No dia 07/07/2015, houve uma comissão de educação para
reformulação do ensino médio, um tema bastante polêmico que vem sendo discutido
há muito tempo, mas nada sendo feito e o resultado disso são os índices
piorando a cada ano. Aliás, houve melhoras, mas são irrelevantes perto dos
números baixos já apresentados.
Quem presidiu a
comissão foi a deputada do DEM – TO Dorinha Seabra Rozende. Quem abriu o
discurso foi a presidente da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas
(UBES), Bárbara Melo, que depois teve que se ausentar por causa de outro
compromisso.
A primeira crítica dela foi a respeito do horário, diz que
sete horas é muito cedo, e a forma que a escola se comporta quando o aluno
chega atrasado, não deixando entrar. Bom, quanto ao horário, não vejo problemas
nisso, afinal eles (alunos e alunas) terão horários a serem cumpridos em seus
futuros empregos e quanto à escola proibir o aluno de entrar quando chega
atrasado, há muitos pontos a serem levados em consideração. Obviamente o aluno
pode chegar atrasado, desde que isso não seja frequente, isso cabe em cada
regra de cada escola, mas vamos entender que na profissão que ele seguir não
poderá chegar atrasado, concorda? A função da escola não é educar para a vida?
Então, regras fazem parte da vida e devem ser cumpridas, a intolerância deve
ser combatida, obviamente, mas não permitindo tudo sempre. Que espécie de
adolescente e futuro trabalhador estaremos formando se formos permissivos
sempre? Tudo deve ser dosado.
Ela diz que a escola reproduz preconceitos e não deveria.
Concordo plenamente! Mas isso já está sendo feito, mas mais do que contar com a
escola temos que contar com a sociedade e, mais ainda, com a mídia. Há políticas
trabalhando nisso, tudo é uma questão de tempo.
Quanto à conexão entre as matérias, também concordo, mais do
que isso, os professores devem ser devidamente preparados para essa
interdisciplinaridade e ela deve acontecer, aliás, passou da hora.
Com relação ao celular em sala de aula, antes de tudo, os
professores devem ser, novamente, preparados para lidar com essa nova
tecnologia e mais importante, tem que haver a mudança de uma cultura, Claro que
a escola também deve ser preparada, já que professor sozinho não consegue
competir com a tecnologia se não estiver muito bem preparado e amparado pela
escola.
A verba da escola deve ser, antes de mais nada, fiscalizada,
bem investida, não adianta ter mais verba e investir em tablets para os alunos,
por exemplo, não que isso não seja válido, é muito, mas precisamos preparar a
escola (corpo docente e discente) para essas novas tecnologias. Todos os
comentários dela foram bem importantes e relevantes.
A comissão foi composta de cinco mesas, cada mesa com cinco
membros de diversos orgãos:
1 – Tema Central: Organização curricular e base nacional
comum.
2 – Jornada escolar ampliada e condições de oferta para o
ensino médio.
3 – Instrumentos de avaliação do Ensino Médio
4 – Formação de professores e gestores
5 – Integração do ensino médio com a educação profissional.
Wilson Filho (PTB-PB) e membro da Coordenadoria Estadual dos
Conselhos Comunitários de Segurança (Conseg) http://www.conseg.sp.gov.br/, enviou um
relatório com algumas metas que a comissão entendeu que ainda não era possível
de alcançar em tão pouco espaço de tempo, como o ensino integral em 10 anos e 50%
de todos os adolescentes na escola em mais 10 anos.
Quanto ao primeiro, tenho minhas ressalvas, apesar de ser
uma boa medida, mas muita coisa ainda deve ser pensada e isso será novamente
comentado mais adiante.
Ele conseguiu algumas conquistas, como transformar o ENEM
como parte do currículo e o terceiro ano do ensino médio enfatizando o que o
aluno quer aprender.
José Fernandes Lima do Conselho Nacional de Educação
enfatiza pontos muito importantes. O primeiro questionamento que faz está
relacionado com a escolha de conteúdos que ele diz ter que estar de acordo com
os interesses da sociedade e pergunta: Educação é para quem? Para quê? E como?
Na Constituição constam as duas primeiras indagações. Para quê?
