FÍSICA SEM EDUCAÇÃO

A única maneira de fazer o Brasil progredir é com educação, informação e caráter.

domingo, 30 de dezembro de 2018

E tudo isso é para sua segurança!

Uma das bandas de maior sucesso da década de 80. Os jovens da época eram mais politizados, mas nada mudou por parte do estado, inclusive na ciência e educação. Dias sombrios virão novamente.

                                                   Proteção

"Será verdade,será que não
Nada do que eu posso falar
E tudo isso pra sua proteção
Nada do que eu posso falar

A PM na rua, a guarda nacional
Nosso medo sua arma, a coisa não tá mal
A instituição está aí para a nossa proteção
Pra sua proteção

Tanques lá fora, exército de plantão
Apontados aqui pro interior
E tudo isso pra sua proteção
Pro governo poder se impor
A PM na rua nosso medo de viver
O consolo é que eles vão me proteger
A única pergunta é: me proteger do quê?
Sou uma minoria mas pelo menos falo o que quero apesar repressão
É para sua proteção
É para sua proteção

Tropas de choque, PM's armados
Mantêm o povo no seu lugar
Mas logo é preso, ideologia marcada
Se alguém quiser se rebelar
Oposição reprimida, radicais calados

Toda angústia do povo é silenciada
Tudo pra manter a boa imagem do Estado!
Sou uma minoria mas pelo menos falo o que quero apesar da repressão!
É para sua proteção
É para sua proteção
Armas polidas e canos esquentam
Esperando pra sua função

Exército brabo e o governo lamenta
Que o povo aprendeu a dizer "Não"
Até quando o Brasil vai poder suportar?
Código Penal não deixa o povo rebelar

Autarquia baseada em armas - não dá!
E tudo isso é para sua segurança
Para sua segurança"

Cifra - letra de música.



quarta-feira, 26 de dezembro de 2018

Contra notícias falsas, educação midiática




Por Renata Cafardo

Gente, 

no início deste mês fui aos EUA, conheci o país pós-Trump e a luta contra as fake news. Ela passa, invariavelmente, pelas escolas, pelas crianças e por nós, jornalistas. Hoje público na minha coluna no Estadão um pouco do que aprendi por lá:

Na manhã seguinte às eleições americanas que elegeram Donald Trump, a professora de Inglês Kerri Mauer, de uma escola pública nos arredores de Washington, decidiu que precisava fazer alguma coisa. As fake news tinham se tornado protagonistas no pleito que escolheu o novo presidente dos Estados Unidos, em 2016. E a única maneira de “salvar a democracia”, pensou a professora, era ensinar os estudantes a analisar criticamente as informações que chegavam a eles.

          Ela então criou um projeto do que, em inglês, é chamado de media literacy. O assunto é tão novo no Brasil que mal existe consenso sobre a melhor tradução.

 Uns usam alfabetização midiática; outros, educação midiática. Mas o significado é o mesmo: dar ferramentas para que crianças e adolescentes saibam discernir o que são textos de opinião, reportagens, conteúdos patrocinados, sátiras etc. E, com essa melhor compreensão das informações, não acreditem facilmente e nem passem para frente as notícias falsas.

O termo fake news, inclusive, é quase proibido hoje entre os que estudam o tema nos EUA. Os especialistas dizem que a expressão ganhou uma conotação política e é usada por quem quer desqualificar notícias que não o favorecem. Mas que, quase sempre, são verdadeiras.
Uma das maiores pesquisadoras do assunto, Renee Hobbs, da Universidade de Rhode Island, ensina professores e jornalistas a substituírem “fake news” por algo como “desinformação”, “notícias tendenciosas”, “caça-cliques” e até “propaganda”. Ela criou uma pós-graduação sobre o tema e acredita no poder da educação midiática para transformar as novas gerações.
“Não estamos discutindo política, estamos discutindo o que é verdade e o que não é”, disse Carl, de 14 anos, sobre as aulas de Kerri, na Escola Albert Einstein, que visitei este mês a convite do Departamento de Estado dos EUA. “O que eu aprendi é uma ferramenta para a vida”, completou a colega Yanzey.

