FÍSICA SEM EDUCAÇÃO

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quarta-feira, 1 de maio de 2019

Banco Mundial e a Educação




Muitos dos gestores e professores que estão nas escolas e lutam por melhores condições e salários não atentaram ainda para uma questão de extrema preocupação e importância: o papel do Banco Mundial na educação.

Apesar de o investimento na área não ser muito irrelevante (cerca de 0,5% da despesa total) ele se transformou no principal agente de assistência técnica, na área, aos países em desenvolvimento, o que inclui o Brasil. É a maior fonte de fundos externos para melhorar o aceso, a equidade e a qualidade dos sistemas escolares. Só que o conceito de qualidade é diferente do nosso, que está diretamente ligado a área da educação.

Atualmente a ênfase do BM é na educação básica, mais precisamente na educação formal e infantil (como foi colocado como proposta do atual governo), deixando de lado a educação de jovens e adultos e a educação não-formal. Obviamente que há uma intenção por trás disso, que está explicado nas fontes apresentadas. Agora vou focar num outro ponto.

Na concepção do BM, a qualidade na educação seria o resultado de “insumos” com 9 fatores, por ordem de relevância:
1-    Bibliotecas
2-    Tempo de instrução
3-    Tarefas de casa
4-    Livros didáticos
5-    Conhecimento do professor
6-    Experiência do professor
7-    Laboratórios
8-    Salário do professor
9-    Tamanho da classe

As conclusões que o BM tira desses “insumos” é que os três últimos são investimentos irrelevantes e se recomenda investir nos três primeiros.

      Vale destacar que a autonomia escolar está diretamente ligada ao financeiro e administrativo e lembrando que o assunto hoje nas escolas é a gestão democrática, participação maior da comunidade e dos alunos pertencente a elas. Mas o que daria mais autonomia às escolas não fica claro nos documentos, o que fica claro é que há um impulso ao setor privado, pois propõe uma redefinição do papel tradicional do Estado em relação à educação. A noção dada de “participação” da comunidade e das famílias é cada vez mais contaminada pelo aspecto econômico, assim como o impulso ao setor privado e aos organismos não-governamentais e a educação passa a ser analisada com os critérios do mercado.

Só lembrando que esses critérios se baseiam em maior produção com menor custo, o que para o professor seria mais trabalho (produzir mais) com baixo salário (menor custo). Ressaltando que, para o BM, o custo do professor é muito alto.

As referências bibliográficas contidas no final desse texto opinativo dão uma ideia clara do que eu digo. É hora de mudarmos o foco, não com relação às reivindicações (salários justos, melhor infraestrutura, menor quantidade de alunos por sala etc.), mas perceber qual é realmente o foco de luta, para que consigamos um dia ser valorizados.


Só lembrando que o atual governo deixou bem claro que pretende dar mais autonomia ao BM e, se analisarem bem o atual contexto  educacional, as propostas do BM e desse governo, perceberão que as reformas (e emparelhamentos) que estão sendo feitos nos leva a crer que a intenção não é melhorar a vida de professores e gestores, mas exigir mais com menor custo.  


Referências:
TORRES, R. M. Melhorar a qualidade da educação básica?: as estratégias do Banco Mundial. In: TOMMASI, L.; WARDE, M. J.; HADDAD, S. (Org.). O Banco Mundial e as políticas educacionais. 3. ed. São Paulo: Cortez, 2000.
PARO, V. H. Gestão democrática da escola pública. São Paulo: Ática, 1997


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