FÍSICA SEM EDUCAÇÃO

A única maneira de fazer o Brasil progredir é com educação, informação e caráter.

domingo, 27 de dezembro de 2020

Feliz Ano Novo?

 


Este ano tivemos tantos problemas, que eu tinha decidido não me manifestar aqui nesse blog, pois afinal não havia nada informativo ou bom para passar, mas infelizmente a última notícia, e a que mais me abalou, me fez rever esse conceito.

Quando o ano começou, vimos todos os desmontes feitos por esse (des)Governo inconsequente e irresponsável e eu juro que não pensei que chegaríamos a tanto! Aí veio a pandemia, que aflorou ainda mais o quanto eles são incompetentes, mas o mais triste é saber que ainda existem pessoas que aprovam o que ainda pode piorar (e vai).

Essa pandemia foi irremediavelmente agravada pela falta de incentivo à ciência, à tecnologia e à educação, junto com o desmonte das universidades públicas e as pesquisas feitas por anos e anos a fio. E como eu disse, o mais triste é que existem pessoas que ainda aprovam tudo isso, ainda restam 30%.

Ainda por cima, diante de tudo, recebo a notícia de que o companheiro do meu amigo faleceu, apesar de ele ser conhecido e um excelente divulgador científico, não divulgarei o nome porque não pedi sua permissão. Isso me abalou profundamente, foi um misto de revolta contra tudo o que está acontecendo e contra todos que compactuam com isso e com esse presidente e sua equipe de ineptos. A cada dia que passa, não me arrependo de ter me afastado de todos que insistem em aprová-lo e mesmo dos que se arrependeram, por mais que tenham se arrependido.  Foram avisados, pelo menos, #EuAvisei!

Não há espírito de comunidade, de sociedade, há um individualismo, afinal as pessoas preferem não se manifestar para não serem criticadas, para não serem chatas. Só que a questão está além disso e cobrar uma postura de, pelo menos, resguardar o outro é obrigação. Mas a maioria prefere se calar e eu vejo isso quando saio à rua e as pessoas estão sem máscaras, aglomerando, medindo a temperatura no lugar errado e ninguém, absolutamente ninguém, se pronunciando, porque não querem ser inconvenientes. Me sinto mal por ser a chata.

Eu espero que, para o próximo ano, as pessoas tenham mais pensamento crítico, que saibam diferenciar método científico de opinião, que tenham mais empatia, senso de sociedade e que percebam que as pseudociências, por mais que acreditem, podem matar. E é o que elas estão fazendo quando as pessoas se calam ou ajudam a repercutir a má informação, a anti-ciência.

A ciência, a ética e a empatia devem permear todas as ações humanas e é o que eu espero para o próximo ano. O resto será  consequência disso. Despeço-me com profundo mal-estar  desse silêncio constrangedor e cúmplice de uma sociedade individualista e egoísta, uma sociedade que está doente. Sem mais e com fontes!

https://www.youtube.com/watch?v=YgqISyhuVBU Nunca vi 1 cientista

https://www.youtube.com/watch?v=PejAXQyyCv0 Roda Viva – A Corrida da Vacina

https://www.youtube.com/watch?v=ddxJ0CBOaxA Natalia Pasternak no Band News

https://iqc.org.br/ Instituto Questão de Ciência com Natália Pasternak

https://www.youtube.com/watch?v=AK1I2arp8zk Atila Iamarino

https://www.youtube.com/watch?v=nXALjXhEYp8 Monica de Bolle

 


segunda-feira, 7 de setembro de 2020

Priscilla Cruz e todos sem educação e sem saúde





Se eu fosse escrever ia utilizar muitas páginas, por isso resolvi fazer em formato de vídeo. Uma nova maneira de expressar minha ideias. Por favor, assistam, compartilhem e curtam o canal Física sem Educação.

Obrigada

domingo, 16 de agosto de 2020

Novos meios de divulgar ciência e educação

 Criei mais dois canais de  divulgação que gostaria que conhecessem. Um podcast e um canal no YouTube, ambos com o mesmo nome desse Blog. O link e os vídeos estão abaixo, por favor curtam e divulguem. Obrigada!

  Clique aqui para acessar o Podcast Física Sem Educação

Clique aqui para acessar meu canal no YouTube

sexta-feira, 26 de junho de 2020

Pandemia e educação

       
   


E a educação? (Opinião)

O mundo está um caos! Estamos diante de uma pandemia altamente contagiosa que vem preocupado a todos e a todas. Em vez de as pessoas se resguardarem de uma doença que pode levar a óbito, está havendo o oposto, mais e mais pessoas saem às ruas, muitas vezes sem necessidade (não me refiro aos que são forçados a trabalhar). Muitos setores do comércio e indústria, devido às pressões econômicas, voltaram a funcionar, o que é compreensível, afinal empregos precisam ser preservados.

 Ok! Mas e a educação?

Como sabemos a educação sempre foi vista como um gasto ou um lucro, nunca como investimento. Para se manterem no poder, é mais fácil manter uma população ignorante ou alienada: ignorante, quando me refiro às escolas públicas e alienadas, quando falo dos colégios particulares. Engana-se quem acha que nas escolas privadas o ensino é melhor, ele é mais conteudista, apenas isso. Enquanto as públicas deveriam visar à formação de cidadãos críticos e conscientes e não o fazem, as particulares visam à formação de alunos para passarem nas universidades (de preferência, públicas, que deveriam ser direito dos alunos e alunas provenientes de escolas públicas) e garantirem o status quo social.


