FÍSICA SEM EDUCAÇÃO

A única maneira de fazer o Brasil progredir é com educação, informação e caráter.

sábado, 31 de dezembro de 2016

Ano novo?

     


     Estamos no último dia do ano, um ano conturbado, cheios de altos e baixos, mais baixos do que altos para a população brasileira. Fiquei pensando o quanto somos carentes e suscetíveis às influências externas e em como o povo é carente. Carente sim! De condições melhores, de liderança, de governo. 

     Não temos nenhuma referência e as referências que temos são baseadas em pessoas que gostaríamos de ser e não naqueles que somos e que lutam para uma vida melhor. Nas novelas, que apesar de eu não assistir, mas vendo alguns trechos, mostram algumas lutas, mas passam longe do que a realidade expressa, porque a coisa é muito pior. Vivemos essa ilusão, filmes que sempre mostram a vitória dos “mocinhos”, de heróis que lutam por nós e vencem. 

     E buscamos heróis! Só que na vida real esses heróis não existem, aliás, seriam nós mesmo, e os mocinhos muitas vezes se dão mal, muito mal, pois é um apenas, ou uns, entre milhões e, por isso, o mais forte se sobrepõe ao mais fraco. Mas onde está o grande problema? Por que não vencemos? É possível vencer? Essas perguntas, a meu ver, são simples de responder, a grande questão está no “como”. Apesar de eu estar me referindo a minha classe, os professores, serviriam para todos os trabalhadores assalariados, não importando o tamanho de seu salário, mas ninguém se coloca no lugar do outro nem ao menos viveu o que o outro viveu. 

     O pensamento individual assola a humanidade, como aquela conversa tosca de que se não vence foi porque não se esforçou, afinal é mais fácil julgar. A nossa história, as nossas lutas estão sendo analisadas de forma unilateral, de acordo com o pensamento individual e, ao invés de serem usadas para o aprendizado, são vistas com julgamentos errôneos de uma era egoísta. Nesse novo ano que virá não tenho esperanças de que a coisa melhore, pois só melhorará quando pararmos de sermos tão egoístas e começarmos a lutar por um bem comum: a sociedade. Afinal, fazemos parte dela. Que o ano seja de lutas, mas que essa união seja para uma vitória, porque a grande questão de todos é a luta pelo bem comum. Quero melhorar minhas condições financeiras, quero ter saúde, educação e liberdade para ir e vir e essa liberdade está diretamente ligada à segurança do país. País cuja desigualdade social aumenta a cada dia. Se aumenta, por que não lutar por todos, já que a minha segurança está diretamente ligada a melhores condições de todos? Por que todos não podem ter a mesma condição em educação e saúde, já que tudo isso afeta a todos? 
     
     Não me sinto bem assistindo à violência nas ruas, crianças trabalhando em condições insalubres, gente morrendo em hospitais por falta de infraestrutura etc. Se eu tenho, por que o outro não tem? Não importa a sua posição política, ou mesmo que nem se interesse por isso, precisamos pensar no ser humano e num mundo melhor para todos. 


     Feliz ano novo!

terça-feira, 15 de novembro de 2016

Sobre as ocupações... Só a educação liberta!





 O professor Adonai Sant'Anna da Universidade Federal do Paraná, onde está ocorrendo a maioria das ocupações e por quem tenho profunda admiração, fez uma publicação em caráter extraordinário sobre as ocupações no seu blog (leia aqui ). Resolvi não só divulgar seu posicionamento como pontuar algumas coisas das quais discordo.



  
 Achei louvável o professor ter-se prontificado a ministrar aulas na parte de fora do prédio, pois a universidade estava ocupada, mas a grande questão, a meu ver, foi o porquê disso. O movimento está mesmo colocando povo contra povo, mas quem faz o papel de intermediador nessa história é a mídia, sempre no papel de advogado do diabo. O professor critica a posição da UFPR em relação às ocupações, a qual até agora não se posicionou nem contra e nem a favor, com o que concordo plenamente. Sempre gostei do posicionamento das pessoas e, no caso da universidade, acho que não é um bom posicionamento, essa neutralidade, já que a PEC, a Reforma do Ensino Médio e a Escola sem Partido, que estão interligadas, prejudicarão todas as universidades do país, pois o que está por trás de tudo isso é a privatização e eles sabem disso. A UFPR deveria, assim como todos os professores, apoiar as ocupações, que são uma das formas de exercermos a democracia, tão fragilizada, já que as medidas que o governo vem tomando são ditatoriais e arbitrárias.


Quando o professor Adonai se refere ao número de curtidas, compartilhamentos e comentários, dizendo que, diante do quadro atual são inexpressivos, eu concordo plenamente, mas isso só reflete o papel manipulador da mídia, que até agora também simplesmente ignorou os fatos,  ou criticou-os, salvo algumas exceções. Criticar manifestantes pela falta de discernimento só agrava a situação, aliás esse foi o posicionamento do nosso digníssimo presidentO. Como professores e seres pertencentes à sociedade deveríamos apoiá-los e orientá-los, diferente de doutriná-los (enfatizar bem isso, porque hoje em dia com a Escola Sem Partido tudo vira doutrinação e até aliciamento). Quando ele fala sobre a cultura afro-brasileira no seu texto e a ênfase dos alunos que fazem nas ocupações nesse assunto, só tenho a dizer que estão mais do que certos, pois num país onde temos a maioria de negros e a minoria deles numa universidade e, principalmente, numa universidade pública, demonstra que tudo isso tem tudo a ver com essas ocupações e com a PEC que tira dos mais pobres a oportunidade de ingresso nessas universidades e são eles que sofrem e sofrerão mais com tudo isso, não tem como negar.


A aula sobre materialismo histórico, no momento em que o país está, nesse retrocesso social, é mais importante, pois a conscientização política, criticada anteriormente, é de extrema necessidade, mais do que aprender fórmulas.  Apesar de ser professora de física, acredito na interligação de todas as disciplinas como instrumento de busca da compreensão do meio social e histórico, principalmente o atual.
Acredito que a física e matemática deveriam estar inseridas dentro desse materialismo histórico e isso é possível: é só uma questão de pontuar o que é relevante na situação atual do país, se é mais importante saber resolver equações ou funções ou saber se posicionar politicamente, fortalecendo a democracia.

Todas  as disciplinas são importantes, seja área de exatas, humanas ou biológicas, só que é exatamente isso que todas essas reformas impostas vão fazer, tirar a importância de todas e remetê-las a apenas duas, português e matemática, o resto se tornará irrelevante.
A meu ver, o grave erro cometido é a falta de posicionamento em favor desses estudantes, já que toda a sociedade será atingida caso essas reformas sejam aprovadas (e tudo caminha pra que sejam) e isso não é uma simples manifestação contra o aumento da passagem do ônibus (não menos louvável), mas algo que se relaciona à educação e ao futuro do país.


