FÍSICA SEM EDUCAÇÃO

A única maneira de fazer o Brasil progredir é com educação, informação e caráter.

sexta-feira, 31 de janeiro de 2020

O construtivismo de Piaget em discussão: a socialização e a criança





     Continuando a falar de Piaget, vamos adentrarmos no tão questionado construtivismo radical criticado por Mario Bunge, autor do texto publicado no site do Universo Racionalista por Douglas Aguiar, que você pode conferir aqui.

     Piaget diz que a socialização vai ocorrer não apenas através de sua maturação biológica, mas também através de seu desenvolvimento social, capacidade de relacionar-se, melhorando assim suas interações sociais e, apesar de não dar ênfase nas relações sociais, Piaget analisa este avanço:


     Estágio sensório-motor (de 0 a 2 anos): diz que é abusivo falarmos de uma real socialização da inteligência, pois essa fase tem muito pouca (ou quase nada) de interação social. A criança está muito focada em seus aspectos sensoriais (descobrindo sensações). Concluindo: Não podemos falar em socialização da inteligência nesse estágio.

     O estágio Pré-Operatório(de 2 a 7 anos aproximadamente): é quando começa o processo de trocas intelectuais equilibradas, ou seja, quando a criança já percebe o outro e convive, mas essa troca ainda não está equilibrada totalmente (a criança ainda não presta atenção ao que a outra fala) e, nesse estágio, ocorrem três características que ainda limitam as trocas intelectuais equilibradas:
- Falta de capacidade para aderir a uma escala comum de referência, condição necessária para o verdadeiro diálogo.

- A criança não conserva, necessariamente, durante uma conversa, as definições que ela mesma deu e não sustenta suas afirmações.

- Dificuldade de se colocar no lugar do outro, o que impede uma relação de reciprocidade.

     Os primeiros estágios citados são suficientes e já esclarecem o que a teoria de Piaget pensa a respeito dos primeiros parágrafos do artigo de Bunge no UR, mas vou continuar descrevendo-os para que não haja dúvidas.

     Num jogo, ou brincadeira, por exemplo, as crianças seguem ou fazem suas próprias regras: é a fase egocêntrica, da “centração”, não há ainda a cooperação. Elas não sentem necessidade de regras. A criança também se contradiz, ela se preocupa somente com aquilo que ela quer transmitir naquele momento, caracterizando assim o pensamento egocêntrico.

     Para Piaget e muitos outros autores que desenvolveram teorias sobre o Construtivismo, as noções do “Eu” e do “Outro” são construídas conjuntamente, num longo processo de diferenciação, ou seja, num processo de comparação com o outro, assim ela percebe quem ela é. Já com relação à personalidade, para Piaget, as relações subjetivas irão construir sua própria personalidade, até porque é nessas diferenciações que ela consegue definir o “eu” e o “outro” e, dessa forma, há uma superação do egocentrismo, antes tão presente, passando a enxergar o “outro” e conhecendo seu próprio “eu”, apresentando seu ponto de vista, não mais de acordo com o que o outro pensa (imitação) e, assim, passa a compreender e seguir regras.
     
     Percebemos que Piaget deixa claras as interrelações dos sujeitos num processo de desenvolvimento de cada um e, quando ele diz que se torna personalidade (uma coordenação da individualidade com o universal), ela passa a  construir sua autonomia.

     O Construtivismo Radical proposto por Ernst von Glasersfeld, confira aqui, segue a mesma linha de Piaget. Então, para que tenhamos uma análise clara do que ele propôs, precisamos compreender um pouco a teoria piagetiana. Existem diversas críticas na proposta de Von Glasersfeld, mas acredito que valha a pena uma análise mais aprofundada para um melhor entendimento.
Agora você pode estar se perguntando: Como uma simples professora de física tem a ousadia de questionar um dos grandes filósofos científicos contemporâneo  Mario Bunge? Pois é! Conheça mais a vida desse grande filósofo aqui

     Esse texto é a continuação do texto anterior que você pode ler aqui


Leia mais: Piaget, Vigotski, Wallon: Teorias psicogenéticas em discussão por Yves de La Taille (Autor), Marta Kohl de Oliveira (Autor), Heloysa Dantas (Autor).

terça-feira, 21 de janeiro de 2020

VAMOS ENTENDER MELHOR PIAGET?