     Agora, diante desse caos, eles – os setores privados da educação – querem  retornar às aulas. Estão sentindo pressão da sociedade para isso, por motivos óbvios: muitos pais, diante da perda de ganhos e salários, estão transferindo seus filhos para as escolas públicas. Então, pressionam os governantes que pouco se importam com os verdadeiros interesses da sociedade, apenas com seus ganhos eleitorais.E como querem fazer isso? Não sabem, não garantem nada e não fazem a mínima ideia se isso será ou não possível. Então por que marcaram uma data?

     A meu ver essa data foi marcada simplesmente para acalmar os ânimos, principalmente dos setores privados e da sociedade que precisa enviar seus filhos e filhas à escola, já que o comércio e a indústria estão abertos (irresponsavelmente) e muitas famílias não têm aonde deixar os filhos e filhas.
 
     O setor privado de educação, visando ao lucro acima de tudo, pressiona o governo para a flexibilização em agosto, porque, repito, estão perdendo seus clientes que, não conseguindo pagar as altas mensalidades devido ao problema econômico, aumentam a demanda das escolas públicas.

     Que tal a população e o setor dos profissionais da educação “aproveitarem essa pandemia” para cobrarem as coisas que já deveriam ter sido feitas há muito tempo, como, por exemplo, melhorar a educação pública, que é dever do Estado e direito dos cidadãos e cidadãs; garantir uma educação de qualidade com número reduzido de alunos por sala; melhorar a estrutura dentro das escolas e, para a população mais carente, garantir o mínimo de sobrevivência como saneamento básico e alimentação, acesso à internet gratuita a todos e todas alunos e alunas entre outras coisas?

     Isso para quando voltarem as aulas que, a meu ver,  não devia acontecer neste ano, porque, se a coisa continuar como está, com os números de mortes aumentando a cada dia, a quarentena nesse setor deve se prorrogar. Enquanto isso, os setores responsáveis pela educação e a população terão tempo suficiente para se organizarem e cobrarem do poder público nossas reivindicações.

sexta-feira, 5 de junho de 2020

EAD! Sim ou não?

                                           Fonte: Medium


     É tanta coisa acontecendo e tanto para falar que é difícil focar em apenas um assunto. Assim, resolvi falar do que atinge a mim e a todos os professores e professoras: a educação remota.
     
     Quem me acompanha tem conhecimento do quanto lutei para que, na época a reforma do ensino médio, não fosse aprovada, pois eu sabia que aquela seria a porta de entrada para a privatização da educação. Mesmo que o país tenha mudado de lá para cá (para pior) e que estejamos diante de uma pandemia, a coisa não só foi acentuada e adiantada, como também a tão temida educação a distância entrou em curso. Afinal, por mais que queiram dar um nome diferente, quem acompanha as notícias da educação sabe que isso vai acontecer.

     É engraçado que, apesar da tecnologia ser boa e nos fornecer inúmeros confortos, ela seja tão temida. Quando a televisão fazia parte da vida dos brasileiros e começaram a implantar o ensino a distância através dela, houve um enorme rebuliço de que os professores seriam substituídos. Só que o EAD nos remete a muito antes disso, a 1900. Sabiam disso?

     Nessa época os jornais de circulação ofereciam cursos de profissionalização via correspondência e o marco referencial disso tudo aconteceu em 1904 com as Escolas Internacionais.

     Logo depois, em 1923, com a chegada do rádio, esses cursos se multiplicaram e aí tínhamos desde cursos bíblicos oferecidos pela escola Adventista até os cursos profissionalizantes pelo SENAC. Mas, infelizmente, enquanto os sistemas internacionais implantavam esse sistema, o nosso país, mais uma vez, em 1969, houve o desmonte da iniciativa devido à censura.
   
    Em contrapartida veio a televisão com fins educativos, a teleducação, e a EAD ganha legitimidade com a Lei das Diretrizes e Bases da Educação. Vale lembrar que, desde aquela época, a intenção era diminuir custos e também havia o mesmo rebuliço com relação aos professores, de que poderiam ser substituídos. A grande questão é que esse tipo de ensino exige uma outra postura, tanto de professores quanto de alunos e a maioria deles não foi preparada para essa nova modalidade de ensino. E o medo é mais do que natural.


                                      Fonte: Prefeitura Municipal de Iguaí


     
     Diante de tudo isso uma coisa chama muito a atenção, não importa as formas como será feito o ensino, se os profissionais não forem capacitados para tal, nada vai adiantar, nem presencial, nem pela televisão e muito menos pela internet, pois a grande questão nisso tudo é o acesso dos alunos e professores a essa nova forma de ensino.

     Então, a luta não deveria ser contra essa modalidade, mas em como garantir que todos e todas tenham acesso e, com isso, a luta pelas desigualdades sociais, que estão diretamente ligadas a esse tipo de ensino, porque não basta fornecer a educação, mas também saneamento básico e condições de vida digna.

Referências:


segunda-feira, 25 de maio de 2020

E a vacina para o novo coronavírus?


    

 O coronavírus é uma família já conhecida há bastante tempo: “A maioria das pessoas se infecta com os coronavírus comuns ao longo da vida. Eles são uma causa comum de infecções respiratórias brandas a moderadas de curta duração. Entre os coronavírus encontra-se o vírus causador da forma de pneumonia atípica grave conhecida por SARS, e o vírus causador da COVID-19, responsável pela pandemia em 2019 e 2020.” Inclusive um deles acomete os animais de estimação, como cães e gatos. No caso dos cães, já existe uma vacina, mas nos gatinhos ainda não. As doenças graves que esses coronavírus causam nos pets não atingem humanos, não precisamos nos preocupar.


     Apesar de pertencer a uma família antiga, este que está causando a atual pandemia é novo porque pouco se sabe sobre ele. Tem um alto grau de contaminação e provoca a doença que foi denominada oficialmente COVID 19, para a qual ainda não há tratamento nem prevenção, como uma vacina. 
     