A professora me contou que – por causa da resistência de alguns pais – toma extremo cuidado para não expressar opiniões pessoais durante o curso. Kerri diz que ouviu falar da polêmica em torno do projeto Escola sem Partido e que esse cuidado é uma dica para facilitar a implementação de algo parecido em escolas brasileiras. No curso, ela apresenta reportagens de várias mídias, pede pesquisas e estimula análises e debates sobre conteúdos.
Segundo dados da The News Literacy Project, uma ONG americana que estuda o assunto, as notícias verdadeiras levam seis vezes mais tempo para atingir 1.500 pessoas do que as falsas. Os primeiros projetos de media literacy feitos nos EUA já mostram que quem participa de cursos sobre o assunto se sente muito mais confiante em corrigir notícias falsas e até mais estimulado a votar. E, de quebra, a competência faz com que crianças e jovens fiquem menos propensos a praticar ou se expor a violências no mundo digital.

No Brasil, a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) para o ensino fundamental e médio incluiu a análise e a composição de textos jornalísticos como habilidades que devem ser aprendidas nas escolas daqui para a frente. Foi uma vitória de entidades como Unesco e Instituto Palavra Aberta. Até então, reportagens costumavam ser usadas apenas em aulas de redação, para discutir estilo de texto.
       
           A educação midiática pode ainda ser uma importante aliada no combate às inúmeras deficiências da nossa educação, que fazem com que brasileiros de 14 anos mal compreendam o que leem. Isso porque ela fala do mundo digital, ambiente que os jovens costumam dominar. Esse atrativo pode acabar não só melhorando a habilidade de leitura, mas sendo uma contribuição imensa para o desenvolvimento do senso crítico das crianças e para a formação de cidadãos mais conscientes.



Há a revista editada na ECA - https://www.revistas.usp.br/comueduc/ -, criada pela Maria Aparecida Baccega, hoje professora e pesquisadora do PPGCOM-ESPM. Ela é a nossa decana. 

Um ótimo 2019 pra vocês. Desejo que o próximo ano seja mais ameno e que estejamos preparadas para os desafios que virão. 


sexta-feira, 21 de dezembro de 2018

Riscos, círculos e circunferências

O livro MÚLTIPLAS INTELIGÊNCIAS NA PRÁTICA ESCOLAR da autora Kátia Cristina Stocco Smole é um livro maravilhoso que trata, como o próprio título sugere, as múltiplas inteligências e apesar de estar voltado mais à educação infantil é um livro que cabe para alunos e alunas de qualquer idade. Vele a pena conferir!




Riscos, círculos e circunferências Pinturas e belezas Um mundo em preto e branco com apenas circunferências sem nem mesmo um ângulo Apenas círculos redondos Nem ao menos corpos sólidos
Régua, compasso e a mão de um artista A paciência faz parte Tem que ser bem otimista
De um minuto em diante comecei a reparar
umas cores esquisitas lá no fundo a flutuar
Só depois que percebi que poderia criar lindas e legais circunferências para o desenho se transformar
O compasso criou a circunferência
o lápis pintou o círculo
será que o compasso é mais importante?
Ou a circunferência não depende do círculo?
Se o compasso do big bang não estivesse bem afiado será que seria possível vivermos num mundo quadrado?


 Aluna da 4ª série-: Endy-Ara

Trecho extraído do livro Múltiplas inteligências na prática escolar - Cadernos da TV Escola, encontrado nesse link 

