FÍSICA SEM EDUCAÇÃO

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domingo, 6 de novembro de 2016

A reforma por trás da reforma do ensino médio



No ano passado, a tentativa de reorganização, que eu chamaria de desorganização, das escolas públicas foi uma tentativa de privatização. Seriam fechadas 94 escolas e outras unidades teriam turnos inteiros; alunos, funcionários e professores seriam transferidos para outras unidades, o que seria ruim para muitos, que teriam que ser transferidos para bairros distantes.
Como resposta a essa medida, que foi feita de forma autoritária, sem consulta prévia dos envolvidos (comunidade, gestores, professores e alunos), os alunos ocuparam mais de 200 escolas e boicotaram o Índice de Desenvolvimento da Educação do Estado de São Paulo (IDESP) e, em contrapartida, enfrentaram direções autoritárias, a polícia e o Estado, mostrando, assim, o péssimo preparo de nossos governantes. Foram muitos contratempos como: a falta de maior mobilização dos professores em seu favor e uma participação maior da comunidade, além de terem sido alvo de repressões, ameaças e perseguições, sobretudo nas periferias, aonde a grande mídia não chega.

Tudo isso esconde, na verdade, uma intenção bem mais prejudicial, que é a privatização. Essa “reorganização” facilitará muito, pois se baseia no modelo americano, conhecido como Charter, em que as escolas são financiadas com recursos públicos, mas gerenciadas por empresas, que transferem a administração para as chamadas OS ( Organizações Sociais). Assim, as escolas passariam a ser administradas com a lógica do mercado, ou seja, com custo mínimo, metas de  produtividade e ganho, piorando a qualidade dos serviços e as condições de trabalho e salários, sem falar nos direitos sociais.
Isso só é um para os empresários, que aumentariam os seus lucros, explorando um nicho de mercado que passaria a ser controlado por eles, mas limitaria o processo educacional, restringindo a criatividade, a autonomia e o desenvolvimento intelectual e humano. O ensino vai se tornar uma busca maluca por resultados em concursos vestibulares e no ENEM. Além disso, a escola privatizada vai favorecer os grandes empresários, que poderão gerir, influenciar e controlar as políticas públicas de ensino de acordo com seus interesses, que é a formação de mão de obra subordinada às novas exigências do capitalismo. Resumindo tudo isso: Enquanto o filho daqueles que estudam em escolas privadas seriam preparados para o vestibular e a faculdade, o filho dos que estudam em escolas públicas seriam preparados para estar no mercado de trabalho. A desigualdade social só aumentaria não é?


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