     Sabe-se que, em algumas pessoas, pode não provocar nenhum sintoma e, em outras pessoas, provocar sintomas terríveis que levam até ao óbito. Por quê? Um mistério.
Portanto, a melhor saída para qualquer pessoa é evitar o contágio. Como? Seguindo as orientações das autoridades sanitárias: evitar aglomerações, lavar muito as mãos, higienizar tudo o que entrar em sua casa, usar máscara e, se possível, ficar em casa.
     
     E a vacina?


     
     Há muitos cientistas em busca de uma vacina para imunizar as populações contra o novo coronavírus. Mas o processo de elaboração de qualquer vacina é longo e, por isso, pode demorar. Mesmo que obtenham bons resultados com alguma vacina em curto prazo, de imediato não será possível fabricar doses suficientes para toda a população mundial e, se isso acontecer, sua aplicação em 7 bilhões de pessoas será lenta. Então, a única saída é, mesmo, por enquanto, a prevenção. E também informação.
     Para saber mais sobre essa pandemia e outras que já atacaram a humanidade:


 Outras informações sobre essa doença e suas consequências nestes sites e canais:

Quando a quarentena vai acabar? - Canal do Slow
Testes no Brasil
Live com Dráuzio Varela - Canal Nostalgia
Cloroquina e baixa letalidade: por que há negação da ciência? -  Atila Iamarino e Natalia Pasternak
Coronavírus - wikipédia
Covid – Dráuzio varela e Átila Iamarino
China aprova teste em humanos de vacina contra o coronavírus

sábado, 9 de maio de 2020

Educação remota ou educação à distância?



      O mundo, desde a invenção da internet, vem mudando substancialmente, não que antes não mudava, mas hoje tudo é muito rápido, e hoje o computador, os smartphones e outros apetrechos da nova era tecnológica já fazem parte da vida de muita gente. O problema é que muita gente não é todo mundo.
     Em meio a uma pandemia, muitas coisas que faziam parte de um futuro (não muito distante) acabaram sendo antecipadas. Uma dessas coisas foi a ampliação do ensino à distância para jovens e crianças, principalmente da escola pública. E, apesar das críticas, fica complicado propor outra solução, mesmo porque não temos a mínima previsão de quando voltaremos ao “normal”.
     O maior impasse diante dessa nova forma de ensinar são as desigualdades sociais que serão, com certeza, acentuadas com tudo isso. Não só diante da crise econômica que já é inevitável, mas também por esse novo tipo de ensino: temos milhares de criança sem telefones celulares e até sem TV, como é o caso da reportagem do jornal O Globo, disposto no link abaixo:

“Semcelular e TV, alunos da rede pública de SP temem perder o ano: 'Não querorepetir'”


     Não sou contra o EAD (Educação à Distância) ou educação remota, ou seja lá o nome que queiram dar, eu sou contra a desigualdade social e, assim como eu, muitos professores estão se desdobrando para aprenderem, se adaptarem e a ensinarem seus alunos e alunas através dessa nova modalidade de ensino, pela qual não sabemos se haverá aprendizado.



     Na verdade, sabemos que o aprendizado, presencialmente, já era bem complicado, mas eles insistiam em culpar os professores. O Poder Público nunca se preocupou em diminuir as desigualdades e a dar condições mínimas para que estudantes aprendessem, para que os professores ensinassem com qualidade, para que as escolas tivessem estrutura para o acolhimento e, agora, diante dessa tragédia que assola o mundo a educação e a ciência serão as mais afetadas e com isso, claro, a população.



     Ou a população começa a cobrar o mínimo de condição como consta na Constituição Federal ou estaremos em pouco tempo vivendo o caos total e absoluto, principalmente nos lugares mais pobres. Depois da propaganda do Ministério da Educação sabemos que não dá para esperar nada dos governantes, então agora cabe ao povo agir pelo bem dele.

Para encerrar, eu resolvi fazer um podcast. Primeiro, para as pessoas hoje que estão sem tempo para sentar e desfrutar uma boa leitura e segundo, porque estou preocupada com os rumos que a ciência vem tomando em nosso país. Gostaria de compartilhá-lo com todos vocês:



sábado, 2 de maio de 2020

Marcha Virtual Pela Ciência

   
      Com muita honra fui convidada a participar da Marcha Virtual Pela Ciência e convido a todos e todas os (as) divulgadores (as) científicos (as) a participarem.
     É muito importante a participação de todos pelo fortalecimento de nossa ciência.
   

         "Ao(À) Senhor(a) administrador(a) da página de "Física sem educação", viemos convidar Vossa Senhoria para a "Semana de Valorização da Ciência" em decorrência da Marcha Virtual pela Ciência - SBCP que será 07/04/2020 - 14/04/2020. Solicitamos confirmação de interesse de sua participação pelo email: svc.ciencia@gmail.com. Depois da confirmação de interesse, a assessoria de comunicação do programa #papodeciencia entrará em contato em até 4 horas."

     Monte seu avatar e sua placa e vamos manifestar pela ciência
http://www.jornaldaciencia.org.br/marche-pela-ciencia-com-seu-avatar/

terça-feira, 21 de abril de 2020

A crise é mais séria do que qualquer um pode imaginar



     Estamos diante de uma pandemia, isso é um fato! Apesar de algumas pessoas não terem entendido isso ainda. Com relação a essas pessoas só temos a lamentar, o grande problema é que não lamentaremos só por elas, mas por nós também.