O grande inimigo do povo brasileiro é a ingenuidade, com certeza, mas em vez de se unirem contra essas medidas ditadoras, preferem ficar uns contra os outros. A liberdade de pensamento ocorrerá se essas reformas forem feitas? Não, pois elas virão exatamente para acabar com o pensamento crítico, o ceticismo, tão importantes nas ditas ciências da natureza. O momento agora não é de se posicionar contra estudantes, todos devem estar do mesmo lado, afinal todos esses anos o que os governantes, junto com a mídia manipuladora, fizeram foi desestimular, desmotivar e desvalorizar professores, é uma mídia que insiste em fazer com que acreditem que, para resolver o problema econômico do país, que eles mesmos criaram, devem sacrificar apenas o pobre e sua educação. O que falta na sociedade é posicionamento e atitude. A educação liberta!


 



No Facebook, os alunos da ocupação publicaram uma resposta também ao prof. Adonai:
Resposta ao artigo sobre as ocupações publicado pelo professor Adonai Sant'Anna:
(não temos permissão para publicar no perfil do professor, por isso publicamos por aqui)
Nossa resposta aberta:
"
Caro Professor Adonai,
Muitos dos que aqui ocupam o bloco PA e PC foram e são seus alunos, e por isso apreciamos seu oportuno posicionamento.
Algumas de suas críticas ao movimento são compreensíveis, porém não se confirmam.
Citamos alguns exemplos, rebatendo algumas dessas críticas:
“Já não é fácil ter que encarar alunos que não estudam, que não perguntam, que não questionam o conhecimento supostamente estabelecido, que não conhecem coisa alguma do mundo onde vivem. Mas mais difícil ainda é encarar um movimento desfocado e inconsistente, em um ambiente míope e intelectualmente estagnado"
A greve estudantil, assim como as ocupações surgem exatamente para estudar, perguntar e questionar mais o mundo que vivemos, especificamente neste caso o modelo político vigente, que permite que a MP746 seja imposta sem o necessário diálogo e debate, o mesmo com a PEC 55. Se a condução desse debate está enviesada é passível de divergências, mas é inegável que se está discutindo e procurando entender melhor os meandros da PEC e da MP do que anteriormente ao movimento.
"O que se faz realmente necessário é conhecimento! E falo de conhecimento que demanda real esforço para ser alcançado."
E conhecimento não é o que estamos tentando construir? Estamos nos esforçando para convidar os cursos ao debate, com contrários e favoráveis a nossas pautas. Assembleias de cursos, aulas públicas, reuniões constantes, leitura dos textos da PEC e da MP, estudos da história econômica do país para nos situarmos e entendermos essas medidas em todas suas dimensões, enfim, abordagens distintas para a análise mais completa que nos é possível, fugindo de simplificações e discursos enlatados.
"Os manifestantes demonstram serem ignorantes ou mal intencionados. Isso porque as melhores ideias jamais precisaram de movimentos populares para se estabelecerem. O domínio do fogo, a concepção da agricultura, a mecânica newtoniana, o cálculo diferencial e integral, a mecânica quântica, a teoria dos jogos e a teoria da evolução das espécies são ideias que naturalmente se inseriram nas sociedades desenvolvidas, por serem esteticamente belas e profundamente práticas. Houve aqueles que se sentiram ameaçados pelas ideias de Darwin e pela teoria heliocêntrica, entre outros exemplos históricos. Mas eles foram naturalmente calados pelo tempo."
Aqui o argumento mais infeliz. Uma resposta completa e exemplificada nos demandaria mais espaço. Resumiremos alguns pontos.
Esquece-se do sangue derramado na luta pela consolidação do que o senhor afirma "ideias que naturalmente se inseriram nas sociedades desenvolvidas". As grandes transformações sociais, as revoluções, banhadas ao sangue popular, que permitiram o surgimento de novas eras, rompendo o obscurantismo de eras anteriores, e.g., do feudalismo ao capitalismo, simbolizada também pela sangrenta revolução burguesa de 1789, na França.
O que seria da sua liberdade de cátedra sem o passado de luta de movimentos populares? O quão diferente seria o panorama da - ainda desigual - ciência brasileira, se não fosse pela luta de movimentos de emancipação da mulher, da liberdade do negro, pela democracia? Quantos colegas seus foram perseguidos, perderam o cargo, foram presos, torturados na luta pela liberdade de pensamento? Quantos novos Marie Curie, Ada Lovelace, Milton Santos, Neil deGrasse, Albert Einstein, Alan Turing poderiam ter surgido, mas ficaram pelo caminho, fuzilados, impedidos, esquecidos, proibidos por aqueles que alegavam, em nome da ciência de sua época, a legitimidade da opressão à mulher, do racismo, da perseguição a minorias étnicas e sexuais?
A nossa luta é política, e isso não exclui a racionalidade. O senhor tenta passar a imagem de "jovens despreparados emocionalmente", "irracionais", mas em momento algum vemos alguma fundamentação para essas ilações, a não ser alguns sofismas muito comuns da crítica rasa que abundam pela internet, fruto da "era da informação", citada também no seu texto. Não vemos análise alguma das pautas do movimento, a PEC 55 e a MP 746, o mais importante no momento.
"Parte de meu trabalho é lecionar para muitos alunos que não estudam, que não refletem, que não discutem."

Aqui estamos estudando, refletindo e discutindo.

"Em contextos sociais, se uma ideia precisa ser imposta, isso significa que provavelmente não é uma boa ideia, mas apenas um delírio compartilhado por um punhado de hasteadores de bandeiras."
A nossa pauta é exatamente a luta contra essas ideias impostas sem que suas necessidades sejam demonstradas: a PEC e a MP. O que fazer quando uma medida de amplo alcance e transformação como estas nos são impostas? Consentir ou reagir? Sobre a ocupações, o que estamos impondo é exatamente o que o senhor diz que mais falta aos alunos: o questionamento e a reflexão.
Finalmente, supor que aqui falte "capacidade de discernimento" é subestimar aqueles que são e foram alunos seus. Como aqui defendemos as melhorias na pesquisa, qualidade da educação, sem cultivarmos inimigos internos, seja docente ou discente, decidimos convidá-lo para um diálogo em que as divergências sejam debatidas, com reflexões e questionamentos de ambas as partes, em que ideias não sejam impostas, mas construídas. Propomos uma data ainda essa semana, como sua agenda lhe permitir.
Aguardamos uma resposta com data e local de sua preferência.

Atenciosamente,
Ocupa Exatas UFPR.








