FÍSICA SEM EDUCAÇÃO

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domingo, 19 de fevereiro de 2017

O lado sombrio da nova reforma do ensino médio



Quero deixar bem claro que o que vou colocar neste texto é minha impressão em relação aos últimos acontecimentos na educação, pois, mesmo pesquisando, não vi evidências, apenas indícios do que vou relatar aqui. Mas, infelizmente, todas as “previsões” anteriores que fiz com relação a esse governo na área da educação se concretizaram e é isso que me assombra.


A reforma do ensino médio aprovada no dia 09/02/2017, além de prejudicar diretamente o país, vai abalar a já tão frágil categoria de professores. A subordinação do governo à lógica do mercado irá trazer danos diretos aos professores, uma categoria tão fragilizada por todos esses anos de descaso, vai se tornar ainda pior, pois seguirá a lógica dele (mercado).
A meu ver, a ideia principal é a privatização da escola, mas isso não quer dizer que o aluno de escola pública terá que pagar escola. Essa privatização se refere aos repasses do dinheiro público, nosso dinheiro, às empresas particulares, que passarão a gerenciar as escolas (gerenciar mesmo, pois a escola passará a ser como empresa). Isso já acontece em algumas escolas, que são gerenciadas por uma empresa chamada Faconi, que não tem a educação como única prioridade como podem verificar aqui .


E qual é a minha previsão? Com essa reforma, que visa ao ensino técnico, as empresas passarão a contratar professores e os que já são contratados pelos estados, como é o meu caso, acredito que não sofrerão tanto, pelo menos ainda tenho essa esperança, o problema são os estáveis e efetivos, pois o governo criou a tal Lei Complementar 101/2000, denominada Lei de Responsabilidade Fiscal, como pode verificar aqui. E qual é a minha previsão? Com essa reforma, que visa ao ensino técnico, as empresas passarão a contratar professores e os que já são contratados pelos estados, como é o meu caso, acredito que não sofrerão tanto, pelo menos ainda tenho essa esperança, o problema são os estáveis e efetivos, pois o governo criou a tal Lei Complementar 101/2000, denominada Leide Responsabilidade Fiscal.

E o que isso quer dizer? Que um funcionário público poderá ser demitido, caso os governos estaduais, municipais e federais, em função de uma crise, como eles dizem possuir, não consigam arcar com as despesas. A questão é que essa crise não é responsabilidade dos servidores públicos, mas da incompetência e da corrupção. E quem vai pagar o pato? Somos nós, já que a educação sofreu essas mudanças exatamente para conter despesas às custas do professorado e sabemos que ela (a educação) nunca foi prioridade de nenhum governo. Afinal, ao invés de precisarem de 13 professores, ou de um professor habilitado em duas disciplinas, recebendo o valor hora/aula, vai pagar um professor para cada área de conhecimento, o que inclui três ou mais disciplinas, com exceção da matemática, ciências humanas, ciências da natureza, linguagens e códigos, matemática e suas tecnologias e a área técnica, que poderá ser lecionada por alguém habilitado com notório saber e afins.


Eu posso estar sendo alarmista, mas acredito que, neste momento, todo o cuidado é pouco, principalmente em relação à educação e, como disse lá em cima, espero estar enganada. Quanto à greve que está sendo articulada pela APEOESP recomendo cuidado, pois podem a qualquer momento, como vêm fazendo, aprovar uma lei para demitir professores em greve, já que lançaram uma PEC que diz que a educação é um serviço essencial. Ninguém discorda que a educação seja prioridade, mas a PEC mostra um lado mais sombrio, apesar do direito à greve ser garantido na Constituição e regulado pela Lei 7.783/1989, ela vai limitar e muito um direto a tanto custo adquirido e, ao despedir um professor,  podem alegar a tal lei de responsabilidade fiscal.
Estamos vivendo momentos sombrios na educação, tanto para os professores quanto para a população.