     Independentemente do que acredite estamos diante de um vírus que não tem religião nem posicionamento político e, mais uma vez, estamos diante de algo que a ciência tenta conhecer. E é somente ela que tem o poder, nesse momento, de saber como agir e prever o que vai acontecer.





     Tivemos, no decorrer da história, epidemias sérias, mas nenhuma dessa magnitude. Algumas foram, inclusive, acobertadas aqui no Brasil, como a epidemia de meningite, em 1974, em plena ditadura. A diferença é que essa acaba se agravando por não termos um Governo Federal devidamente preparado agir com um mínimo de racionalidade, diante do problema. Um governo que, além de não estar preparado, não quer estar e está jogando o país no abismo.

     Não existe escolha entre a vida e a economia, não importa o que queiram ou pensem. A vida é o nosso bem mais valioso e a função e dever de um governo é preservá-la. A falta de seriedade com que o governo vem tratando a pandemia traz mais insegurança e instabilidade às pessoas que ficam sem saber a quem devemos recorrer. Precisamos de atitude e respostas, uma entidade real, que esteja entre nós e nos forneça respostas claras: a ciência, não um Deus, mesmo que você creia que ele possa dar alguma ajuda. Enfatizo, independentemente de sua crença, é a ciência que vai nos fornecer os dados e a respostas para encararmos isso com mais segurança.





     A primeira grande lição, como disse o cientista Miguel Nicolelis, é que os países que negligenciaram a ciência não foram bem-sucedidos e tanto tiveram muitas mortes quanto a economia sucumbiu. Não existe dilema entre o confinamento e a economia, como diz Eduardo Moreira no vídeo, só há uma saída: FICAR EM CASA.


     Essa geração, além de estar presenciando a quarta revolução industrial e tecnológica, também participa de uma enorme mudança geopolítica na história, provocada por um ser invisível que mais uma vez coloca o homem diante de sua limitação. Por mais que a nossa ciência tenha avançado, mesmo o vírus está a um passo à frente, já que não se pode prever onde e quando ele vai nos atacar.

     Como ficaremos? É uma incógnita, mas conseguimos fazer uma previsão. A ciência é feita com os dados colhidos todos os dias e ela permite previsões, quando há estudo sério e construção do conhecimento baseado em observações, experiências e informações.


     As previsões mais prováveis não são aquelas que nos confortam. E uma delas saiu na Revista Science, uma das mais sérias do mundo, que prevê uma das possibilidades, dentro do que temos de dados hoje, é a permanência desse vírus por alguns anos e a forma que vem funcionando para evitar sua disseminação é o distanciamento e o isolamento social, o que deve ocorrer em períodos alternados, e conforme diminua o número de casos, dando um fôlego ao sistema de saúde. Afrouxar as medidas quando diminuir o número de casos e adotar medidas mais severas quando aumentar. Isso, pelo menos, até 2022, na melhor das hipóteses.

     "Eu já fui otimista e hoje não sou mais." Drauzio Varela




     Não adianta ter fé, otimismo etc. e não cuidar de você e dos outros. A conscientização só é feita através do conhecimento.

      E a vacina? Mesmo que consigamos desenvolver uma vacina eficaz, existem várias questões que devem ser levadas em consideração. Para entender mais sobre isso eu recomendo o vídeo do biólogo Átila Iamarino. Então o que nos resta? Seguir o que a ciência diz, independente do Deus que você acredite.
              Covid-19 = Átila Iamarino


quarta-feira, 8 de abril de 2020

Sua fé não é ciência e a ciência não é fé.




     Darwin, em sua Teoria da Evolução, não explica como as coisas foram criadas, ele explica na verdade como elas evoluíram na Terra e constata que não é o mais forte que sobrevive, mas o que melhor se adapta ao meio. Isso não é uma questão de crença, são fatos cientificamente observados e comprovados em bilhões e bilhões de anos pela ciência. Farei uma analogia dessa teoria com os acontecimentos atuais.

     Infelizmente hoje muitos não se adaptaram ao século 21 e ainda insistem em viver na Idade Média e, negando as evidências, acreditam que a sua crença está acima de toda e qualquer razão. Não me refiro aqui às crenças em deuses, pois a história conta que ela vem de tempos remotos e o ser humano tem uma necessidade de se apegar a seres e fatos irreais para justificar coisas. Eu até entendo isso, a realidade é muito difícil de encarar e é por isso que a ciência tem pouca credibilidade popular e as religiões (diferente de crença) vêm tomando um espaço cada vez maior na contemporaneidade. Por que tanta gente acredita em Deus? Existe uma reposta científica e o Universo Racionalista responde brilhantemente:

https://universoracionalista.org/por-que-tanta-gente-acredita-em-deus-uma-resposta-cientifica/


     Crença é diferente de religião. A meu ver, a crença não é algo ruim, ela é necessária, como disse acima, afinal de contas precisamos de um conforto psicológico diante de coisas que desconhecemos, como a vida após a morte. É confortante pensar que a vida não acaba, que existe algo além dela e que vamos um dia encontrar nossos entes queridos em algum lugar. Isso é justificável.  

    Também é confortante pensar que há alguém lá em cima que olha por nós nos momentos de crise e desespero e nos momentos mais difíceis. Não vejo problema nenhum nisso e acredito que seja até algo saudável.
     
     O problema todo começa quando homens, meros seres mortais, se utilizam dessa fraqueza e carência humana para levantar templos e extorquir a fé e o dinheiro das pessoas como tem sendo feito, principalmente,  nos dias atuais. A fé virou uma mercadoria barata, que vem enchendo esses “mensageiros de Deus” de dinheiro. 

     Em um post anterior, eu disse que fé é algo pessoal e continuo pensando dessa forma, só que hoje ela vem causando problemas para todos. A religião e a fé viraram algo perigoso e está diretamente afetando uma população inteira. Mas por que eu penso assim?