 [IES1]Parágrafo ininteligível, no contexto. 

domingo, 6 de novembro de 2016

A reforma por trás da reforma do ensino médio



No ano passado, a tentativa de reorganização, que eu chamaria de desorganização, das escolas públicas foi uma tentativa de privatização. Seriam fechadas 94 escolas e outras unidades teriam turnos inteiros; alunos, funcionários e professores seriam transferidos para outras unidades, o que seria ruim para muitos, que teriam que ser transferidos para bairros distantes.
Como resposta a essa medida, que foi feita de forma autoritária, sem consulta prévia dos envolvidos (comunidade, gestores, professores e alunos), os alunos ocuparam mais de 200 escolas e boicotaram o Índice de Desenvolvimento da Educação do Estado de São Paulo (IDESP) e, em contrapartida, enfrentaram direções autoritárias, a polícia e o Estado, mostrando, assim, o péssimo preparo de nossos governantes. Foram muitos contratempos como: a falta de maior mobilização dos professores em seu favor e uma participação maior da comunidade, além de terem sido alvo de repressões, ameaças e perseguições, sobretudo nas periferias, aonde a grande mídia não chega.

Tudo isso esconde, na verdade, uma intenção bem mais prejudicial, que é a privatização. Essa “reorganização” facilitará muito, pois se baseia no modelo americano, conhecido como Charter, em que as escolas são financiadas com recursos públicos, mas gerenciadas por empresas, que transferem a administração para as chamadas OS ( Organizações Sociais). Assim, as escolas passariam a ser administradas com a lógica do mercado, ou seja, com custo mínimo, metas de  produtividade e ganho, piorando a qualidade dos serviços e as condições de trabalho e salários, sem falar nos direitos sociais.
Isso só é um para os empresários, que aumentariam os seus lucros, explorando um nicho de mercado que passaria a ser controlado por eles, mas limitaria o processo educacional, restringindo a criatividade, a autonomia e o desenvolvimento intelectual e humano. O ensino vai se tornar uma busca maluca por resultados em concursos vestibulares e no ENEM. Além disso, a escola privatizada vai favorecer os grandes empresários, que poderão gerir, influenciar e controlar as políticas públicas de ensino de acordo com seus interesses, que é a formação de mão de obra subordinada às novas exigências do capitalismo. Resumindo tudo isso: Enquanto o filho daqueles que estudam em escolas privadas seriam preparados para o vestibular e a faculdade, o filho dos que estudam em escolas públicas seriam preparados para estar no mercado de trabalho. A desigualdade social só aumentaria não é?


domingo, 16 de outubro de 2016

A desinformação (desonestidade) da Folha de São Paulo




A busca desesperada para que as coisas se encaixem em loucuras criadas por eles, faz com que esse tipo de coisa seja divulgada e, pior de tudo, é que encontramos gente ignorante o suficiente para dar ouvidos. Aonde vamos parar?



"Resposta ao absurdo racismo científico publicado pela Folha de São Paulo

Em tempos de crise orgânica, faz-se necessário tanto discutir ideologia quanto sua veiculação na grande mídia e a farsa da neutralidade promovida há anos. Sendo assim, este texto tem como intenção desmistificar o artigo “Cabelo louro, altura e olhos azuis são favorecidos pela evolução, diz estudo” publicado na Folha de São Paulo no dia 14 de Outubro." ...

..."A reportagem tendenciosa da Folha se baseia em uma pesquisa publicada no último dia 13 de Outubro em uma das mais renomadas revistas científicas do mundo. Entretanto, já há alguns anos a tal revista transformou-se em uma vitrine de pesquisas, ou seja, apresenta os trabalhos de forma simplificada para mais rápida divulgação dos resultados. Isso ocorre devido à competição imposta pelo sistema capitalista na ciência, pois aquela que realmente é válida é a que está publicada, sendo que essas que obtém resultados mais rápidos são as que têm maior verba devido à rápida publicação (subentende-se ao financiamento de empresas que querem obter tal resultado)."...


Para ler esse artigo todo acesse aqui

segunda-feira, 10 de outubro de 2016

Manifesto da Sociedade Brasileira de Matemática sobre a Reforma do Ensino Médio



A implementação de um novo modelo de Ensino Médio, prevista no Plano Nacional de Educação (PNE), é urgente, e a discussão sobre o tema, ainda que possa ser considerada insuficiente, não é nova. De fato, é inegável que o modelo vigente não atende as necessidades do país nem as aspirações dos jovens brasileiros. Se dúvidas restassem, aí estão os resultados recentes do IDEB e do ENEM para comprovar a necessidade urgente de medidas profundas. As causas dessa situação são muitas: carências de infraestrutura, deficiências na formação do professor, inadequação dos currículos, baixa atratividade da carreira docente etc.
Certamente, o caminho ideal para a implementação dessa reforma não seria por medida provisória. Tampouco a maioria dos problemas existentes será resolvida pela reforma proposta na Medida Provisória 746, de 22 de setembro de 2016. No entanto, é inegável que entre as principais causas da falência do Ensino Médio encontra-se na rigidez do modelo atual, que contrasta com a flexibilidade dos sistemas educacionais correspondentes a níveis equivalentes de escolaridade nos países mais bem-sucedidos. A proposta de reforma sustentada pela MP 746/2016 aponta para um avanço substancial nesse sentido.
Uma formação de Ensino Médio unificada é uma originalidade brasileira que resulta em ineficiência (estudo do INEP de 2011 aponta que, ao final do Ensino Médio, 90% dos alunos não aprenderam o mínimo esperado de matemática), desestímulo às vocações dos nossos jovens (segundo o IBGE, em 2013, um em cada cinco jovens brasileiros entre 15 anos e 29 anos não estudava nem trabalhava) e desperdício de recursos: a formação oferecida aos jovens brasileiros não é adequada para prepará-los para seguir seus estudos ou ingressar no mercado de trabalho.


domingo, 9 de outubro de 2016

Escola sem partido ou sem liberdade?



