FÍSICA SEM EDUCAÇÃO

A única maneira de fazer o Brasil progredir é com educação, informação e caráter.

segunda-feira, 27 de abril de 2015

Veja na Veja a desonestidade



Já é bem conhecida a minha aversão à revista Veja. Mas, isso não é gratuito, nem uma idéia pré-concebida. Essa aversão foi formada depois de ler inúmeros artigos publicados nessa revista,  dos mais diferentes autores, na área de política e, principalmente, educação. Até agora, não consegui ler um só texto que não tivesse uma opinião tendenciosa ou mesmo mentirosa e distorções de fatos reais. Muitos textos apresentam as três coisas juntas.

Um “amigo” no Facebook, leitor assíduo e admirador da revista, não conformado com minhas críticas, resolveu me enviar um artigo, para que eu percebesse que a revista também tem algo de bom (sei lá) ou tentasse me persuadir a tirar essa má impressão que eu tenho da dita cuja.
Pacientemente, abri o texto e li, antes de responder, reli inconformada, e “reli novamente” e respondi, no Facebook mesmo, que iria fazer um artigo para meu blog e lhe mandaria o link.
Eis, portanto, a minha análise.

No início do texto, ele cita a cidade e suas informações geográficas e sociais, sem nada em especial. Logo começa a se referir ao sistema de ensino maravilhoso e aos índices alcançados, apesar da situação econômica precária da região. Até aí, sem novidade. Então, começa a falar dos ótimos índices de IDEB que a cidade, apesar de sua situação financeira precária, consegue alcançar. O que não tira seu mérito por isso.

Mas, aí começa a desonestidade (não encontrei palavra melhor).

Para o leitor leigo, não fica claro, no início do texto, se a rede da escola citada é municipal ou estadual, o que mudaria, e muito, em relação aos índices. Ela diz que a cidade é uma referência de qualidade por ter uma “política pouco pautada por invencionices e muito apoiada em eficiência, meritocracia e equidade”.

Tentei identificar a tal “meritocracia e equidade” e descobri que é baseada, segundo a autora, numa premiação dada aos prefeitos, cuja rede de Ensino Fundamental obtiver a melhor qualidade na Prova Brasil. Lembro que essa é desenvolvida pelo INE/MEC , como se pode verificar aqui , aplicada a cada 2 anos, possibilitando avaliar o desempenho dos sistemas educacionais.

Então, não entendi: para premiar, precisa que o ESTADO avalie?

A desonestidade fica maior quando, após uma rápida pesquisa, descubro que quem premia o prefeito com 200 mil reais é a Organização Odebrecht e a Gávea Investimento, junto com o IAB  (Instituto Alfa e Betol) e conta com a “incrível” colaboração da revista Veja. Aí, eu comecei a rir. Sem contar que a premiação é baseada nas competências básicas de desenvolvimento acadêmico estipulado pelo MEC (mas, não era sem intervenção estatal?).

Para finalizar, apesar de haver mais coisas a serem questionadas, lembro que o MEC também oferece um prêmio às escolas, gestores e diretores que obtêm bons índices, tanto no IDESP quanto no SARESP, cujo método de premiação já critiquei  em outro artigo, que pode ser lido aqui 


 Um adendo: esse texto não é uma crítica à escola, nem ao prefeito, muito ao contrário, parabenizo os dois pelos bons desempenhos e, com certeza, é um exemplo a ser seguido. Os índices da Prova Brasil são superiores ao do SARESP,  no que se refere às escolas de ensino médio dos estados, competência do governador estadual, enquanto no caso mencionado a competência é da prefeitura.

 Se quiser ler o texto ao qual me refiro, coloquei aqui na íntegra:



“Brejo Santo, no Ceará, é exemplo de "cidade educadora"
A qualidade do ensino depende menos de Brasília do que de prefeitos comprometidos: com base nessa premissa, um novo prêmio destaca os municípios que promoveram avanços extraordinários em sua rede de escolas. O primeiro vencedor é Brejo Santo, no Ceará
Por: Bianca Bibiano, de Brejo Santo em 19/04/2015
Localizada aos pés da Chapada do Araripe, a 521 quilômetros de Fortaleza, Brejo Santo é uma cidade bem brasileira. Com pouco menos de 50 000 habitantes, situação de quase 90% dos municípios do país, ela ostenta IDH pouco inferior à média nacional e renda por habitante quase 70% menor. Poderia repetir também os péssimos resultados da educação brasileira, mas vem conseguindo escapar ao destino. No Ideb de 2013, índice do governo federal que combina taxas de evasão e repetência com desempenho escolar no nível fundamental, a cidade exibe nota 7,2 - a média brasileira é 5,2. Em uma das unidades locais de ensino, a Escola Maria Leite de Araujo, a presença de galinhas no pátio de terra batida não permite suspeitar de uma nota invejável: 9,2. O curioso é que, até 2009, a cidade cearense era ainda mais parecida com o Brasil. Cerca de 70% dos alunos não aprendiam o esperado em português e matemática. De lá para cá, a rede de ensino vem registrando avanços seguidos. Em 2013, finalmente, virou o jogo: 72% dos estudantes do 5º ano atingiram o patamar adequado de aprendizagem em matemática, por exemplo, taxa que chegou a impressionantes 100% na Maria Leite de Araujo. O índice brasileiro é 32%.
O que faz da cidade uma referência de qualidade é uma política pouco pautada por invencionices e muito apoiada em eficiência, meritocracia e equidade. No dia a dia, isso se traduz em práticas eficazes em sala de aula, avaliação e premiação de professores e garantia de que todos os alunos recebem o mesmo ensino. "Coloquei a educação no centro do meu projeto político, porque sei que isso terá impacto nos demais setores na vida local", explica o prefeito Guilherme Sampaio Landim (PSB). Pelo serviço, o jovem médico de 29 anos receberá na semana que vem, em cerimônia em São Paulo, o Prêmio Prefeito Nota 10, promovido pela primeira vez pelo Instituto Alfa e Beto (IAB). O prefeito vencedor ganha 200 000 reais.
O objetivo do Prefeito Nota 10 é identificar a rede municipal de ensino com melhor desempenho na Prova Brasil, exame federal que avalia estudantes de 5º e 9º anos do ensino público e que compõe o Ideb. Concorriam ao prêmio somente cidades com mais de 20 000 habitantes em que ao menos 80% dos alunos tivessem participado da Prova Brasil. Desses, 70% tinham de provar que sabiam o que se esperava deles. Nenhuma cidade, nem mesmo Brejo Santo, preencheu esse último critério. O IAB chegou então a doze municípios com resultados destacados e apontou os melhores em cada região do Brasil. Na Região Norte, infelizmente, nenhum município atingiu os índices necessários.
Reconhecendo a cidade com melhor média, o prêmio retira dos holofotes administrações que mantêm escolas-modelo, mas não replicam a qualidade desses centros de excelência em toda a rede. "A qualidade do ensino de nossas crianças depende menos de Brasília do que de municípios e de prefeitos comprometidos", diz o educador João Batista Araujo e Oliveira, presidente do IAB. De fato: 54,7% dos quase 30 milhões de alunos do ensino fundamental brasileiro estudam em unidades municipais. "O prêmio quer identificar quem consegue fazer um grande trabalho em escala, levando qualidade a todas as escolas que administra", acrescenta Oliveira.
A receita de Brejo Santo não tem lugar para ingredientes exóticos. "Fazemos feijão com arroz benfeito todos os dias", diz Ana Jacqueline Braga Mendes, secretária de Educação. O cardápio inclui regras rígidas para alunos e professores. Os 11 771 estudantes têm dever de casa. Se um deles falta, a escola entra em contato com sua família. "Isso reduziu drasticamente o abandono", diz a secretária. O prefeito também mexeu em leis e recorreu a medidas inicialmente consideradas impopulares. Unidades que mantinham as chamadas classes multisseriadas, em cujos bancos se sentavam lado a lado crianças de 7 a 12 anos, foram fechadas, e os alunos, transferidos para locais mais distantes, porém estruturados. Professores, por sua vez, passaram a ser avaliados, e aqueles que não demonstraram bons resultados foram retirados das salas de aula: parte foi demitida, parte assumiu funções administrativas. Com os melhores em sala de aula, a prefeitura aumentou os salários. O piso inicial é de 2 673 reais, diante do salário mínimo de 1 917,78 reais estabelecido pelo Ministério da Educação.
Brejo Santo faz um grande trabalho. Porém, há muito que avançar. Embora mantenha a melhor rede municipal do país, a cidade ainda não chegou ao marco de 70% das crianças com conhecimento adequado à série em que estudam. O caminho, no entanto, está traçado.”