     Estamos diante de um vírus que não respeita a “sua opinião” ou a sua crença, ele tem mecanismos próprios de propagação e a ciência estuda esses mecanismos para entender e explicar ao homem como funciona. Isso para que essa mesma população de crentes “negacionistas” científicos não seja dizimada por esse serzinho invisível e inconsciente.


     Voltando a Darwin, negar a ciência, negar os fatos, mostra que muitos não se adaptaram ainda ao século XXI e a todas as evoluções, inclusive virais, do mundo. Por mais que as religiões neguem a Teoria da Evolução, ela é um fato e independe do que você acha ou não: ela não vai deixar de existir.

     A ciência diz, com fatos e evidências, que o isolamento social deve ser feito urgentemente e explica como esse vírus se alastra e os cuidados que devemos ter. Mas, infelizmente, as pessoas insistem em ignorar evidências e fatos e põem a sua crença acima do racional e do sensato, colocando uma sociedade inteira em perigo. Deus não pe refutado e nem comprovado e a existência dele vai além disso. O Canal do Slow explica isso, vale a pena ver:


      Diante de tudo, só nos resta esperar (e lamentar) que a teoria darwinista seja mais uma vez comprovada pela estupidez humana, pois os vírus, as bactérias, os micróbios etc. evoluíram, mas o ser humano parece que, apesar de ter passado por esse processo na escala evolutiva, mentalmente retrocedeu. E a Teoria da Evolução seguirá seu rumo independente do que se acredite.


terça-feira, 31 de março de 2020

Covid – 19 ou Coronavírus





     Covid-19 é o nome da doença que o Corona vírus causa. Na verdade, o Corona é um antigo conhecido e pertence a uma grande família que causa infecções respiratórias leves e moderadas nos seres humanos e animais, principalmente em crianças     


     Circulou na internet um áudio ou vídeo de uma mulher dizendo que o vírus não resiste a temperaturas maiores de 26º. Isso é mentira, não há nenhuma comprovação científica de que o clima interfira na proliferação desse vírus. Nosso organismo tem uma temperatura normal de 36º, sem febre, logo se ele não sobrevivesse a temperaturas acima de 26º, não sobreviveria em nosso corpo. E mais: no Japão e na China, existe o hábito de beberem água morna ou quente, assim como alimentos em temperaturas mais altas. Logo, eles não deveriam pegar esse vírus, não é mesmo?


     No corpo humano sabemos que ele sobrevive, mas e nos materiais ou no ar? A Escola de medicina de Havard nos USA fez um estudo sobre a influência do clima. Durante o inverno, já que o vírus veio de regiões mais frias, não encontraram relação de que ele se propaga mais em regiões frias como antes acreditavam e que a temperatura mais quente, como no Brasil, poderia diminuir a velocidade da contaminação.


     A conclusão a que chegaram é que em lugares mais frios as pessoas tendem a se aglomerarem mais em locais fechados, o que facilita a propagação de vírus como o da gripe.

     Só que, no caso do vírus da gripe, o contágio é feito pelo ar, através de partículas de um espirro de alguém que esteja infectado. Já no caso do coronavírus, além do ar, temos a contaminação também por contato de substâncias nas quais as partículas caíram ao espirrar. Quando tocamos alguma mucosa, como boca, nariz ou os olhos, as mãos não devidamente higienizadas com água e sabão ou com álcool em gel são o veículo de contaminação.


     E por que esse vírus é tão perigoso? Exatamente pela forma de contaminação, que, como já dito antes, pode ser não apenas pelo ar, como no caso de um espirro, como também pelas superfícies e o contato das pessoas com essas superfícies elas podem vir a contrair o vírus
Tempo de vida do Corona vírus em diferentes superfícies:
Plástico.                5 Dias
Papel.             4 a 5 Dias.
Vidro.                    4 Dias
Madeira.               4 Dias
Aço.                    48 horas
Luva Cirúrgica.    8 horas
Alumínio.        2 a 8 horas


     Vale lembrar que não é uma gripezinha ou resfriadinho que não deixa sequelas. O desconforto da fase mais aguda da doença é muito grande e causa muito sofrimento, que atinge também pessoas mais jovens, embora que menos ocorrência, e não somente os mais velhos. Repito: as pessoas que sobrevivem – e felizmente são muitas, a taxa de mortalidade não é muito alta – ficam, no entanto, com consequências e sequelas incuráveis, principalmente pulmonares.
Vou dar um exemplo prático de tudo isso. Vamos supor que eu tenha contraído o vírus, mas não apresento nenhum sintoma. Resolvo ir ao centro da cidade e para isso pego um ônibus. Uma poeira entra pelo meu nariz e eu espirro, coloco, obviamente, a mão na boca, o ônibus chega e eu me apoio no ferro e na porta para subir, assim como, dentro do ônibus, vou me apoiando nos ferros até eu me sentar.


     Um senhorzinho entra logo atrás de mim e também se apoia e toca o mesmo lugar que eu para subir e com isso todas as pessoas que se apoiarem nos mesmos lugares serão infectadas.


     O grande problema é que o senhorzinho já tem problemas respiratórios e, por isso, irá desenvolver o vírus, já que o vírus atua principalmente nas vias respiratórias, o que para ele pode ser fatal.


     Isso não quer dizer que só velhinhos e velhinhas têm problemas respiratórios, qualquer um pode ter, não é mesmo? A pneumonia causada pelo Coronavírus, chamada de Covid-19, é muito mais séria.
É uma doença muito nova que está exigindo de cientistas do mundo todo muita pesquisa e a cura é muito difícil, exige muito tempo de internação em unidades de terapia intensiva, às vezes, por semanas, o que onera todo o sistema de saúde.