No dia 29 de outubro a APEP (Associação dos Professores das Escolas Públicas) vai fazer um debate sobre o assunto. Será na USP - Prédio da Física, situado na Rua do Matão, 1371 - Ala Central, das 14 às 18h. Estão convidados!
"A ofensiva da direita no Brasil contemporâneo tem se manifestado em diferentes planos; na economia, por meio da defesa de políticas neoliberais e questionamento das – ainda que moderadas – tentativas de avanços sociais que beneficiem os trabalhadores e setores populares; na política, por ações, fora e dentro do parlamento, que visam a regressão de liberdades políticas e direitos sociais previstos pela Carta de 1988; no plano das ideias, pela realização de reformas educacionais que impeçam a formação crítica dos educandos (em todos os níveis da educação formal).
Este dossiê – artigos, entrevistas, depoimentos, manifestos, notas e vídeos – examina de forma ampla e crítica o Projeto Escola Sem Partido, uma ostensiva iniciativa da direita brasileira que visa garantir a hegemonia do ideário conservador construído e amplamente difundido pelos aparelhos ideológicos do capitalismo brasileiro.
Somos gratos a Lalo Watanabe Minto, Fabiana Cássia Rodrigues e Anibal Gonzalez, pesquisadores da Unicamp, pela iniciativa de organizar este dossiê. Dispensável dizer que, nestes tempos de obscurantismo político e cultural, o dossiê visa também apoiar todos os que, hoje, se empenham na defesa da escola pública, democrática e fundamentalmente crítica."
Editores / outubro de 2016
Para continuar lendo e saber mais de tudo o que acontece clique aqui

Deixo abaixo dois vídeos, um feito por Pirula, que explica o projeto e outro com a opinião de Leandro Karnal e um debate com o pró e o contra feita pela TV Cultura



segunda-feira, 3 de outubro de 2016

UM PAÍS SEM IDEOLOGIA


"Essas eleições não têm vitoriosos ou derrotados. Têm apenas um povo perdido entre mais de trinta (TRINTA) partidos que não têm nenhuma ideologia, apenas interesse eleitoral.
O PT não é o grande derrotado, como vai sair na mídia amanhã. O povo é que está desorientado. Sem rumo. Vota no mais bonitinho, na melhor propaganda, no cara mais enérgico ou no que promete mais.
Sem nenhuma preocupação com o futuro.
Porque o presente está tão difícil, que parece que a máxima "qualquer merda serve" está prevalecendo.
A crise não foi construída pelo Governo ou pelo PT: a crise é uma decorrência natural do sistema capitalista, que vive e se alimenta de crises periódicas. Mas isso é muito difícil de entender, quanto mais de explicar ao povo.
Então, os aproveitadores fazem a festa: aproveitam-se. E se elegem. E vão fazer merda por aí afora. Porque não têm propostas consistentes, apenas vagas promessas.
Daqui a quatro anos, trocam-se todos ou não se trocam todos, só alguns, ou muitos. E novos aproveitadores serão eleitos. E o povo pensa que isso é democracia.
Pobre País, que ainda tem muito a aprender, em termos de democracia, em termos de jogo político.
Em termos de defender os seus verdadeiros interesses.
Algum dia, quem sabe?
Agora, é torcer para que, dos 5.568 prefeitos eleitos hoje, pelo menos uns dez por cento sejam honestos e trabalhem realmente pelo progresso de seus municípios. Isso, com muito otimismo.
Saudações, Brasil!" 
Postagem via facebook por Isaías Edson Sidney, acesso em: 03/10/2016

terça-feira, 27 de setembro de 2016

O retrocesso na reforma do ensino médio



Estamos num período de trevas, principalmente na educação e o objetivo agora é de união para combatermos essa onda de retrocesso que assola o nosso país. Os professores precisam se unir aos alunos e informarem o objetivo obscuro por trás dessa Medida Provisória arbitrariamente colocada.

Primeiro alguns esclarecimentos:

O que é medida provisória?

"...Ela é uma medida extraordinária reservada ao Presidente da República e diz respeito a assuntos considerados como relevantes e/ou urgentes pelo Poder Executivo. A partir do momento em que ela é anunciada, ela entra em vigor com força de Lei. O Congresso terá, até 120 dias (sendo 60 dias o prazo inicial, podendo ser prorrogado por mais 60) para transformá-la em Lei. Em caso de não aprovação, ela perderá sua vigência."...

Para ler o artigo todo clique aqui


E para terminar publico a opinião de um professor que admiro muito, Luís Carlos Menezes, diretor do currículo de física do MEC (Ministério da Educação) sobre essa reforma. Lembrando que a opinião contrária é maioria entre os órgãos responsáveis pela educação e profissionais da área. Clique no título...


A Medida Provisória sobre o Ensino Médio e seus equívocos – por Luís Carlos de Menezes



OBS. Vote contra no site do senado e compartilhe clicando aqui

quarta-feira, 21 de setembro de 2016

Reforma do ensino médio, a palhaçada!




Um absurdo está para acontecer na educação, ou melhor, mais um. O governo promete piorar ainda mais o que já está ruim e mais uma vez o Tiririca errou na sua frase "Pior que está não fica". Decididamente, palhaço deve ficar no picadeiro, mas e nós? Estamos sendo feito de palhaço.

"De fato, o ensino médio é atualmente a etapa mais problemática da escolarização, a que tem mostrado maiores dificuldades em cumprir suas atribuições e garantir o direito à educação básica para todos os brasileiros, como previsto na Constituição Federal. As explicações para isso dependem do ideário, concepções e interesses de quem as formula. Vão desde a deficiência na infraestrutura até atributos negativos nos estudantes, passando pela escassez de recursos, a falta de professores capacitados, as propostas pedagógicas inadequadas etc, etc. Independente da pertinência, ou não, destas justificativas (e algumas realmente são procedentes), poucas vezes se considera a história de desigualdades sociais do Brasil e o projeto de sociedade excludente que está na raiz da nossa formação como país. E esses fatores são, de fato, determinantes na educação, em particular no ensino médio, como etapa decisiva da trajetória individual e da reprodução social." ...

Leia mais aqui

quarta-feira, 27 de julho de 2016

A decadência do ensino público de São Paulo… em 1945





Eu arrumaria esse título para: A decadência da escola pública desde 1945, afinal a atual situação melhorou pouca coisa. Sem falar que a situação dos professores foi piorando ano após ano. Então antes de criticarem alunos e professores verifiquem a história da educação do país, desde quando começou a decair a qualidade de ensino o motivo.
Dizer que a educação era melhor na época da ditadura é um "tapa na cara" de todos os que lutam, como eu, por uma educação pública de qualidade, assim como acreditar que a privatização é o caminho. Não se enganem, leiam, reflitam a história.



Vocês podem observar os prédios da época de 1945 nesse link que é um dossiê da situação das escolas públicas na época. Melhoramos sim, bem pouco em relação a demanda.

