investigações, questionamentos e curiosidade, e sendo assim, vamos aprender a pensarmos por nós mesmos. Concluindo:

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Cadê a interdisciplinaridade

10/08/11
Em resposta ao vereador Dario “Burro” Bueno e sua declaração sobre os professores só me resta rir, pois o coitado deve ter tido algum trauma de infância com algum professor ou mesmo com os próprios colegas de escola, no mínimo foi um aluno que sempre teve problema de indisciplina ou mesmo algum déficit de aprendizagem e foi ridicularizado por isso, ainda bem que hoje existe lei contra o bulling, não é vereador?
Mas, falando de outra noticia que me chamou a atenção, a reportagem dos computadores...PROFESSOR SABE MENOS DE COMPUTADOR QUE O ALUNO, DIZ JORNAL 'ESTADÃO'.
Realmente é verdade, mas se o Estado não investe nem na educação como deveria, imagina se vai querer investir em cursos de especialização para professores ou mesmo em computadores. Realmente a rede fornece computador “pago” e muito bem pago, pois compramos em suaves prestações que ao final das prestações daria pra comprar outro computador, e ainda tem um dado muito mais alarmante, as três escolas que eu ministro aulas ficaram mais de um mês com problema na rede, e não foi a primeira vez, cada vez que aparece um problema, fica mais de um mês para o Estado providenciar o suporte. Exigir e criticar são fáceis, quero ver dar o suporte necessário para resolver o problema da educação no País, que está muito além de inclusão digital.
Mas, falando em computador, acho muito válido a inclusão digital e também concordo que é uma ferramenta importantíssima para a aprendizagem, mas estava observando o conteúdo didático das apostilas. A apostila do primeiro ano de física, por exemplo, traz um conteúdo no primeiro semestre que o professor de matemática deveria ter iniciado no ano anterior, claro que o problema não é o professor de matemática, mesmo porque eu também ministro aula de matemática.
Aliás, a física, a química, a biologia e a matemática deveriam ser trabalhadas no decorrer das séries junto com outras disciplinas, junto com a história, o português, a geografia e muitas outras. É claro que nem sempre os conteúdos coincidem, mas alguns assuntos poderiam ser trabalhados juntos. Um exemplo disso é a proposta pedagógica do 3º bimestre do 3º ano, Matéria: suas propriedades e organização, isso é um assunto que já deveria ter sido trabalhado no 1º ano junto com a química, afinal de contas tudo é composto por átomos e afins e complementando a física e a química, a matemática e a história e geografia com assuntos da atualidade, como caso da bomba atômica ou vazamento nuclear, ou seja, todas as matérias fazendo com que o aluno se interesse e aprenda isso sim é interdisciplinaridade.
No caso da física, o aluno já vem com idéias pré-concebidas, física é difícil, é chato e etc., mas acredito que se os assuntos estivessem ligados o interesse seria maior. Está na hora de mudar esse conteúdo.



segunda-feira, 8 de agosto de 2011

A soma da inteligência coletiva é sempre maior que a soma das inteligências individuais. (Matheus Lobo)

Essa frase é uma das mais perfeitas que eu já li, é a mais pura verdade. Quando falei em edições passadas que o jovem não tem iniciativa é verdade, até citei minha filha como exemplo, infelizmente, apesar de terem uma infinidade de informações, não estão sabendo utilizar. E a questão não é que não sabem, é que não querem saber. Claro que existem exceções.

No artigo anterior estava falando sobre a qualidade de ensino. Todos sabem, todos concordam, mas não conseguimos mudar. E o que falta pra que essa situação mude?
Em minha opinião, falta “alguém” mudar essa situação, mas não é um “alguém” , tem que ser “ALGUÉM”. A NOSSA JUVENTUDE, despertar neles algo que os motive a agir. Tenho, em uma das escolas que trabalho, uma classe que no primeiro semestre tivemos vários conflitos, de didática, de idéias, de interpretação.
Naquela época fiquei muito aborrecida com o que tinha ocorrido, mas depois eu pensei que eram esses jovens que fariam a diferença, jovens que questionam, opinam, reclamam, contradizem. Entre muitos jovens que eu já dei aula, eles são a exceção. É uma pena que eles já estarem terminando o ensino médio, pois poderiam ter mudado o nosso sistema a favor deles, afinal, a maioria, infelizmente, não vai ter condições de entrar numa faculdade pública sem fazer um cursinho, e nem todos tem condições pra isso, o que é uma pena, pois o potencial eles tem. Só que, infelizmente, não tiveram conteúdo didático por vários motivos:
1) Pelo sistema educacional público não oferecer um currículo adequado para o ingresso nessas faculdades. 2) Pela falta de professores, principalmente nas áreas das ciências da natureza e muitos outros fatores decorrentes do nosso sistema público educacional.