     A possibilidade de uma vacina é viável, mas que demoraria de 1 a 2 anos, pois depende de muitos testes e fatores. Ciência não é mágica e agora mais do que nunca precisamos dela. 



     A COVID-19 É UMA DOENÇA SÉRIA. PODERÁ ACOMETER MILHÕES DE PESSOAS E MILHARES MORRERÃO. POR ENQUANTO SÓ HÁ UM JEITO DE DETER A EPIDEDMIA: EVITAR O CONTÁGIO.
Eis porque precisamos ficar em casa.


Referências:
Fake News
Drauzio Varela: A transmissão do vírus da gripe acontece por via respiratória, geralmente pela inalação partículas de secreção infectada em suspensão no ar[3] .
Vírus em superfícies
Canal Nostalgia
'Estão ocorrendo mortes por coronavírus sem diagnóstico na rede pública', diz pneumologista da Fiocruz






domingo, 29 de março de 2020

A educação falece











 
     Antes de mais nada um aviso: essa é apenas uma opinião diante de tudo o que vem ocorrendo, mas como sempre me restringirei à educação, minha área de atuação.

     Apesar dessa pandemia, as pessoas, pelos menos as mais conscientes que não são da área, entenderam a importância do investimento em ciência e educação e a importância de o Estado (ente federativo) subsidiar os mais pobres, porque Estado não foi criado (pelo menos não deveria ter sido) para gerar lucro e sim para fornecer bem-estar social para sua população, principalmente nas horas de crise, como a que estamos passando.

     A grande questão é que temos um presidente que está indo na contramão de tudo isso e um governador (em São Paulo) oportunista, que, em contrapartida, acaba  sendo  competente. João Dória está se aproveitando e implementando o Ensino à Distância (EAD) descaradamente.
   
     Em uma de suas entrevistas, exaltou as empresas privadas, como se elas fossem as salvadoras do país, e enfatizou a ajuda do Estado para combater a COVID-19, colocando o valor na sigla dos milhões de reais. Para aquele que não estão  familiarizados com a economia, parecem valores realmente expressivos.

     Mas ele se esqueceu de dizer que as dívidas que deveriam ter sido pagas pelas empresas ao Governo em forma de impostos e que foram sonegadas beiram a casa dos bilhões. Tudo isso, no entanto, é uma questão de ordem de grandeza de apenas três zeros, coisa que está geralmente acima da compreensão do cidadão comum, ou passa despercebido por todos.

     Tudo isso vai custar à educação e aos professores uma reviravolta e agora acelerada  educação a distância para o ensino médio será implementada a partir do ano que vem. Como a rede oficial de ensino, ou seja, os diretores, professores, pedagogos etc. da rede pública, não está preparada e não será preparada a tempo para essa modalidade de ensino, o ensino a distância, a entrega à iniciativa privada da educação de nossos jovens será o passo que vai unir, para os empresários da rede privada, o abutres da plantão, o o útil ao agradável. Os professores que não se adaptarem serão excluídos desse sistema, principalmente os contratados, já que não precisarão de uma grande demanda de professores para o EAD e muito menos de pagarem transporte e alimentação, isso sem falar nas mudanças nos contratos que mesmo que haja concurso não terão mais a estabilidade do regime estatutário. Aliás, isso já está sendo feito.

     Não duvido nada que criem também uma emenda para tirar essa estabilidade dos já concursados.

     Para terminar, como eu disse, essa é apenas uma opinião, mas baseada em algumas coisas que li e que deixarei aqui embaixo para consulta e espero, mais uma vez, estar errada e torço para isso.

Discurso do Bolsonaro
O que esperar do Ministro da Educação
Discurso do Dória (governador do estado de São Paulo)




domingo, 23 de fevereiro de 2020

Se o Construtivismo é deturpado, imagina um Radical





           Giambattista Vico, o filósofo  italiano que Von Glaserfeld cita na sua teoria do Construtivismo Radical, diz que devemos abandonar a crença inveterada de que o conhecimento deve estar em algo além do que conhecemos.
Para Piaget, outro grande influenciador, aliás, por isso o nome “Construtivismo Radical”, defende que um objeto não é algo em si, mas algo em que o sujeito, através de sua cognição, constrói ao fazer distinções e coordenações em seu campo perceptivo.


      E assim o autor dessa nova forma de construtivismo critica o solipsismo, ou seja, a concepção filosófica de que, além de nós, só existem nossas experiências. 

      Partindo dessa premissa, ele critica alguns posicionamentos científicos: “Quando minhas ações fracassam e sou obrigado a fazer uma acomodação física ou conceitual, isso não me garante supor que o meu fracasso revele algo que “existe” além da minha experiência.”
      
      O que ele quer dizer é que, segundo a teoria construtivista de Piaget, já explicada em posts anteriores, quando temos que reformular nossos pensamentos e criar novas acomodações, nós o fazemos baseados em coisas que já conhecemos, não em algo inimaginável.
     
       Para ele, a matemática reflete o mundo real, através dos signos que criamos nela; e as nossas experiências e o que conhecemos é o que a faz ser real e ganhar sentido.


      Mas, qual é o papel do professor nisso tudo? O professor construtivista, segundo suas próprias palavras, não desiste de seu papel como guia, mas, ao invés de liderar, ele incentiva e orienta o esforço construtivo de seus alunos (por isso o nome construtivismo). Ele (o construtivismo radical) não nega uma verdade, ele ajuda a construí-la, através de todo o conhecimento já assimilado e acomodado anteriormente e o papel do professor é de guia, como dito acima.
      