E para complementar seu conhecimento uma coletânea completa em vídeos da Pedagogia da Autonomia de Paulo Freire. Aproveite:

PEDAGOGIA DA AUTONOMIA - PAULO FREIRE

sexta-feira, 17 de junho de 2016

Sobre a greve na USP- o que não é divulgado pela mídia



O sucateamento da USP, a meu ver, para a privatização, já começou, ainda bem que os docentes e funcionários não estão tão desvalorizados e desmotivados como os da escola pública. Seguem o link para os documentos

"Porém, fechada em seu bunker, a reitoria, que tem pregado o diálogo por meio de mensagens eletrônicas e videos, negou-se a receber os docentes e em lugar disso acionou a segurança do prédio e uma viatura da PM se posicionou em frente ao local..."
Os docentes estão sendo tratados como marginais...
Leia íntegra em:

Essas são as reivindicações dos estudantes:

Os estudantes de física da Universidade de São Paulo deliberaram a continuidade da greve em assembleia no dia 15 de junho de 2016. As pautas estão a seguir sem ordem predefinida:

EIXOS:
. Garantia da autonomia dos espaços estudantis
. Não punição e não retaliação de estudantes em greve
. Abertura das salas para atividade discente
. Semana política no IFUSP
. Abertura de contas e mais transparência
. Devolução dos blocos K e L
. Por cotas raciais e sociais
. Manutenção do Hospital Universitário, das creches e da Escola de Aplicação
. Contra cortes e por reajuste e ampliação de bolsas

BANDEIRAS:
. Defesa da educação pública de qualidade
. Política real de permanência na universidade
. Estrutura de poder democrática na universidade, com paridade entre categorias
. Descentralização do poder do reitor
. Contra repressões ao movimento estudantil
. Não ao assédio moral e por mais segurança às mulheres na USP
. Reconstituição do Ministério da Ciência e Tecnologia
. Sistema legal de fim de danos
. Contra o fim do RDIDP

Atenciosamente,
Comando de Greve de Estudantes do IFUSP

Comentário da ProfessorAnne L. Scarinci  
"Comento:
Sob justificativa de falta de verbas, os estudantes estão perdendo seus espaços historicamente conquistados, tal como o CEFISMA (centro acadêmico da física), e os programas de incentivo à permanência estudantil (tal como as creches e a residência estudantil) estão sendo cortados.
Além disso, não há uma política de cotas na USP, embora essa discussão ocorra há muitos anos. Ninguém se mexe para dar um encaminhamento a essa reivindicação. 
Por fim, os estudantes sentem que a universidade está sendo sucateada, com o fechamento dos hospitais e da escola de aplicação.
Há um discurso sendo veiculado de que "o pobre está pagando para o rico estudar", e de que isso justificaria a cobrança de mensalidades na USP. Mas na verdade a maioria dos alunos USP são de uma classe média que faz muito sacrifício para manter seus filhos estudando e fora de casa (pois muitos alunos vêm de outras cidades ou estados). O rico brasileiro só faz USP se quer fazer medicina ou direito. A maior parte dos muito ricos faz Mackenzie, FAAP ou vai estudar fora do país. 
Há tb um discurso de que aluno da USP é maconheiro. Sinceramente! Como uma universidade conseguiria se manter no ranking das melhores mundiais se os alunos não fossem igualmente excelentes?
Por fim, os funcionários reclamam por uma pauta parecida com a dos estudantes: não sucateamento da universidade.
"A reitoria da USP diz que não tem dinheiro para os reajustes salarial e dos benefícios sociais dos seus trabalhadores, não tem dinheiro para contratar médicos e funcionários para o HU, HRAC/Bauru e Centros de Saúde e diz não ser obrigada a manter a permanência estudantil e outros serviços como as Creches e contratação de professores para a Escola de Aplicação, mas tem dinheiro para exageros desnecessários."
A pauta de reivindicações é grande porque faz tempo que algumas dessas necessidades estão colocadas e não estão sendo sequer discutidas.
Por exemplo, o item 17 da pauta diz: "17. Pagamento do adicional de periculosidade aos funcionários da EACH."
O que ocorre é que o governo estadual fez um acordo ilícito com indústrias, que despejaram terra contaminada por ocasião do aterro para a construção do campus da USP-LESTE. Ao todo, parece que foram 5.000 caminhões com lixo tóxico despejados no aterro, o que teria um custo para as empresas, de descontaminação, de 1 milhão de reais (à época) por caminhão. O processo deu em pizza (apesar de laudos positivos de contaminação múltipla do local, feitos por diversos órgãos oficiais). Mas a terra contaminada continua lá, onde os funcionários estão trabalhando..."

Estão tratando os professores das universidades estaduais exatamente como trataram os professores de escola pública durante todos esses anos. Eu só espero que daqui a alguns anos não aconteça o mesmo que aconteceu com o ensino público.

domingo, 10 de abril de 2016

União e Boicote ao SARESP



Depois da declaração do secretário da educação, percebemos muito bem a intenção do estado com a educação: Privatizá-la. E a estratégia é deteriorar cada vez mais o ensino público para que isso aconteça o mais rápido possível, como pode ler aqui.
Sabemos todas as mazelas que nós professores temos passado durante todos esses anos de governo tucano, este ano eles conseguiram superar todas as maldades com os professores e com a educação do estado de SP. Os professores vêm há anos tentando reivindicar condições mais dignas, porém sem sucesso, foram greves e mais greves, onde além de várias derrotas ou pequeninas conquistas, foi desunindo a classe mais e mais, sendo que já se encontra dividida em várias categorias, propositalmente, para desunir a classe.
Com tudo isso, penso que está na hora de uma vingança e, como diz o velho ditado, “vingança é um prato que se come frio” devemos nos unir aos estudantes, visto que foram os únicos que derrotaram esse governador tirano e sua (des) reorganização e boicotarmos o SARESP com seus índices obscuros, mesmo porque o estado nunca esteve preocupado com o aprendizado dos alunos e muito menos com professores.
A hora é de unir todos os sindicatos e movimentos estudantis, grêmios, alunos e comunidades e assim fazer com que nenhum aluno, do estado todo, compareça às provas nos dias de SARESP, mostrar a esse governador que se ele não tem dinheiro (na verdade não está disposto a dar dinheiro) para a educação, então também não terão os índices para serem mostrados dignamente, com o IDESP e, principalmente, o PISA. E a qualidade?

Mesmo que os gestores de sua escola tentem convencê-lo a fazer a prova, pense que na verdade nós não temos benefício nenhum em relação à elas, pois os índices são obscuros e os gabaritos não são divulgados, como pode ler aqui.