domingo, 26 de abril de 2015

Encontro de Professores na USP

Gostaria que divulgassem o Encontro USP:

"Instituto de Física promove décima edição do Encontro USP-Escola
Publicado em Educação por Redação em 23 de abril de 2015 |
A Comissão de Cultura e Extensão do Instituto de Física (IF) da USP promove entre os dias 13 e 17 de julho o décimo Encontro USP-Escola, projeto inovador no campo da formação e atualização de professores.
Um dos diferenciais da iniciativa é o envolvimento direto dos docentes da rede pública de ensino na organização das atividades, desde a escolha da temática das palestras, sugestão de cursos até a preparação das oficinas e aulas nos laboratórios. Tudo é discutido em reuniões mensais do GT USP Escola que antecedem aos encontros. São mais de 60 professores envolvidos na preparação das atividades.
Nessa edição do evento, além dos cursos que já faziam parte do projeto – microscopia instrumental; física ótica; tecnologia da informação e comunicação em ambientes educacionais; história da ciência; contextualização do ensino de química e espaços culturais em saúde nas escolas: aprendizagem ativa -, serão oferecidos cursos novos da área de humanidades, como artes visuais, museus e escolas; educação midiática e práticas educomunicativas; ensino da língua portuguesa; material didático em inglês: foco no ensino da escrita e utilização de recursos audiovisuais em sala de aula.
Ao longo dos anos, estima-se que os Encontros USP-Escola tenham impactado diretamente mais de 200 mil alunos das escolas nas quais os professores lecionam, considerando-se a carga horária média e o número de alunos que eles têm por turmas. Nas duas edições de 2014, foram mais de 1.200 inscritos, o que demonstra o grande interesse por cursos de formação e atualização que dialoguem diretamente com o trabalho desenvolvido em sala de aula.
O evento é gratuito e destinado a professores dos ensinos básico e fundamental. As inscrições serão abertas no dia 27 de abril, pelo site.
Com informações da Assessoria de Comunicação do IF

Mais informações: (11) 3091-6681" http://www5.usp.br/93186/instituto-de-fisica-promove-decima-edicao-do-encontro-usp-escola/

segunda-feira, 6 de abril de 2015

Resposta à Folha de São Paulo: Deseducação pela greve




OS PROFESSORES, A MÍDIA, AS REIVINDICAÇÕES E O SUBÔNUS



Existem coisas inconcebíveis, principalmente no que diz respeito à educação, ainda mais numa democracia em que o poder deveria emanar do povo. Pessoas, que deveriam ser mais conscientizadas, pois frequentaram as “melhores escolas”, não o são. Refiro-me à maioria dos manifestantes do “Fora Dilma”. Não vou tocar na questão do impeachment, pois esse assunto já deu o que falar, apesar de alguns insistirem, vou abordar a palavra chave: educação e democracia.

Por que a nossa população não vai às ruas exigir uma educação de qualidade? Por que não ajuda os  professores a terem mais condições salariais e estruturais para que nossa educação chegue a um nível de excelência? Não, preferem ir às ruas exigir coisas que, sinceramente, não resolverão o problema do Brasil, mesmo porque nem o presidente, dentro de uma democracia representativa, tem tanto poder assim. Democracia só é feita com um povo conscientizado politicamente e isso significa um povo com uma educação de qualidade e com menos diferenças sociais, culturais e econômicas. E uma educação de qualidade só é possível com educadores de qualidade e, acima de tudo, satisfeitos.

Essa insatisfação dos professores não é de hoje. Faz mais de 30 anos (bem mais) que lutamos por melhorias e, como disse nosso governador do Estado de São Paulo, Geraldo Alckmin, “todo ano é essa novela”, ao se referir à greve. Exatamente,  governador, todo ano. E a coisa não muda. Por que será? Se um governador de um Estado como São Paulo nada faz para melhorar a educação, aí cabe a pergunta do ilustre Paulo Freire ( inclusive hostilizado na última manifestação): “A quem interessa uma educação de qualidade? “ Uma coisa eu garanto, aos governantes é que não interessa. Deveria ser uma preocupação de toda população, mas também não é. E ainda temos uma mídia mais contra do que a favor, pois educação nunca foi o seu foco.