Para o desenvolvimento pleno, o exercício da cidadania e o desenvolvimento do
trabalho. Para que? A resposta encontra-se no artigo 3° da mesma, para
construir uma sociedade justa e ele chama a atenção para um item que o cidadão
brasileiro deve levar em consideração: O ENSINO MÉDIO É UM DIREITO, é a etapa
final da educação básica para desempenhar o exercício de cidadania e o desempenho
para o trabalho, como já foi dito acima, ou seja, é para todos e não pode ter
diferenças entre pobres ou ricos.
É o que acontece?
Ele faz diversos questionamentos que valem a pena ser comentados. Um deles - que venho enfatizando sempre - é se
o currículo funcionasse realmente, se fosse aplicado, o ensino médio estaria muito melhor. E é
verdade, afinal, como ele mesmo fala, se o piso não é pago e se temos poucas
escolas com laboratórios de ciências, por exemplo, como queremos que o ensino seja
de qualidade? E completa, O Plano Nacional de Educação (PNE), não pode se
limitar aos conteúdos, tem que ser apenas um pano de fundo.
Logo depois, Eduardo Dechamps, presidente do Conselho Nacional
de Secretários da Educação (CONSED), defende a formação de professores e diz
que o ensino médio sozinho não resolve, deve-se ter um olhar para o fundamental
II, pois ele está abandonado e também defende um currículo mais genérico. Os
estados devem definir suas propostas e ressalta que a Base Nacional Comum (BNC)
não pode ser engessada, mas que seja a essência para que o Brasil garanta o que
seja ensinado como um todo, em todos os estados. Além disso, defende uma maior
autonomia dos professores e, para isso, uma melhor formação e preparação.
Ítalo Dutra, diretor de currículo do Ministério da Educação
e Cultura (MEC) faz muitas considerações importantes sobre para que serve o BNC
e também defende uma maior autonomia do professor. Ressalta que, até setembro,
haverá um canal aberto com a comunidade para que opinem nas considerações
finais a respeito do currículo e, até setembro, será entregue um documento
preliminar.
Um dos comentários que mais me chamou atenção foi o do
deputado Reginaldo Lopes – PT – MG, entre vários, pois o discurso dele vale a
pena ser visto também. Ele diz que o currículo, atualmente, “fala de tudo mas
não ensina quase nada”, o que é verdade e ele pede ao MEC que dê conta de
controlar o Mangabeira Unger, o Ministro de Assuntos Estratégicos, para
entender melhor essa história (veja o vídeo no final).
Após os comentários individuais, começam as mesas e só
ressaltarei comentários que achei relevantes, como o do Ismar Barbosa Cruz do
Tribunal de Contas da União. Ele enfatiza a valorização de professores e
gestores, os financiamentos e o déficit de professores, principalmente de
física, química, sociologia e filosofia. Aponta os números que valem a pena ser
vistos e chama a atenção à discrepância entre os valores informados entre a
Secretaria do Tesouro Nacional e o Centro
Integrado de Operações (Ciop), em 2011, com uma diferença de
19 bilhões entre um dado e outro e, em 2012, 13 bilhões, ou seja, falta
fiscalização. Além disso, chama a atenção do MEC para apresentar medidas de
avaliações por escola, uma falta de regulamentação de um padrão mínimo e
medidas de recursos ideais.
Wisley João Pereira,
da Secretaria de Educação, Cultura e Esporte de Goiás, fala o que todos os
gestores escolares e professores, acredito, desejariam, ele diz que precisam
parar com a teoria e irem para a prática e chama a atenção para fatos que,
visivelmente, desconhecem ou insistem em ignorar. Para que se tenha uma jornada
ampliada, no ensino integral, tem que haver uma infraestrutura, não é só aula,
“precisamos de coragem para deixar o discurso e ir para a prática, as condições
atuais são contrárias às jornadas ampliadas”. Segundo ele, o que seria mais
importante, antes de mexer no currículo, é o déficit de professores e a
formação dos professores. Um detalhe, ele é professor de física e fecha com
chave de ouro as minhas considerações sobre a comissão feita.
Não terminou com
ele, mas eu termino por aqui, porque o restante deve ser visto e analisado,
pois houve muitos comentários que eu posso não ter levado em conta, mas que
foram tão importantes quanto esses que enfatizei. Acessem o vídeo abaixo, pois
vale a pena ver os detalhes do que foi discutido.
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