Galera! A hora é agora! Essa juventude precisa mostrar para o que veio e que numa democracia a vontade do povo deve prevalecer. 

sábado, 9 de abril de 2016

Trecho extraído do site:

por André Forastieri
"Para quem sonha ser presidente, Geraldo Alckmin podia caprichar mais quando se trata de Educação. Afinal, o maior chavão da política brasileira é dizer que "educação é a solução". O governador de São Paulo tem desde sempre péssima relação com o professorado, do primário à universidade. Com os alunos nem se fala. Mas tudo que é ruim sempre pode piorar. É o que aconteceu agora.
Ano passado Alckmin cometeu uma barbeiragem daquelas ao tentar impôr uma reorganização das escolas paulistas sem ouvir professores nem alunos, que peitaram o governo e barraram a mudança. Ficou tão feio que o secretário da educação caiu. Foi substituído pelo desembargador José Renato Nalini. Ele tem uma característica muito interessante para um secretário da educação: acha que a educação pública não é dever público. Para ser coerente, deveria pedir demissão imediata do cargo.
Nalini escreveu e publicou no site da Secretaria de Educação um texto surreal. Demonstra absoluta, chocante desconexão com o mundo da educação, e aliás com o mundo em geral. Publico na íntegra abaixo.
Mas antes pinço um trechinho:
"Muito ajuda o Estado que não atrapalha. Que permite o desenvolvimento pleno da iniciativa privada. Apenas controlando excessos, garantindo igualdade de oportunidades e só respondendo por missões elementares e básicas. Segurança e Justiça, como emblemáticas. Tudo o mais, deveria ser providenciado pelos particulares."
Inclusive educação, claro. Que autoridade moral tem Nalini para comandar a educação pública no estado mais rico do país, depois dessa?
Para completar, uma boa sobre Nalini. Um ano atrás, antes de ser secretário, ele deu uma entrevista para o Jornal da Cultura em que defendia que o auxílio-moradia para juízes.
Nalini, então presidente do Tribunal de Justiça de São Paulo, declarou:
“Hoje, aparentemente o juiz brasileiro ganha bem, mas ele tem 27% de desconto de Imposto de Renda, ele tem que pagar plano de saúde, ele tem que comprar terno, não dá para ir toda hora a Miami comprar terno, que cada dia da semana ele tem que usar um terno diferente, ele tem que usar uma camisa razoável, um sapato decente, ele tem que ter um carro.
Espera-se que a Justiça, que personifica uma expressão da soberania, tem que estar apresentável. E há muito tempo não há o reajuste do subsídio. Então o auxílio-moradia foi um disfarce para aumentar um pouquinho. E até para fazer com que o juiz fique um pouquinho mais animado, não tenha tanta depressão, tanta síndrome de pânico, tanto AVC etc
Então a população tem que entender isso. No momento que a população perceber o quanto o juiz trabalha, eles vão ver que não é a remuneração do juiz que vai fazer falta. Se a Justiça funcionar, vale a pena pagar bem o juiz.”
Nalini é a favor de um Estado mínimo para os outros - inclusive as crianças e jovens paulistas, pelos quais deveria zelar como secretário de Educação. Mas por outro lado quer um estado generoso para o judiciário. Ele diz que o Estado "já não sabe como honrar suas ambiciosas promessas de tornar todos ricos e felizes". Mas defende que o Estado garanta a fortuna e felicidade dele mesmo e seus colegas.
Que Naldini seja desembargador, e tenha sido presidente do tribunal de justiça, já é preocupante. Que Alckmin faça dele seu secretário sugere que o governador não está nem aí com os milhões de estudantes de São Paulo. Governador, troca de novo de secretário, por favor. Manter Naldini é falta de educação com a gente."

quinta-feira, 7 de abril de 2016

Não à privatização da educação





José Renato Nalini, secretário da Educação do Estado de São Paulo, em carta à Secretaria de Educação, defende descaradamente a privatização do ensino. Pessoas que defendem esse tipo de posicionamento desconhecem a realidade de nossos educandos e da sociedade. 


Como o ensino pode ser privado se o estado que deveria fornecer o mínimo para que uma sociedade se desenvolva dignamente não o faz? É ridículo falar em protestos se não cumprem nem a sua parte e o que querem é jogar a responsabilidade (que falharam) nas empresas privadas para que explorem ainda mais uma sociedade sofrida e carente. Leia a carta na íntegra: http://www.educacao.sp.gov.br/noticias/a-sociedade-orfa

Sabemos todas as mazelas que temos passado durante todos esses anos de governo tucano, este ano eles conseguiram superar todas as maldades com os professores e com a educação do estado de SP. Os professores vêm há anos tentando reivindicar condições mais dignas, porém sem sucesso, foram greves e mais greves, onde além de várias derrotas ou pequeninas conquistas, foi desunindo a classe mais e mais, sendo que já se encontra dividida em várias categorias, propositalmente, para desunir a classe.
Com tudo isso, penso que está na hora de uma vingança e, como diz o velho ditado, “vingança é um prato que se come frio” devemos nos unir aos estudantes, visto que foram os únicos que derrotaram esse governador tirano e sua (des) reorganização e boicotarmos o SARESP com seus índices obscuros, mesmo porque o estado nunca esteve preocupado com o aprendizado dos alunos e muito menos com professores.
A hora é de unir todos os sindicatos e movimentos estudantis, grêmios, alunos e comunidades e assim fazer com que nenhum aluno, do estado todo, compareça às provas nos dias de SARESP, mostrar a esse governador que se ele não tem dinheiro (na verdade não está disposto a dar dinheiro) para a educação, então também não terão os índices para serem mostrados dignamente, com o IDESP e, principalmente, o PISA.
Galera! A hora é agora! Essa juventude precisa mostrar para o que veio e que numa democracia a vontade do povo deve prevalecer. 

domingo, 3 de abril de 2016

Ciência, sua linda!

Meu pai, Isaias Edson Sidney, que contém vários blogs interessantes, mas não na área de ciência porque a praia dele é outra, me mandou esse email, que é um texto de um blog que achei muito interessante e estou reproduzindo uma parte do texto aqui, no final estará disponível o link para acessar o texto em sua íntegra.




"“Isso é porque tenho Marte em Gêmeos, aí já viu, né” é o tipo de comentário que escuto com alguma frequência. Geralmente seguido da minha melhor cara de “não faço ideia do que você está falando, mas algo no tom do seu comentário sugere que é o tipo de coisa básica que eu deveria saber, mas como faltei a essa aula, vou apenas balançar a cabeça e concordar”.

Acho espantoso tanta gente saber com tanta certeza onde fica Marte no mapa astral. Eu não sei dizer com a mesma certeza onde fica Marte no céu. Um dia, afastada da cidade, olhei para cima e vi um ponto luminoso destacado na noite estrelada. Seria Marte? Ou Júpiter?

Um ponto longínquo, borrado e indefinido. Talvez seja assim que muita gente enxergue a ciência. Distante como os planetas. Inacessível. Não é para nós. É coisa de cientista, alguns dizem. É de gente de “exatas”, outros afirmam. Não é para todo mundo.

Mas como isso aconteceu? Tivemos contato com ciência na escola. Estamos cercados de coisas criadas pela ciência, ou ainda de um mundo que as ciências – nas mais diversas áreas – nos ajudam a entender.

Mesmo assim, não é um assunto tão comum ou que desperte tanto interesse quanto astrologia, por exemplo. Todo jornal tem uma seção de horóscopo, mas pouco ou nenhum espaço para falar de astronomia. Por quê?