sábado, 15 de dezembro de 2018

Soluções para a educação


Toni D' agostinho


As preocupações dos empresários brasileiros ficam explícitas, quando, em documentos da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo – FIESP (1990), constata-se a necessidade da especialização da mão-de-obra na indústria para não aumentar os riscos dos altos investimentos na nova base tecnológica. A formação do capital humano é essencial para novos investimentos, de acordo com o documento. Os empresários dão-se conta de que a escolaridade, em bom nível de aprendizado, o treinamento e o “adestramento” (GIROLETTI, 1987, p.1) do trabalhador, desde sua formação escolar, ainda figura como importante meta nas políticas públicas educacionais, bem como vem justificar “a criação de inúmeras instituições educativas organizadas para esse fim” (FRIGOTTO, 2001, p.40). O Estado, ajustado ao ideário neoliberal, passa a desempenhar novo papel nessa relação entre produtividade, escolarização e administração escolar, voltadas, nas décadas de 1980 e 1990, ao cumprimento de metas influenciadas pelo Banco Mundial. Como vimos em Eric Hobsbawm (apud HELOANI, 1994, p. 98), “o discurso da ampla reforma do Estado surge como um dos fundamentos das políticas da década de 1980”. Nesse discurso, incluemse a “empregabilidade, privatização, mercado, flexibilização dos contratos de trabalho” (HELOANI, 1994, p. 99) como parte da terminologia no interior das organizações públicas e privadas, que passam a compor os temas que ocupam o cenário dos novos comportamentos sociais, individuais e políticos nos diferentes níveis dessas organizações, incluindo as estruturas hierárquicas. A burguesia, ou os homens de negócio, apropria-se dos espaços das políticas públicas, pelas vias da aproximação dos homens de poder no cenário da política partidária e governamental, e acaba por influenciar as tomadas de decisões e ações de governos na defesa dos conceitos da polivalência e policognição, “expressão mistificada e apologética” (FRIGOTTO, 2001, p.54), em que se situam o homem e suas necessidades como o eixo da produção e da formação, sobre as estruturas do sistema de ensino. As inúmeras receitas dos consultores de recursos humanos, ou dos homens de negócio, “convergem para as características da flexibilidade, versatilidade, liderança, orientação global, comunicação, habilidade de discernir, equilíbrio físico-emocional” (BOCLIN, 1992: 21 apud FRIGOTTO, 2002, p.54), compondo um receituário curricular que se incorpora à cultura da instituição escolar sob comando da direção de escola.





Assim, a escola recebe as regras e cumpre-as, quando não questionadas e contraditas pela comunidade e pelos profissionais da educação, sofrendo, em sua estrutura interna e sua organização, a ingerência dos homens de negócio, uma vez que, estando “impelida pela necessidade de mercados sempre novos, a burguesia invade todo o globo, necessitando estabelecer-se em toda parte, explorar em toda parte, criar vínculos em toda parte “ (MARX; ENGELS, [197-?] v.1.), o que o faz, quando financia o sistema de ensino em todo o país. Como resultado dos acordos internacionais com o Banco Mundial, os homens de negócio e o Estado brasileiro “esvaziam os clamores dos movimentos reivindicatórios por uma educação nos moldes do Japão e Tigres Asiáticos, pois se voltam em defesa de uma escola pública demarcada por um patamar possível apenas (nos limites) da alfabetização funcional” (FRIGOTTO, 2001, p.57). A consequência, em nível de administração e gestão escolar, é a rígida estrutura hierárquica e idiossincrática no seio da escola, para a manutenção do ideário neoliberal, sem, logicamente, a participação da sociedade.


A exclusão da sociedade e a impossibilidade de participação só serão combatidas quando representarem, na bandeira da ação pedagógica, a conquista da autonomia, a conscientização da comunidade educativa sobre o necessário processo de democratização do ensino, de empoderamento da sociedade no espaço público, de mudanças dos paradigmas da gestão escolar nos moldes da administração empresarial, nos paradigmas da qualidade de ensino demarcados pela “estreiteza do ajuste ao mercado de trabalho” (FRIGOTTO, 2001, p.58). A democratização nos espaços públicos da educação é uma questão, em última análise, de conquista de direitos sociais. Como dizem Francisco de Oliveira e Eric Hobsbawm, no texto de Frigotto (2001), a construção de formas sociais “efetivamente democráticas, tem como exigências que os sujeitos sociais coletivos tenham capacidade de ampliar a esfera pública e ter acesso ao que é público” (FRIGOTTO, 2001, p.80), o que implica um processo de retomada dos espaços da escola por parte da comunidade.