Para começar a falar de sua teoria, uma coisa precisamos ter em mente, Piaget não era pedagogo e não criou método nenhum de aprendizagem. Muitas das confusões partem dessa ideia equivocada. Ele não desenvolveu sua teoria para ser aplicada diretamente na sala de aula, o que fez foi um estudo sobre como se desenvolve a aprendizagem de uma maneira geral. Então, a sua teoria, para ser aplicada na escola, deve ser validada por estudos pedagógicos.
 Outra questão mal interpretada: a criança aprende sozinha. O que Piaget propõe é a interação com aquilo que devem aprender. Assim, por exemplo, o professor projeta uma atividade de pesquisa e de exploração em que os estudantes buscam pelo conhecimento, ao invés de apenas assimilarem o conteúdo pelo professor, e este age de forma ativa nessa construção. Por isso, o nome CONSTRUTIVISMO.
Mais um erro: não pode corrigir o aluno (essa é clássica). Na verdade, o que sua teoria propõe é que o discente comece a questionar o aluno sobre aquele ponto incorreto até que ele perceba seu erro – mas, sim! - o professor pode corrigir o aluno, direcionando-o para a resposta correta.
Os estudos de Piaget concluíram que a interação social é importante para que os indivíduos evoluam seus diferentes pontos de vista e que, ao compará-los, tenham uma melhor compreensão sobre determinadas questões.
Para o autor, tudo o que sabemos do mundo é resultado de nossas interpretações, de nossas experiências de vida e, como cada um tem suas experiências, cada um tem suas próprias interpretações. Chama-se a isso interpretativismo. Isso não quer dizer que a sua interpretação esteja correta, pois, dentro do mundo acadêmico, há estudos e teorias que não devem ser menosprezados.
O interpretativismo é a epistemologia que está na base do construtivismo.
Partindo desse pressuposto, tivemos vários tipos de construtivismo, mas eu focarei em um que me chamou bastante a atenção, por causa de uma postagem feita no site do Universo Racionalista sobre um tipo específico de construtivismo: O Construtivismo Radical de Von  Glasserfeld. https://universoracionalista.org/toda-crianca-nasce-cientista/
Mas, isso vai ficar para o próximo post. Este é o primeiro de uma série que farei para compreender um pouco mais sobre o construtivismo e a vertente do Construtivismo Radical.

Para saber mais:


quinta-feira, 2 de janeiro de 2020

Ousar educação em 2020


     

Faz tempo que não escrevo para este blog, mas é que há tanta coisa acontecendo, tantos absurdos, principalmente na área da educação, que nem sei por onde começar. Na verdade, não vou falar disso (das coisas ruins que aconteceram), estou cansada! Estou tentando reunir forças para o ano que está começando, e o outro, e o outro, afinal serão mais três anos de martírio. As próximas décadas já estão sentenciadas pelo neoliberalismo e pela ignorância, mas e agora?

     Agora tracei metas e vou segui-las, para que, pelo menos o futuro dos nossos netos, bisnetos, tataranetos etc. seja melhor do que os dos próximos anos, e uma delas é fazer com que a educação seja melhor, mas não qualquer educação, a educação pública/social.

     Mesmo diante de todos os “perrengues” que nós, professores, passamos, estamos passando e passaremos, não desistirei do meu ofício de ensinar e, enfatizando e parafraseando o mestre Paulo Freire, ensinar não é transmitir conhecimento, é desenvolver cidadãos críticos e conscientes dos seus direitos e deveres, pois assim consta, inclusive, nos documentos oficiais. Aliás, bastaria os professores conhecê-los (Constituição, Lei de Diretrizes e Bases, Diretrizes Curriculares Nacionais etc.) a fundo - e exercerem sua função - que teríamos um país bem diferente do que é hoje, com outro tipo de governantes. 

     A escola pública não é uma preparação para a vida ou para o mercado de trabalho, é a própria vida onde deveriam ser ativadas as potencialidades, as capacidades, os interesses e as necessidades. Professores deveriam, independente das condições, estar ao lado de seus alunos e fazê-los lutarem por uma educação digna e justa (incluindo as condições docentes).

     Que no ano de 2020 haja mais conscientização, não somente dos alunos e alunas, mas também dos professores e professoras e que todos e todas lutem por uma educação de qualidade e que a mensagem e luta de Paulo Freire continue viva entre aqueles e aquelas que desejam um futuro melhor.


                                

                                       Fonte: Guia do Estudante/Abril

     Como disse Paulo Freire no seu livro “Professora sim, tia não. Cartas para quem ousa ensinar: “É preciso ousar para ficar ou permanecer ensinando por longo tempo nas condições que conhecemos, mal pagos, desrespeitados e resistindo ao risco de cair vencidos pelo cinismo. É preciso ousar, aprender a ousar, para dizer não à burocratização da mente a que nos expomos diariamente. É preciso ousar para continuar quando às vezes se pode deixar de fazê-la, com vantagens materiais.”

PROFESSOR, EXIJA RESPEITO!

Para terminar um vídeo explicando o óbvio, o que, nesse ano controverso, não foi tão óbvio assim.

QUEM NÃO É PAULO FREIRE? #meteoro.doc