Hoje, dia 5 de maio, tive conhecimento das alterações feitas ontem na LDB que você poderá conferir nesse vídeo.
Esse artigo escrito em maio desse mesmo ano nunca fez tanto sentido:
Começo esse artigo dizendo que espero estar errada em tudo. Espero, sinceramente, que eu esteja sendo alarmista e pessimista com relação à educação e ao país.
Atualizando as informações. Dia 21/09/2019. Pelas evidências não era um devaneio, infelizmente!
A página da própria Anup, citada no final do texto:
E mais:
Começo esse artigo dizendo que espero estar errada em tudo. Espero, sinceramente, que eu esteja sendo alarmista e pessimista com relação à educação e ao país.
Desde que o atual presidente assumiu vêm ocorrendo diversos
desmontes em áreas sociais, que também são preocupantes, mas vou me ater a
falar da educação, minha área de atuação.
O avanço das “faculdades qualquer coisa” e dos cursos on
line começou no ano passado. Claro que já havia, mas com a Reforma do Ensino
médio, que nunca deveria ter acontecido, aumentou muito.
Quando, antes das eleições, li o plano de governo do atual
presidente, percebi que o que estava por trás não era apenas o desmonte da
educação pública em geral, mas um processo de poder das igrejas evangélicas que
hoje estão na política e isso foi claramente explicitado com a sugestão da
educação domiciliar.
O fanatismo religioso aliado aos discurso anti-intelectual
tem ganhado força. As escolas públicas que, ano após ano têm sido sucateadas
propositadamente, têm o descaso do poder público acentuado nesse governo e faz
com que as igrejas evangélicas, que hoje permeiam o Planalto e o Congresso,
arrebanhem mais fiéis com a história do homescholling defendido pelos
fundamentalistas religiosos e oportunistas ignorantes que estão no governo.
Há pessoas dizendo que não, que é um delírio meu, pois os país
jamais terão condições de custear a educação domiciliar, afinal a maioria
precisa trabalhar, mesmo que informalmente, e não terão condições econômicas,
físicas, pedagógicas ou mesmo psicológicas de proporcionar a seus filhos e filhas
tal educação, afinal de contas não possuem nem poder aquisitivo, tempo ou mesmo
um preparo adequado para tal.
Concordo! Mas qual seria a saída, já que a escola não
oferece segurança nem ensino de qualidade, além de ter professores
doutrinadores sexuais e de esquerda e que estão levando seus filhos e filhas
para um mau caminho, longe de Deus?
Logo, as igrejas estarão criando “escolas paroquiais”, com
turmas de alunos que pretensamente deveriam estar tendo o tal “ensino domiciliar”,
driblando a lei (o que está subentendido na proposta do governo) e dando maior
poder (e grana) aos pastores que, logicamente, cobrarão bem caro pelos serviços
prestados. E com toda a carga ideológica e religiosa das tais igrejas, claro,
de acordo com a vontade dos pais obtusos pela crença.
Com relação à educação superior, é um pouco diferente. Por
enquanto, não teremos as igrejas investindo nesse seguimento, mesmo porque esse
é um processo bem lento. Mas, teremos as grandes corporações educacionais
oferecendo diplomas superiores e técnicos on line, pois será uma educação com
baixo custo, sem precisar arcar com prédios e instalações, e isso vai ocasionar
mais empobrecimento do conhecimento, pois, com esse MEC que está aí, basta ser
favorável ao governo, não precisa de qualidade.
Reproduzo recente reportagem do jornal El País sobre o tema:
“No plano já ventilado por apoiadores de Bolsonaro, há propostas como a
cobrança de mensalidade nas universidades que dependem de alterações na
Constituição – a gratuidade está prevista em todos os níveis do ensino público.
Para revogar as cotas raciais, desejo antigo do presidente de extrema direita,
que pretende manter apenas as cotas sociais, ele teria de mexer na lei de 2012
que reserva vagas para estudantes negros e indígenas nas instituições federais.
As emendas precisam de aprovação em dois turnos na Câmara e no Senado. Pelos acenos favoráveis a seu partido, que elegeu a segunda maior bancada de deputados, o governo não teria grandes entraves para aglutinar maioria em torno dos projetos, mas corre o risco de desperdiçar capital político previsto para reformas que lhe exigirão mais esforços, como a tributária e a da Previdência. ”
As emendas precisam de aprovação em dois turnos na Câmara e no Senado. Pelos acenos favoráveis a seu partido, que elegeu a segunda maior bancada de deputados, o governo não teria grandes entraves para aglutinar maioria em torno dos projetos, mas corre o risco de desperdiçar capital político previsto para reformas que lhe exigirão mais esforços, como a tributária e a da Previdência. ”
Vale lembrar que a atual vice-presidente da Associação
Nacional Das Universidades Privadas (Anup) é irmã do atual ministro da
economia, Paulo Guedes. Fica muito difícil não ver uma ligação entre os cortes
de investimento do Ministério da Educação (MEC) às Universidades Federais e o
plano de poder. Repito o que disso no começo desse artigo: eu espero,
sinceramente, que isso seja apenas um devaneio.
Fontes:
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