Claro que o problema abrange muitas outras coisas, mas até agora, nada foi feito para melhorar. O professor nunca foi e nunca será ouvido e precisamos de um começo. Mas esse começo deve ser feito por aqueles que estão sendo mais prejudicados em tudo, o aluno. O que fez o impeachment acontecer? Aliás, quem foram os verdadeiros “mobilizadores” desse impeachment? O jovem.

Concordando ou não é verdade, afinal já houveram muitos corruptos depois de Fernando Collor, só que nenhum até agora, “mexeu com a juventude”. Eles aprenderam a lição, não é!!!

domingo, 7 de agosto de 2011

11 coisas que o estudante deve saber


Regra 1: A vida não é fácil - acostume-se com isso.

Regra 2: O mundo não está preocupado com a sua auto-estima. O mundo espera que você faça alguma coisa útil por ele ANTES de sentir-se bem com você mesmo.

Regra 3: Você não ganhará US$ 40,000 por ano assim que sair da escola. Você não será vice-presidente de uma empresa com carro e telefone à disposição antes que você tenha conseguido comprar seu próprio carro e telefone.

Regra 4: Se você acha seu professor rude, espere até ter um chefe. Ele não terá pena de você.

Regra 5: Fritar hambúrgueres não está abaixo da sua posição social. Seus avós têm uma palavra diferente para isso - eles chamam de oportunidade.

Regra 6: Se você fracassar, não é culpa de seus pais, então não lamente seus erros, aprenda com eles.

Regra 7: Antes de você nascer seus pais não eram tão chatos como agora. Eles só ficaram assim por pagar as suas contas, lavar suas roupas e ouvir você falar o quanto você mesmo era legal. Então antes de salvar o planeta para a próxima geração querendo consertar os erros da geração dos seus pais, tente limpar seu próprio quarto.

Regra 8: Sua escola pode ter eliminado a distinção entre vencedores e perdedores, mas a vida não é assim. Em algumas escolas você não repete mais de ano e tem quantas chances precisar até acertar. Isto não se parece com absolutamente NADA na vida real.

Regra 9: A vida não é dividida em semestres. Você não terá sempre os verões livres e é pouco provável que outros empregados o ajudarão a cumprir suas tarefas no fim de cada período.

Regra 10: Televisão NÃO É vida real. Na vida real, as pessoas têm que deixar o barzinho ou a cafeteria e ir trabalhar.

Regra 11: Seja legal com os "Nerds". Existe uma grande probabilidade de você vir a trabalhar para um deles

sábado, 6 de agosto de 2011

Reescreva a história usando o mesmo protagonista




Quando comecei esse blog, a minha proposta inicial era falar sobre o ensino de física, pois a situação está gravíssima nessa área, não existe professor e não existe aluno interessado na física. Eu sou uma apaixonada pela física, mas me deparei com problemas que não fazem parte só da minha área, atinge a todas as áreas, a falta de interesse é geral, é um perfil de uma geração, claro que estou me referindo as escolas públicas, pois é aonde tenho parâmetro pra opinar.

Hoje de manhã estava pensando numa conversa que tive com uma colega de trabalho e estávamos falando sobre greve. Fiquei pensando no tema e eu acho injusto os alunos pagarem por um sistema. Eles já não têm uma educação de qualidade e ainda por cima não terão professor. A minha filha estuda em escola pública, desde o ano passado ele estão sem professor de matemática, isso é injusto e assim como acho injusto a minha filha não ter professor de matemática, acho injusto que os outros filhos também não tenham, mas não posso culpar ninguém por isso, só lamentar, afinal isso faz parte de um sistema que vai ser muito difícil ser mudado.

Mas se eu não considero a greve como uma saída, eu teria que propor uma solução melhor para podemos reivindicar toda essa situação. Lembrei do impeachment do Fernando Collor e fiquei pesando qual teria sido o motivo pelo qual aqueles jovens foram às ruas protestar por um governo, e melhor, obtiveram os resultados que queriam. Eles foram manipulados? Não acredito nisso, claro que teve uma influência da mídia, mas este não foi o fator principal. Afinal de contas, depois desse ocorrido, nunca mais houve jovens, naquela quantidade e daquela forma, protestando quanto a nada.