Uma das reivindicações dos professores nessa greve é, obviamente, o salário, mas nosso governador diz não ter dinheiro para tal, pois estamos em plena crise financeira. Alguns jornais até criticaram a greve dos professores por isso. Mas, se estamos em plena crise, por que o nosso governador aprovou o aumento do próprio salário com um  reajuste de 4,5 %, segundo a publicação desse mesmo jornal? Dirão que foi abaixo da inflação. Claro que foi, mas coloque 4,5% em cima de um salário de 2 mil reais e a mesma porcentagem em cima de 20 mil, são aumentos diferentes não é mesmo? Será que falta dinheiro para investimento ou falta competência em gerir esse dinheiro?

Educação deveria ser prioridade do governo e não é o que acontece. Se o orçamento é mais apertado, se o PIB diminuiu, se a atividade econômica retraiu e os impostos pagos foram menores, que se priorize aquilo que é mais importante. Educação não é gasto, é investimento, e há muito todos os especialistas afirmam e confirmam isso.  

Ao invés de diminuir a maioridade penal e ter que construir mais prisões (bandeira defendida por nosso governador), já que as atuais não comportam mais tantos presos, por que não se constroem mais escolas e não investem nos profissionais da educação? Orçamento é administrado, não só financeiramente, mas principalmente de forma política. Sei que investir em educação é como investir em saneamento básico, por exemplo, já que não é algo que se veja, como um Rodoanel, não dá votos. Mas, já está mais do que na hora de nossos governantes ultrapassarem esse conceito ridículo e se preocuparem realmente com aquilo que é importante e prioritário para o povo. Não pagamos poucos impostos, muito pelo contrário, mas muitos preferem pagar dobrado para terem saúde, segurança e educação privadas ao invés de lutar para que esses três itens tenham investimentos adequados do poder público. Não, não falta dinheiro. Falta vontade e interesse. E também é necessário que o investimento na educação tenha uma administração mais correta, mais profissional, mais naquilo que realmente interessa.  Um exemplo são os tablets de péssima qualidade dados a professores que nem conseguem utilizá-los em suas escolas, porque, com raríssimas exceções, não há infraestrutura para tal dentro das salas de aulas. Livros e mais livros são abandonados em escolas,  trocados a cada dois anos por obsoletos, em virtude da falta de cuidado em suas escolhas.  O Estado assina revistas - que são enviadas aos professores e às escolas - sem que nem diretores nem professores opinem sobre sua conveniência, um gasto quase que totalmente inútil.

Além disso tudo e muito mais - que se poderia arrolar - a meu ver há um total absurdo na administração da própria carreira do professorado, como o tal do bônus, baseado num suposto mérito cujos índices de premiação são completamente desconhecidos, já que não temos acesso às correções de provas do SARESP(*), nem aos critérios que estabelecem os valores e estipulam o ranking das escolas. O processo não tem nenhuma transparência, o que nos leva a pensar que são colocadas em mesmo nível de comparação escolas mais bem aparelhadas e bem localizadas com escolas mais "pobres", de zonas rurais distantes de cidades e grandes centros. Então, o professor não sabe nunca se e quanto vai receber do tal bônus. O que o torna aquilo que eu chamo de "subônus", porque, em vez de estimular o profissional, quase sempre o decepciona, encobrindo com alguns reais pingados a real situação do magistério. E qual o intuito disso? Desestabilizar a categoria, só pode.

Outra coisa: a divisão em categorias, que é o que há de pior. Os não efetivos se veem cada ano em uma escola com turmas diferentes e, como não criam vínculos, isso gera insegurança por parte dos professores, que têm de lidar com o desrespeito e a indisciplina dos alunos, tornando o aprendizado difícil. Em geral, são profissionais em início de carreira, o que leva a muitos a se sentirem desprestigiados e a abandonarem o magistério, perdendo, com isso o Estado, muitos talentos.

Não se pode negar que haja, em algumas escolas, problemas graves de indisciplina, e até violência. Mas, esse não é e não pode ser o parâmetro para julgarem a escola pública. Quando explode na mídia um caso extremo, ficamos todos, os professores que lidamos no dia a dia de nossas escolas, extremamente incomodados com a repercussão e com a visão deturpada que esse tipo de reportagem passa para a comunidade. É, sim, uma queixa que temos com relação à midia, que despreza os pontos positivos, para destacar os pontos negativos, sem nos ouvir em relação aos problemas, que são muitos, e nem sempre ligados àquilo que é publicado. É mais fácil fotografar e filmar uma escola em péssimas condições do que discutir com a categoria problemas relacionados às condições de vida e de trabalho que nos atormentam diariamente.