 Para saber mais:


 

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2017

Os “novos” rumos da educação


Os “novos” rumos da educação



                                           Ilustração feita pelo artista Toni D'Agostinho

               Primeiramente #ForaTemer.
          Sei que nós, professores, estamos num momento delicado e que as políticas feitas ultimamente voltadas à nossa classe estão cada vez piores.  Até entendo que uma atitude radical acaba aflorando os ânimos tão desanimados, mas temos alguns pormenores, em toda essa bagunça, que não podemos deixar de levar em consideração.


              A meu ver, a última greve foi muito desgastante. E o pior de tudo é que não tivemos vitória em nenhum aspecto. Estamos lidando com um governo autoritário que nunca se preocupou com a educação e, ainda por cima, lidamos com uma mídia que faz o mesmo papel, afastando a população do professorado, a cada greve ficamos mais desvalorizados por ela.


            Estamos divididos em categorias e os mais antigos na profissão (sem generalizações) estão desmotivados devido a anos e mais anos de desvalorização. E nem podemos condená-los. 


        Os que são apenas estáveis (não efetivos) e os contratados não têm força de mobilização, mesmo porque, no caso dos contratados, podem ter seus contratos extintos, por mais que a lei diga o contrário, pois como disse anteriormente, lidamos com um governo autoritário. Então, como fazer greve numa situação dessas, em que várias leis estão sendo feitas e mudadas?

              😐O grupo de oposição aos professores percebeu a força que teríamos se fossemos uma classe mais unida e perceberam que a sociedade toda passa pela nossa mão e que teríamos força para mudar. Só quem não percebeu ainda foi o professor. Uma das evidências é a tal “escola sem partido”, conceito criado por um grupo conservador que insiste em “mostrar” a “doutrinação marxista” feita nas escolas. Não sei se é para rir ou para chorar.  Se o professor “doutrina” aluno, não acham que teríamos uma sociedade bem diferente dessa? E políticos? Além de tudo isso, como se não bastasse, a Reforma do ensino médio proposta pelo governo, sem discussão com a categoria,  já foi aprovada nas duas instâncias pela Câmara, uma pelo Senado e, muito provavelmente, será aprovada agora, nesse mês, pois já a colocaram como prioridade na pauta.


        A reforma do ensino médio vai contra tudo o que o “marxista” (segundo os defensores da tal “escola sem partido”) Paulo Freire pregou, a volta da educação tecnicista. O pior é ver professor defendendo isso. Professores movidos por causas individuais não conseguem enxergar o ataque coletivo que esses grupos fazem à nossa classe.

1                   😐 Escola sem partido (Escola da mordaça);

2                       😐Reforma do ensino médio;

3                        😐PEC para contenção de despesas, mesmo indiretamente, na educação;

                   😐PEC para transformar a educação em serviço essencial e com isso tirar o direito de greve a tanto custo conquistado;

5                    😐Diminuição do número de salas, o que mostra a reorganização tentada o ano passada sendo feita.

6            😐Lei da responsabilidade fiscal, com o Estado, alegando contenção de despesas pode demitir funcionários públicos estáveis.


      Eu posso estar enganada e gostaria muito de estar, mas isso esconde uma coisa muito mais séria, a privatização da educação. Aí me pergunto: será que as empresas que vão gerenciar essas escolas com o nosso dinheiro estarão preocupadas em criar cidadãos críticos ou funcionários para exercer  funções subalternas?


       Ah! Os tais defensores da escola sem partido também defendem a meritocracia.
Então, o aluno que não tem condição de estudar numa escola particular, com a tal reforma do ensino médio, vai conseguir concorrer de igual para igual por uma vaga numa universidade pública que, a meu ver, deveria ser direito deles?



     Enfim, ou os professores se unem para transformar a sociedade ou daqui a uns tempos teremos uma sociedade robotizada, onde o lema será: “Não pense em crise, trabalhe!”