      Por que então radical? Além da maneira como o professor é visto, além de transmissor e detentor de conhecimento, já definido e deturpado no próprio construtivismo de Piaget, visto que, segundo algumas interpretações, o professor não pode corrigir o aluno, no construtivismo Radical, a deturpação está no fato de alguns acreditarem que o professor é dispensável, o que não é verdade, como já colocado acima, mas de maneira bem simples, Von Glaserfeld faz uma crítica à forma como o conhecimento científico é visto: “Quando deixamos o conhecimento científico se transformar em crença e começamos a considera-lo um dogma inquestionável estamos indo ladeira abaixo. ”

      E mais...

      “Neste sentido, nós é que somos responsáveis pelo mundo que estamos experimentando. Como reiterei muitas vezes, o construtivismo radical não sugere que possamos construir o que quisermos, mas afirma que dentro das restrições que limitam nossa construção ele é um espaço para uma infinidade de alternativas. Portanto, não parece oportuno sugerir uma teoria do conhecimento que chame a atenção para a responsabilidade do conhecedor pelo que ele constrói.”

       No construtivismo radical, o professor não é descartado, muito menos a verdade objetiva, nem suprime a crítica e o debate, muito pelo contrário, o construtivismo radical, assim como o construtivismo piagetiano, foi mal interpretado. Essa teoria proposta por Von Glaserfeld não afirma ter encontrado uma verdade ontológica, mas apenas propõe um modelo hipotético que pode vir a ser útil e adaptado.




Referências:
von Glasersfeld, E. (1989) Abstração, representação e   reflexão. Em LPSteffe (Ed.) Fundamentos epistemológicos da experiência matemática . Nova York: Springer, no prelo.
von Glasersfeld, E. (1980), Adaptação e viabilidade, American Psychologist, 35 (11), 970-974.
Vico, G.-B. (1858) De antiquissima Italorum sapientia (1710) Nápoles: Stamperia de ' Classici Latini
Piaget, J. (1969) Mecanismos de percepção. (Tradução de G.N.Seagrim) Nova York: Basic Books

sexta-feira, 31 de janeiro de 2020

O construtivismo de Piaget em discussão: a socialização e a criança





     Continuando a falar de Piaget, vamos adentrarmos no tão questionado construtivismo radical criticado por Mario Bunge, autor do texto publicado no site do Universo Racionalista por Douglas Aguiar, que você pode conferir aqui.

     Piaget diz que a socialização vai ocorrer não apenas através de sua maturação biológica, mas também através de seu desenvolvimento social, capacidade de relacionar-se, melhorando assim suas interações sociais e, apesar de não dar ênfase nas relações sociais, Piaget analisa este avanço:


     Estágio sensório-motor (de 0 a 2 anos): diz que é abusivo falarmos de uma real socialização da inteligência, pois essa fase tem muito pouca (ou quase nada) de interação social. A criança está muito focada em seus aspectos sensoriais (descobrindo sensações). Concluindo: Não podemos falar em socialização da inteligência nesse estágio.

     O estágio Pré-Operatório(de 2 a 7 anos aproximadamente): é quando começa o processo de trocas intelectuais equilibradas, ou seja, quando a criança já percebe o outro e convive, mas essa troca ainda não está equilibrada totalmente (a criança ainda não presta atenção ao que a outra fala) e, nesse estágio, ocorrem três características que ainda limitam as trocas intelectuais equilibradas:
- Falta de capacidade para aderir a uma escala comum de referência, condição necessária para o verdadeiro diálogo.

- A criança não conserva, necessariamente, durante uma conversa, as definições que ela mesma deu e não sustenta suas afirmações.

- Dificuldade de se colocar no lugar do outro, o que impede uma relação de reciprocidade.

     Os primeiros estágios citados são suficientes e já esclarecem o que a teoria de Piaget pensa a respeito dos primeiros parágrafos do artigo de Bunge no UR, mas vou continuar descrevendo-os para que não haja dúvidas.

     Num jogo, ou brincadeira, por exemplo, as crianças seguem ou fazem suas próprias regras: é a fase egocêntrica, da “centração”, não há ainda a cooperação. Elas não sentem necessidade de regras. A criança também se contradiz, ela se preocupa somente com aquilo que ela quer transmitir naquele momento, caracterizando assim o pensamento egocêntrico.

     Para Piaget e muitos outros autores que desenvolveram teorias sobre o Construtivismo, as noções do “Eu” e do “Outro” são construídas conjuntamente, num longo processo de diferenciação, ou seja, num processo de comparação com o outro, assim ela percebe quem ela é. Já com relação à personalidade, para Piaget, as relações subjetivas irão construir sua própria personalidade, até porque é nessas diferenciações que ela consegue definir o “eu” e o “outro” e, dessa forma, há uma superação do egocentrismo, antes tão presente, passando a enxergar o “outro” e conhecendo seu próprio “eu”, apresentando seu ponto de vista, não mais de acordo com o que o outro pensa (imitação) e, assim, passa a compreender e seguir regras.
     
     Percebemos que Piaget deixa claras as interrelações dos sujeitos num processo de desenvolvimento de cada um e, quando ele diz que se torna personalidade (uma coordenação da individualidade com o universal), ela passa a  construir sua autonomia.