No dia seguinte, conversando com meu pai, perguntei a ele qual seria a sua opinião a respeito. Ele me respondeu a mesma coisa que eu havia pensando. Fernando Collor foi o presidente mais jovem do Brasil e usou esse fato para chegar ao poder, o jovem se “iludiu” com todo aquele discurso, aliás, não só o jovem, toda aquela conversa de caçador de marajás e etc.Quando os jovens perceberam que haviam sido manipulados e que aquele presidente não era nada daquilo que tinha dito, se revoltaram então a mídia uniu o útil ao agradável, pois estavam todos naquela situação. Ele havia mexido com o orgulho jovem.

Concluindo, os professores têm nas mãos a força do jovem, afinal, o professor nunca foi ouvido e a possibilidade de mudar isso é muito remota, remotíssima. Então o jovem tem que perceber que eles merecem um ensino de qualidade, que os alunos de escolas públicas têm o mesmo direito daqueles mais privilegiados financeiramente e que o governo precisa valorizar e reconhecer isso. E a única maneira deles reconhecerem isso, é oferecendo aos jovens professores satisfeitos e reconhecidos também, porque nenhum professor consegue estimular se não tiver um estímulo e esse estímulo deve vir através do reconhecimento e de uma remuneração digna.

Isso é um direito do aluno e do professor.

O professor está tão desestimulado que não percebe o quanto são importantes e o quanto que o governo precisa deles, então vamos nos valorizar, vamos conscientizar os alunos que precisam de professores estimuladores e respeitados, professores interessados em ensinar, não professores reprodutores de conteúdos, pois os jovens têm o direito de um ensino de qualidade, e o professor de capacidade de oferecer isso desde que tenha um reconhecimento. Afinal, é muito fácil exigir conteúdos (provas anuais), exigir conceitos pré-estabelecidos (apostilas), mas se exigimos algo, temos que oferecer algo em troca também. Como não oferecemos um ensino de qualidade não podemos exigir do aluno uma qualidade de aprendizagem e assim o ensino está indo pro buraco e vamos contar com o apoio dos jovens pra que isso não aconteça. Afinal, educação é um direito de todos.

terça-feira, 2 de agosto de 2011

Falta de motivação? De quem? Pra quem?

Todas as reuniões o assunto é “motivação”. Mas não pense você que é pra motivar o professor, ao contrário, é para que os professores motivem os alunos à estudar. Você acha que eu estou brincando? É verdade. Como os alunos não precisam se esforçar para serem promovidos, então o professor tem que “aprender a motivar” os alunos.

E toda reunião é a mesma conversa fiada. Até já nos foi colocado como exemplo o professor de cursinho. Imagina ! Deu-me vontade e ter um acesso de riso.

Em primeiro lugar, o professor de cursinho tem que ser um artista, afinal eles estão preocupados em fazer com que você guarde o maior numero de informações possíveis (não está em questão se considero esse método apropriado, mesmo porque o sistema usado no estado de São Paulo é o construtivismo, ou seja, o oposto disso), geralmente a matéria de três anos é colocada em seis meses ou em no máximo um ano.
Em segundo lugar: eles são mais bem remunerados que nós, pois trabalham numa instituição particular, (não deveria ser assim, mas é). Em terceiro lugar: ninguém impôs pro aluno que ele deve freqüentar o cursinho, quando o aluno se matricula ele já sabe o que quer fazer e já tem essa “motivação”.

E a nossa motivação? Qual seria?
No artigo anterior falei sobre o conteúdo das escolas particulares e comparei com a escola pública, e volto nesse assunto, além de termos de lidar com os conteúdos prontos de apostilas, que não chegam nem perto do nível de ensino de uma escola particular, temos que lidar com alunos que muitas vezes não querem nem estar na escola e não tem nenhuma perspectiva de futuro, infelizmente. Alunos, que por conta de um sistema, não tem obrigação de estudar. Que, muitas vezes não tem o apoio familiar necessário para motivá-lo a estudar e, muitas vezes, não tem nenhum interesse em fazer faculdade e quando pensam em fazer, 90% não tem a “ilusão de passar” numa faculdade pública, como eu já citei antes.

E qual a fórmula mágica para fazer esse aluno se motivar a estudar? Como fazê-lo entender que ele é capaz de passar numa faculdade pública, com o nível de ensino que está sendo oferecido? Como garantir pra ele que se ele der continuidade no ensino dele o futuro dele vai ser melhor e ele vai ser reconhecido e bem remunerado? Afinal de contas nós, professores de escola pública, não somos as pessoas mais bem indicadas pra isso. Infelizmente.