Olhando assim parece até coisa de alienígena, que não faz parte do nosso cotidiano, que não nos pertence. Mesmo tendo sido apresentados à ciência, viramos a cara, como uma velha conhecida que temos vergonha de cumprimentar na rua quando esbarramos com ela anos depois.

Por que é tão fácil acreditar em tudo, mas tão difícil dar crédito ao conhecimento produzido através da ciência? De onde vem essa rejeição? O que explica essa falta de interesse?

O que é aquele ponto brilhando na noite escura?"

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terça-feira, 29 de março de 2016

QUASE UMA TRAGÉDIA GREGA



Andrea Trompczynski

Em uma revista de cinema, o entrevistador perguntou a Cameron Diaz se havia alguma coisa que ela gostaria muito de saber. “O que E=mc² realmente significa”, respondeu ela. O entrevistador riu, ela resmungou que estava falando sério e a entrevista terminou. Nós, leigos, fingimos que entendemos a equação e nem mesmo instruções em primeira mão ajudam, conta Chaim Weizmann, que fez uma longa travessia pelo Atlântico com Einstein em 1921: “Ele me explicava sua teoria todos os dias e logo tive a impressão de que ele a entendia”. Quem preparou o caminho para que Einstein chegasse ao mais brilhante insight (o segundo mais brilhante, por coincidência, é dele também) de muitos séculos, ou, talvez, descobriremos um dia, da história da humanidade?

David Bodanis, em E=mc² – Uma biografia da equação que mudou o mundo e o que ela significa, deixa de lado os foguetes, lanternas e diagramas incríveis e conta a história da equação desde seu nascimento, seus antepassados: homens e mulheres apaixonados por física, química e matemática. Guerras de egos, roubos de ideias e –uma constante– o total desprezo de acadêmicos consagrados pelas ideias originais de amadores. A história toda acaba por se tornar mais prazerosa do que tentar entender os meandros da genial mente de Albert, e o "como funciona" da famosa equação deixo para o dia em que eu verdadeiramente entendê-la.

Einstein não era um aprendiz humilde e exemplar. Questionava a autoridade de professores, contava piadas nas aulas, isto, quando estava presente. Há aquela famosa profecia do seu professor de gramática grega do curso secundário: “O senhor nunca chegará a ser alguém na vida” (anos depois, a irmã de Albert, Maja, comenta ironicamente que ele realmente nunca foi “alguém” mesmo, pois nunca foi mestre em gramática grega). Quando a equação nasceu, Albert cumpria expediente no escritório de patentes em Berna, na Suíça, um emprego arranjado pelo amigo Marcel Grossman –as referências do gênio eram péssimas. As horas trabalhavam contra ele e, quando saía, a única biblioteca de ciências da cidade estava fechada, nem sequer podia se manter em dia com as últimas descobertas (o que foi sua grande sorte, assim como John Forbes Nash Jr., Nobel de Economia, que se manteve longe do pensamento acadêmico tanto quanto do “da moda”, sempre em busca da tal “ideia original”, fato que havia acontecido no passado com Michael Faraday). Em minutos livres, rabiscava nas folhas que guardava em seu departamento de física teórica as ideias que tinha –o “departamento de física teórica” era como ele chamava uma pequena gaveta de sua mesa, fechada a maior parte do tempo.

O Nascimento de E=mc²

Numa das longas caminhadas que Albert fazia com o amigo Michele Besso, nas quais normalmente tagarelavam sobre música e a rotina do escritório, na primavera de 1905, Besso percebeu que o amigo estava inquieto. Einstein sentia que muitas coisas em que pensara nos últimos meses estavam finalmente fazendo sentido. Estava muito perto de entender, a excitação mental era enorme naquela noite. No dia seguinte, compreendeu. E=mc² tinha chegado ao mundo.

Quem esteve por trás disso tudo antes da chegada de Einstein

Michael Faraday vivia na Londres de 1810 e trabalhava como encadernador para fugir da pobreza de filho de ferreiro que era. O emprego tinha uma vantagem, nas palavras dele: “Havia muitos livros lá, e eu os li”. Quando estava com vinte anos, um visitante da oficina ofereceu a ele ingressos para uma série de palestras na Instituição Real. Ouvindo Sir Humphry Davy falando sobre eletricidade e energias estranhas, imaginou uma vida melhor que aquela da oficina. Sem a mais remota possibilidade de entrar em Oxford ou Cambridge, pela pobreza extrema, pensou que poderia usar aquilo que sabia fazer muito bem: encadernar um livro. Redigiu por extenso as notas sobre a palestra de Davy, acrescentou desenhos de seu aparelho de demonstração, pegou seu couro, sovelas e ferramentas de entalhar e os encadernou em um livro extraordinário, que enviou a Sir Humphry Davy. Que, claro, quis conhecê-lo e contratou-o como assistente de laboratório.
Faraday fazia parte de uma seita cristã, os Sandemanistas, que acreditavam em uma relação circular divina. Assim: os seres humanos seriam sagrados e deviam obrigações uns para com os outros, eu ajudarei você e você ajudará o próximo e o próximo ajudará outro ainda, e assim por diante até que se complete o círculo. Seu conhecimento formal era limitado e enquanto os acadêmicos pensavam em linhas retas para explicar a relação entre magnetismo e eletricidade, ele via círculos rodopiando em torno dos imãs. Foi a descoberta do século, a base do motor elétrico. A unificação da Energia. Quando o fio foi arrastado circulando pelo imã, o cunhado de Faraday, George Barnard, contou que nunca pôde esquecer o olhar dele e suas palavras: “Você vê, você vê, você vê, George?”. Os diferentes tipos de energia estavam vinculados, eletricidade e magnetismo, pela mente de um filho de ferreiro de vinte e nove anos. Então, Sir Humphry Davy o acusou de roubar a ideia em denúncias públicas de plágio, que fizeram Faraday enclausurar-se e somente voltar a trabalhar publicamente depois da morte de Davy.