Essa foi a resenha de uma pesquisa sobre a implementação de um modelo de gestão escolar democrática que resultou em dissertação de mestrado do Professor Wagner Impellizzieri, da Universidade Cruzeiro do Sul e Universidade Cidade de São Paulo

domingo, 2 de dezembro de 2018

De Vygotsky aos youtubers






A teoria de Vygotsky é uma teoria comportamental, ele é um interacionista, ou seja, acredita que a formação da criança se faz, além dos estímulos genéticos, com a interação com o meio, o comportamento é influenciado através das relações com as pessoas ou grupos. A atividade e a comunicação são fatores determinantes dentro dela. Quando realizamos uma atividade manifestamos a nossa capacidade cerebral e assim temos a necessidade de nos comunicar. É isso que nos diferencia dos animais, pois eles agem somente pelos instintos.
Nas atividades mostramos quem somos e assim conseguimos compreender o outro e nos comunicamos através do que Vygotsky chama de signos, que é algo que está situado fora do indivíduo. Mas o que são os signos? Usamos eles para dar forma aos nossos pensamentos, estabelecer uma linguagem e essa linguagem pode ser através das palavras, imagens, letras e etc. O conjunto dos signos formam as palavras e o conjunto delas formam as linguagens, o sistema simbólico. Utilizamos os signos para nos manifestar com funções simbólicas.
Vygotsky também se refere ao significado, que é uma zona do sentido que a palavra adquire na zona do discurso. Palavra e significado são coisas distintas, a palavra é influenciada pelo contexto, portanto a palavra é mutável, já o significado é imutável, fixo e o sentido é indissociável do significado, que mostra qual é o significado dito.
Tudo tem um sentido, que abrange a subjetividade, a emoção e tudo isso (signo, palavra, significado, emoção) serve para compreendermos o pensamento e a linguagem, aquilo que pensamos e exteriorizamos, que faz a relação com os meios sociais, onde daremos sentidos e transformamos o meio contribuindo assim para a evolução do homem, historicamente falando, assim o homem, através do conhecimento que adquire e da linguagem, contribui para a transformação do outro. A emoção, segundo o autor, é a disponibilidade dos recursos subjetivos para o desenvolvimento de uma atividade, e o exemplo disso é a motivação.

E o que motiva/influencia essa onda ultraconservadora que assola o país, inclusive as pessoas? O poder, mais do que o dinheiro, que convenhamos não falta para esse povo, mas para a população que compactua com eles sim, afinal quem está por trás dessa ideologia são os multimilionários, mais precisamente os americanos. A palavra felicidade, por exemplo, está ligado a um significado diferente do que para o restante da população, a emoção e a motivação, segundo a definição de Vygotsky, que se assemelha muito a nossa, a felicidade é baseada num sentimento/emoção de bem-estar, que reúne todos os momentos felizes que tivemos no decorrer da sua vida, mas para eles isso está diretamente ligada à sensação de poder e dinheiro. Assim funciona o sistema em que vivemos, o capitalismo. O que para muitos também acaba tendo o mesmo significado.


Um exemplo disso são os youtubers, o poder para eles está voltado ao reconhecimento, mais do que ao dinheiro e sem dúvida influenciam e muito nossos jovens através dos seus canais e penso que agora seria a hora de nos aproveitarmos disso para vencer esse conservadorismo. A internet hoje é ainda um lugar democrático, muito mais do que qualquer outro. Esses que possuem hoje um canal na internet e estão percebendo o que essa nova política que vem sendo formada está ocasionando devem lutar contra isso e devemos nos unir a eles, não por questões partidárias, mas por questões políticas.

O novo ministro da educação, em sua entrevista, como você pode ler aqui, deu algumas dicas de onde começarão a “moldar” os pensamentos dos futuros eleitores mais jovens, no Youtube, quando declarou que os jovens hoje deveriam empreender na internet. Não podemos esquecer que ele é um dos que apoia veementemente o projeto do Escola Sem Partido. Essa declaração, a meu ver, mostra claramente as intenções deles, resumindo, aliciar jovens menos esclarecidos politicamente para disseminar suas ideias conservadoras.
Espero que os youtubers e os educadores se unam nessa empreitada, deixando de lado as brigas ideológicas e partidárias, pois se isso não for feito jogaremos o país a um retrocesso sem tamanho. Independentemente de qualquer coisa a liberdade e a democracia devem ser sempre preservadas, visando sempre o bem de todos e a igualdade social.

Mais um pouco sobre o tal Olavo de Carvalho pelo El País