     O Construtivismo Radical proposto por Ernst von Glasersfeld, confira aqui, segue a mesma linha de Piaget. Então, para que tenhamos uma análise clara do que ele propôs, precisamos compreender um pouco a teoria piagetiana. Existem diversas críticas na proposta de Von Glasersfeld, mas acredito que valha a pena uma análise mais aprofundada para um melhor entendimento.
Agora você pode estar se perguntando: Como uma simples professora de física tem a ousadia de questionar um dos grandes filósofos científicos contemporâneo  Mario Bunge? Pois é! Conheça mais a vida desse grande filósofo aqui

     Esse texto é a continuação do texto anterior que você pode ler aqui


Leia mais: Piaget, Vigotski, Wallon: Teorias psicogenéticas em discussão por Yves de La Taille (Autor), Marta Kohl de Oliveira (Autor), Heloysa Dantas (Autor).

terça-feira, 21 de janeiro de 2020

VAMOS ENTENDER MELHOR PIAGET?




Para começar a falar de sua teoria, uma coisa precisamos ter em mente, Piaget não era pedagogo e não criou método nenhum de aprendizagem. Muitas das confusões partem dessa ideia equivocada. Ele não desenvolveu sua teoria para ser aplicada diretamente na sala de aula, o que fez foi um estudo sobre como se desenvolve a aprendizagem de uma maneira geral. Então, a sua teoria, para ser aplicada na escola, deve ser validada por estudos pedagógicos.
 Outra questão mal interpretada: a criança aprende sozinha. O que Piaget propõe é a interação com aquilo que devem aprender. Assim, por exemplo, o professor projeta uma atividade de pesquisa e de exploração em que os estudantes buscam pelo conhecimento, ao invés de apenas assimilarem o conteúdo pelo professor, e este age de forma ativa nessa construção. Por isso, o nome CONSTRUTIVISMO.
Mais um erro: não pode corrigir o aluno (essa é clássica). Na verdade, o que sua teoria propõe é que o discente comece a questionar o aluno sobre aquele ponto incorreto até que ele perceba seu erro – mas, sim! - o professor pode corrigir o aluno, direcionando-o para a resposta correta.
Os estudos de Piaget concluíram que a interação social é importante para que os indivíduos evoluam seus diferentes pontos de vista e que, ao compará-los, tenham uma melhor compreensão sobre determinadas questões.
Para o autor, tudo o que sabemos do mundo é resultado de nossas interpretações, de nossas experiências de vida e, como cada um tem suas experiências, cada um tem suas próprias interpretações. Chama-se a isso interpretativismo. Isso não quer dizer que a sua interpretação esteja correta, pois, dentro do mundo acadêmico, há estudos e teorias que não devem ser menosprezados.
O interpretativismo é a epistemologia que está na base do construtivismo.
Partindo desse pressuposto, tivemos vários tipos de construtivismo, mas eu focarei em um que me chamou bastante a atenção, por causa de uma postagem feita no site do Universo Racionalista sobre um tipo específico de construtivismo: O Construtivismo Radical de Von  Glasserfeld. https://universoracionalista.org/toda-crianca-nasce-cientista/
Mas, isso vai ficar para o próximo post. Este é o primeiro de uma série que farei para compreender um pouco mais sobre o construtivismo e a vertente do Construtivismo Radical.

Para saber mais:


quinta-feira, 2 de janeiro de 2020

Ousar educação em 2020


     

Faz tempo que não escrevo para este blog, mas é que há tanta coisa acontecendo, tantos absurdos, principalmente na área da educação, que nem sei por onde começar. Na verdade, não vou falar disso (das coisas ruins que aconteceram), estou cansada! Estou tentando reunir forças para o ano que está começando, e o outro, e o outro, afinal serão mais três anos de martírio. As próximas décadas já estão sentenciadas pelo neoliberalismo e pela ignorância, mas e agora?

     Agora tracei metas e vou segui-las, para que, pelo menos o futuro dos nossos netos, bisnetos, tataranetos etc. seja melhor do que os dos próximos anos, e uma delas é fazer com que a educação seja melhor, mas não qualquer educação, a educação pública/social.

     Mesmo diante de todos os “perrengues” que nós, professores, passamos, estamos passando e passaremos, não desistirei do meu ofício de ensinar e, enfatizando e parafraseando o mestre Paulo Freire, ensinar não é transmitir conhecimento, é desenvolver cidadãos críticos e conscientes dos seus direitos e deveres, pois assim consta, inclusive, nos documentos oficiais. Aliás, bastaria os professores conhecê-los (Constituição, Lei de Diretrizes e Bases, Diretrizes Curriculares Nacionais etc.) a fundo - e exercerem sua função - que teríamos um país bem diferente do que é hoje, com outro tipo de governantes. 

     A escola pública não é uma preparação para a vida ou para o mercado de trabalho, é a própria vida onde deveriam ser ativadas as potencialidades, as capacidades, os interesses e as necessidades. Professores deveriam, independente das condições, estar ao lado de seus alunos e fazê-los lutarem por uma educação digna e justa (incluindo as condições docentes).

     Que no ano de 2020 haja mais conscientização, não somente dos alunos e alunas, mas também dos professores e professoras e que todos e todas lutem por uma educação de qualidade e que a mensagem e luta de Paulo Freire continue viva entre aqueles e aquelas que desejam um futuro melhor.


                                

                                       Fonte: Guia do Estudante/Abril

     Como disse Paulo Freire no seu livro “Professora sim, tia não. Cartas para quem ousa ensinar: “É preciso ousar para ficar ou permanecer ensinando por longo tempo nas condições que conhecemos, mal pagos, desrespeitados e resistindo ao risco de cair vencidos pelo cinismo. É preciso ousar, aprender a ousar, para dizer não à burocratização da mente a que nos expomos diariamente. É preciso ousar para continuar quando às vezes se pode deixar de fazê-la, com vantagens materiais.”

PROFESSOR, EXIJA RESPEITO!

Para terminar um vídeo explicando o óbvio, o que, nesse ano controverso, não foi tão óbvio assim.

QUEM NÃO É PAULO FREIRE? #meteoro.doc