Enfim, nós, professores lutamos por dignidade, palavra talvez difícil de ser explicada, mas que resume nossa luta não só por melhores salários, mas também, e principalmente, por melhores condições de trabalho; por escolas adequadas, higiênicas, acolhedoras; por cursos periódicos de reciclagem e atualização; pela preparação mais cuidadosa dos gestores e orientadores pedagógicos; por currículos adequados à realidade do aluno e de suas necessidades futuras; por mais transparência e participação nas decisões que afetem a categoria e o próprio ensino. Em vez de defender o aprisionamento de jovens e a construção de mais cadeias, pregamos a necessidade de investir no ensino, na educação como um todo, como a única forma de tornar o País realmente desenvolvido. Pois, como já dizia Pitágoras, "eduquemos as crianças e não será necessário punir os homens".



(*)Sistema de Avaliação de Rendimento Escolar do Estado de São Paulo


PS. Espero que publiquem

quarta-feira, 1 de abril de 2015

Subônus



         Nosso governador do Estado de São Paulo realmente ridiculariza os professores. Primeiro deu um depoimento, ao se referir à greve, dizendo que todo ano era essa novela: leia mais aqui.  Verdade, governador, e é mesmo, novela mexicana, um dramalhão, o pior é que o senhor, por ser o autor dessa novela deveria colocar um final feliz, o que não faz. No começo do ano,  houve um aumento do próprio salário, veja aqui(),  dizendo que está abaixo da inflação. Ora, senhor governador, o salário dos professores está desde sempre abaixo do reajuste da inflação e dos outros salários de profissionais com o mesmo grau de escolaridade. Vamos combinar que um aumento de 4,7% num salário de 2 mil é bem diferente do que num salário de 20 mil, não é mesmo?



           Numa entrevista, o senhor diz ter dado aos professores um aumento e que estamos reclamando de barriga cheia, segundo a Folha, como está noticiado aquidepois de anos sem aumento, mas esqueceu de explicar que isso se refere a apenas um reajuste e que ele será dado em quatro anos! Ou seja, ao final de quatro anos esse “aumento” estará bem defasado, não é mesmo? Não precisa nem ser economista para saber disso. O senhor engana a todos descaradamente e os jornais, que servem ao seu (des)governo, assinam embaixo e (des)informam a população.


          O código de ética dos jornalistas? Não existe.



         Em plena greve dos professores, o senhor nega a greve, basta verificar aqui assim como negou o racionamento. Não contente com isso, depois, alguns jornais, por guerras políticas e ideológicas, dizem que a greve é injusta, porque estamos em plena crise e... blábláblá! Nenhum deles, no entanto,  se preocupou em averiguar a situação dos professores e das escolas públicas. Falam mal baseando-se em dados distorcidos e, como se não bastasse, em alguns estudiosos que, na verdade, nunca puseram o pé numa sala de aula de escola pública ou, se puseram,  foi em uma época bem remota. Mais uma vez a nossa imprensa manipula.

        Professor não luta apenas por salários, mas por melhores condições, inclusive para seus alunos.  Se os R$ 700 milhões destinados ao bônus fossem revertidos aos salários dos 232 mil servidores, como lemos aqui teríamos um aumento de mais de R$ 3 000 nos salários de todos os professores, basta juntar os SUbônus dos outros anos. Sem falar que esse SUbônus é algo obscuro, como já relatado neste texto escrito para o blog do professor Adonai , neste blog,  A população, enganada e mal informada, em plena era de globalização, não tem nem como  questionar. Reproduzo, aqui, uma resposta de uma professora ao jornaleco Folha de São Paulo sobre a greve, intitulada “Deseducação pela greve”. Pelo título, não se pode esperar nada de bom, ainda mais desse jornal. Não colocarei o link da reportagem, porque não quero aumentar as visualizações a esse jornal: 