Antoine Laurent Lavoisier era um contador. Trabalhava numa empresa de arrecadação de impostos. Durante uma ou duas horas pela manhã e apenas um dia inteiro por semana (que ele chamava de jour de bonheur, "dia de felicidade") ele trabalhava em sua ciência. Com a ajuda de sua noiva, ele desejava investigar como se comportava um pedaço de metal a queimar ou enferrujar. Queria descobrir se pesava mais ou menos do que antes. (David Bodanis pergunta antes de dizer o resultado o que você, leitor, acha? Um pedaço de ferro-velho pesará: mais; menos; o mesmo? Estamos tão preocupados com as coisas, aquele relacionamento amoroso fracassado, a velocidade de nossa internet, sapatos, o preço da gasolina ou o abdômen que esquecemos os joguinhos de ciência da infância, foi a minha conclusão ao perceber que eu não sabia). Mediram o ar perdido, o metal mutilado, e sempre, o mesmo resultado. Pesava mais. Descobriu que o oxigênio não havia sido queimado e desaparecido para sempre, havia aderido ao metal a mesma quantidade de peso que o ar havia perdido. Foi uma descoberta do mesmo nível da de Faraday, graças a seus dons contábeis, que logo também o matariam.
Jean-Paul Marat havia inventado um aparelho para exame por infravermelho, apresentou-o a Lavoisier, que o rejeitou e convenceu a Academia a fazer o mesmo. Achava que os padrões de calor não poderiam ser medidos da maneira como o médico estava proclamando que fazia. Marat amargou anos de miséria por culpa desta rejeição. Lavoisier continuava sua carreira, tanto na Academia quanto na arrecadação de impostos e teve a ideia de reconstruir um muro ao redor de Paris – havia existido um semelhante em tempos medievais – para que os cidadãos pagassem um pedágio, resultando numa maior arrecadação. O povo odiava o tal muro. Quando a Revolução Francesa começou, Marat fez questão de denunciar e lembrar e relembrar quem o construiu ao povo inflamado pela revolução, usando seu maravilhoso poder de oratória para isso. Vingou-se com todo o ódio que acumulou do homem que tinha a pele bonita dos saudáveis enquanto ele possuía a tez marcada pelas inúmeras doenças da pobreza. Lavoisier morreu na guilhotina em 1794.

Tragédia Grega

Há tantas histórias mais: de Lise Meitner que teve o estudo da fissão nuclear roubada pelo ex-amante Otto Hahn; Ole Roemer, jovem astrônomo que não conseguiu convencer o orgulhoso mestre Cassini e a Academia de que a luz não era instantânea;  Marie Curie que morre de câncer por tanto estudar a radiação; e, até mesmo Albert Einstein que teve a equação brilhante quase totalmente ignorada porque não se ajustava, na época, ao que os outros cientistas estavam fazendo.
Uma história de vaidades humanas e paixões que fez os maiores avanços científicos de nossa época. Úrsula Iguarán em Cem Anos de Solidão, repetia sempre que sentia a qualidade do tempo mudar, envelhecia e via os dias ficarem mais curtos e as crianças crescerem mais rápido. Eu envelheço e vejo que a qualidade das pessoas mudou. Como tinham paixão! Hoje, vê-se que os tais jovens brilhantes querem fazer faculdade e ser alguém. Ah, querem tanto ser alguém! Nossas capacidades contábeis ainda hão de nos matar como a Lavoisier –sem o glamour da guilhotina. Este livro deu-me mais perguntas do que respostas. Quando o terminei, Albert Einstein (que odiava o esnobismo de Princeton e os amigos ouviam-no sempre dizer: “esta vila de semideuses insignificantes em pernas de pau”) pairava acima da humanidade, com aquele olhar de indulgência com a desgraça e beleza da natureza humana que fez-me levantar os olhos do livro com um meio sorriso e pensar: “gênio, gênio...”.
Vila de semideuses insignificantes em pernas de pau.
Gênio, gênio...

Saudosismo

Não se fazem mais jovens com ideias originais como antigamente. Hoje, emburrecemos. Um amigo convidou-me para um convescote artístico-social em Curitiba. "Haverá muitos artistas", disse ele, "poetas e escritores". Não, não, impossível. Poetas e escritores não, com aqueles óculos quadradinhos e olhar de poeta-e-escritor. Não me venham com intelectuais, por favor. Estou cansada deles, são tão intelectuais e citam tantos nomes e títulos impressionantes que minha cabeça dói. Farei um dia uma Caras só para intelectuais. Talvez se chame Letras e eles poderão mostrar a sua biblioteca-de-impressionar-mocinhas-que-me-acham-genial em página dupla e colorida. Poses pensando no sofá e lendo Goethe. Olhar perdido na janela fumando um charuto, meio Fernando Morais. Será um sucesso editorial! Eles precisam do mesmo espaço hoje em dia de uma modelo-e-atriz. É, queiram ou não ser poeta-e-escritor hoje é exatamente igual ao modelo-e-ator de alguns anos atrás. E, desgraça das desgraças, os verdadeiros poetas e verdadeiros escritores serão chamados de Monstros Sagrados da Literatura, como acontecia com os verdadeiros atores, e pelo Faustão.

Mundo dividido

Há, sim, uma conspiração. Contra os fumantes. Se você é fumante, tome cuidado com eles. Apesar de, por vários motivos, eu ter diminuído meus amados cigarros para o baixo número de cinco por dia, ainda considero-me fumante. O médico não-fumante disse-me horrores sobre o cigarro, de cima de seu bronzeado de quem caminha de manhã e tem ótima capacidade pulmonar. Já o Dr. Orlando, fumante sobrevivente de infartos, tossindo disse que minha falta de ar era por causa do pêlo do gato. Quando estava voltando para o Brasil, há uns três meses, um senhor estava fumando no banheiro do avião para Toronto. Foi um horror, só faltaram prender o pobre velhinho, a aeromoça e os passageiros não-fumantes olhavam para ele como a um criminoso. A esposa dele explicava aos comissários de bordo que não poderia ser ele quem fumou no banheiro (mas foi, pelo olhar de culpa e vergonha) pois havia parado há um mês. Umas três pessoas se entreolharam, eu inclusive, solidários com o velhinho em sua mentira e cigarros escondidos da mulher, mas em completo silêncio. Corríamos o risco de ser linchados e silenciosamente negamos três vezes nossos cigarros, comentando com quem estava ao lado: "oh... that´s so terrible". Somos uma sociedade secreta.

Andrea Trompczynski ® 2011
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Andrea Trompczynski – O livro é um prazer sensorial para mim. Capas antigas, o cheiro, anotações. Meu sonho de consumo é uma primeira edição de Finnegan's Wake, com anotações, nas margens, da Lígia Fagundes Telles. Não há arte maior que a literatura. Não há arte mais intensa e nem mais difícil. É a única e verdadeira arte. Escrever. Vou em teatro, ouço música, sim. Mas até a HQ para mim está acima da música. Não adianta. No princípio era o verbo. Os homens são minha forma favorita de design. Não a humanidade, os homens. Antifeminista convicta, acredito que as supermulheres perdem o que há de melhor nos homens. Passei por essas fases de queimar sutiã e hoje vejo que certa estava minha avó, não se deve lutar contra a natureza. Tenho uma estranha sensação de déjà-vu quando conheço coisas novas, é sempre como se já tivesse visto. Como se nada fosse muito novo. Por ter andado por muitos lugares e vivido tantas coisas sem sair do meu quarto, agora finalmente vendo "de verdade e se mexendo" o mundo, não me deslumbro, não me fascino. Prefiro os livros.

Postado por Vicente Freitas às 09:10:00