No ano passado, a tentativa de reorganização, que eu chamaria
de desorganização, das escolas públicas foi uma tentativa de privatização.
Seriam fechadas 94 escolas e outras unidades teriam turnos inteiros; alunos,
funcionários e professores seriam transferidos para outras unidades, o que
seria ruim para muitos, que teriam que ser transferidos para bairros distantes.
Como resposta a essa medida, que foi feita de forma
autoritária, sem consulta prévia dos envolvidos (comunidade, gestores,
professores e alunos), os alunos ocuparam mais de 200 escolas e boicotaram o
Índice de Desenvolvimento da Educação do Estado de São Paulo (IDESP) e, em
contrapartida, enfrentaram direções autoritárias, a polícia e o Estado, mostrando,
assim, o péssimo preparo de nossos governantes. Foram muitos contratempos como:
a falta de maior mobilização dos professores em seu favor e uma participação
maior da comunidade, além de terem sido alvo de repressões, ameaças e perseguições,
sobretudo nas periferias, aonde a grande mídia não chega.
Tudo isso esconde, na verdade, uma intenção bem mais
prejudicial, que é a privatização. Essa “reorganização” facilitará muito, pois se
baseia no modelo americano, conhecido como Charter, em que as escolas são financiadas
com recursos públicos, mas gerenciadas por empresas, que transferem a
administração para as chamadas OS ( Organizações Sociais). Assim, as escolas passariam
a ser administradas com a lógica do mercado, ou seja, com custo mínimo, metas
de produtividade e ganho, piorando a
qualidade dos serviços e as condições de trabalho e salários, sem falar nos direitos
sociais.
Isso só é um para os
empresários, que aumentariam os seus lucros, explorando um nicho de mercado que
passaria a ser controlado por eles, mas limitaria o processo educacional,
restringindo a criatividade, a autonomia e o desenvolvimento intelectual e
humano. O ensino vai se tornar uma busca maluca por resultados em concursos
vestibulares e no ENEM. Além disso, a escola privatizada vai favorecer os
grandes empresários, que poderão gerir, influenciar e controlar as políticas
públicas de ensino de acordo com seus interesses, que é a formação de mão de
obra subordinada às novas exigências do capitalismo. Resumindo tudo isso: Enquanto o filho daqueles que estudam em escolas privadas seriam preparados para o vestibular e a faculdade, o filho dos que estudam em escolas públicas seriam preparados para estar no mercado de trabalho. A desigualdade social só aumentaria não é?
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