Continuando a falar de Piaget, vamos adentrarmos no tão
questionado construtivismo radical criticado por Mario Bunge, autor do texto
publicado no site do Universo Racionalista por Douglas Aguiar, que você pode
conferir aqui.
Piaget diz que a socialização vai ocorrer não apenas através
de sua maturação biológica, mas também através de seu desenvolvimento social,
capacidade de relacionar-se, melhorando assim suas interações sociais e, apesar
de não dar ênfase nas relações sociais, Piaget analisa este avanço:
Estágio sensório-motor (de 0 a 2 anos): diz que é abusivo
falarmos de uma real socialização da inteligência, pois essa fase tem muito
pouca (ou quase nada) de interação social. A criança está muito focada em seus
aspectos sensoriais (descobrindo sensações). Concluindo: Não podemos falar em
socialização da inteligência nesse estágio.
O estágio Pré-Operatório(de 2 a 7 anos aproximadamente): é quando
começa o processo de trocas intelectuais equilibradas, ou seja, quando a
criança já percebe o outro e convive, mas essa troca ainda não está equilibrada
totalmente (a criança ainda não presta atenção ao que a outra fala) e, nesse
estágio, ocorrem três características que ainda limitam as trocas intelectuais
equilibradas:
- Falta de capacidade para aderir a uma escala comum de
referência, condição necessária para o verdadeiro diálogo.
- A criança não conserva, necessariamente, durante uma
conversa, as definições que ela mesma deu e não sustenta suas afirmações.
- Dificuldade de se colocar no lugar do outro, o que impede
uma relação de reciprocidade.
Os primeiros estágios citados são suficientes e já
esclarecem o que a teoria de Piaget pensa a respeito dos primeiros parágrafos
do artigo de Bunge no UR, mas vou continuar descrevendo-os para que não haja
dúvidas.
Num jogo, ou brincadeira, por exemplo, as crianças seguem ou
fazem suas próprias regras: é a fase egocêntrica, da “centração”, não há ainda
a cooperação. Elas não sentem necessidade de regras. A criança também se contradiz,
ela se preocupa somente com aquilo que ela quer transmitir naquele momento,
caracterizando assim o pensamento egocêntrico.
Para Piaget e muitos outros autores que desenvolveram
teorias sobre o Construtivismo, as noções do “Eu” e do “Outro” são construídas
conjuntamente, num longo processo de diferenciação, ou seja, num processo de
comparação com o outro, assim ela percebe quem ela é. Já com relação à
personalidade, para Piaget, as relações subjetivas irão construir sua própria
personalidade, até porque é nessas diferenciações que ela consegue definir o
“eu” e o “outro” e, dessa forma, há uma superação do egocentrismo, antes tão
presente, passando a enxergar o “outro” e conhecendo seu próprio “eu”,
apresentando seu ponto de vista, não mais de acordo com o que o outro pensa
(imitação) e, assim, passa a compreender e seguir regras.
Percebemos que Piaget deixa claras as interrelações dos
sujeitos num processo de desenvolvimento de cada um e, quando ele diz que se torna
personalidade (uma coordenação da individualidade com o universal), ela passa a
construir sua autonomia.
O Construtivismo Radical proposto por Ernst von Glasersfeld, confira aqui, segue a mesma linha de Piaget. Então,
para que tenhamos uma análise clara do que ele propôs, precisamos compreender
um pouco a teoria piagetiana. Existem diversas críticas na proposta de Von
Glasersfeld, mas acredito que valha a pena uma análise mais aprofundada para um
melhor entendimento.
Agora você pode estar se perguntando: Como uma simples
professora de física tem a ousadia de questionar um dos grandes filósofos
científicos contemporâneo Mario Bunge?
Pois é! Conheça mais a vida desse grande filósofo aqui
Esse texto é a continuação do texto anterior que você pode ler aqui
Esse texto é a continuação do texto anterior que você pode ler aqui
Leia mais: Piaget,
Vigotski, Wallon: Teorias psicogenéticas em discussão por Yves de La Taille
(Autor), Marta Kohl de Oliveira (Autor), Heloysa Dantas (Autor).
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