                                 "Caro colegas
Reproduzo aqui um texto da Profa. Rogeria Pelegrilelli enviado ao Ombusdam da folha sobre este editorial
"AGORA COM MAIS TEMPO... escrevi para o ombudsman da Folha de S. Paulo,
ombudsman@grupofolha.com.br (cópia do e-mail aqui)
Caro, Ombudsman da Folha de S. Paulo,
A infelicidade do Jornal começa pelo título de seu editorial de 26 de março de 2015: DESEDUCAÇÃO PELA GREVE - agressivo, parcial, mal informado, subjetivo, manipulador e tendencioso.
O que esse jornal chamou de Editorial, traz inverdades, porque afirmou, logo no início de sua publicação, que “a bonificação que será paga pela Secretaria da Educação de São Paulo abrange todos os funcionários, porque a rede estadual superou metas pedagógicas em todos os níveis de ensino”.
Enorme engano: desinformação ou manipulação de informação para colocar a opinião pública contra os professores?
Continua esse editorial afirmando que defende a valorização salarial da carreira docente, porém, logo a seguir, afirmam que “parte dessa melhoria deve vir na forma de premiação por desempenho, (…).”
Pergunto: O que os senhores, responsáveis por esse editorial, conhecem de escola pública? Já enfrentaram salas de aulas superlotadas, com seus diferentes perfis, defasagens de aprendizagem, com falta de estrutura, de materiais pedagógicos, de apoio psicopedagógico, de profissionais especializados para lidar com a heterogeneidade da clientela, sem falar da violência, pobreza, drogas, prostituição etc?
Conhecem bem a progressão continuada? Sabem que esse tão “famigerado bônus” está atrelado aos índices de aprovação nas escolas? Portanto, quanto ao índice "aprovação", as escolas que menos reprovam têm mais chances de obtê-lo.
Sabem que os resultados/correções dessas avaliações (SARESP) não são conhecidos pelas escolas e muito menos pelos professores? Que apenas "um índice" é apontado no ano seguinte, sem acesso às avaliações para que os docentes tomem conhecimento dos erros e acertos de seus alunos porque TODAS as avaliações são recolhidas, lacradas e enviadas ao Governo?. Sabem disso?
Se docente é “profissão decisiva para o futuro do país”, e “Quem trabalha duro para educar e qualificar a população merece contrapartida adequada”, como escreveram, caros editores, os senhores foram, além de cruéis e maldosos, contraditórios também.
Em seguida, em seu texto difamatório, opinam quanto ao pleito: “descabido”. Dizem que “O professorado tem obtido reajustes anuais” e que “A inflação acumulada em 12 meses está em 7,7% (IPCA).
Será que os senhores têm conhecimento de que, nesse ano, o reajuste será de ZERO %? Conhecem as perdas salariais da categoria? Conhecem a realidade dos professores que têm que trabalhar em mais do que uma escola, mais de uma rede, com acúmulos na rede municipal ou particular para conseguirem um salário digno?
Por fim, em seu texto, saem em defesa do Governo do PSDB, alegando que o objetivo da greve é político. Atacam CUT e PT e afirmam que “a Apeoesp se mostra inclinada a manobrar a categoria para fustigar o governo estadual do PSDB”. Fiquei até comovida com essa demonstração de apoio ao Governo de São Paulo pelos senhores editores…
PROFESSOR EM GREVE não compactua com CUT, PT ou qualquer outra sigla que queiram utilizar. A greve não é da Apeoesp, é dos professores: cansados, desmotivados, desvalorizados, reféns de uma sociedade e governos que não os valorizam, bem como de alguns meios midiáticos.
Terminam suas mal fadadas linhas afirmando que “Ao cruzar os braços poucas semanas depois de iniciado o ano letivo, os professores em greve deixam a seus alunos a lição de que o ensino figura entre as últimas de suas prioridades”.
Eu termino meu comentário com a observação de que os senhores conseguiram reinventar o gênero textual EDITORIAL. Poderiam trocar esse texto para a seção de propagandas (enganosas)… ou então criarem um espaço para esse tipo de manifestação, caracterizada pela desinformação e manipulação de informação.
Rogeria Pelegrinelli "


           

Outra reportagem que aconselho a lerem é sobre a participação dos professores nessa história toda, ou seja, a imprensa não se preocupa em ouvir professores, mas em alterar informações: mais informações leia aqui
Quero que entendam que a luta é por um país melhor, com a população com uma educação de qualidade, com boa infra-estrutura. E essa luta não deveria ser somente dos professores, mas de toda a população.
Para que se entender melhor a história do bônus e repensar, caso alguém seja a favor desse tipo de meritocracia, leia este texto (é longo, mas vale a pena): Acessem aqui