FÍSICA SEM EDUCAÇÃO

A única maneira de fazer o Brasil progredir é com educação, informação e caráter.

segunda-feira, 4 de março de 2019

Ordem sem progresso




Diante de tudo o que venho acompanhando da nossa política, principalmente na área da educação, minhas impressões não são boas. No final do texto seguem as referências de tudo o que li para escrever esse texto, recomendo a leitura.
O novo governo conseguiu piorar o que já estava ruim e estamos diante de um bando de mentirosos e incompetentes que, juntos, trabalham para destruir qualquer avanço social e educacional.
Quem conhece o básico dos documentos educacionais sabe que estamos na contramão de tudo o que construímos, inclusive da Constituição de 1988, elaborada durante o governo Sarney, quando tínhamos acabado de sair de um governo militar e ditador e passamos a ser um governo civil. Um detalhe: essa mudança ocorreu com a “participação popular”, ou seja, houve muitos protestos, muitas passeatas, mas a decisão final acabou sendo mesmo uma costura política das forças que comandavam a nação.
A educação na época militar era segregadora e elitista, a ordem era imposta e os conteúdos eram mecanicamente decorados. Eu nunca fui muito boa para memorizar nada e sempre me saí muito mal nas disciplinas de história e geografia, por exemplo, pois não conseguia guardar na memória afluentes de rios, capitais, estados, datas etc. e o motivo é explicado na história da educação durante o Regime Militar, na maior parte de minha adolescência.
A Constituição anterior, aprovada durante o Regime Militar (1967) desobrigou os Estados e a União de um investimento mínimo em educação e a Carta de 1967 abre oportunidade para a iniciativa privada investir em educação, reforçado essa “oportunidade” pela Emenda Constitucional n°1 nesse mesmo ano. O Governo faz a concessão de bolsas e se desobriga do investimento na educação pública.
O modelo educacional da época era diferente, dividido em pré-primário, primário e colegial. Apenas a educação básica, hoje Fundamental I, era obrigatória por lei, mesmo assim com algumas exceções como doenças, falta de acesso a uma escola próxima entre outros e o aumento de matrículas foi considerável, o que era positivo. Mas, o grande problema é que houve aumento da demanda e não dos investimentos, ocasionando a falta e baixa qualificação docente e de estrutura, aumentando assim a desigualdade educacional e social.
Obviamente tiveram que tentar “tapar o buraco” na questão dos docentes com relação à qualificação, com a criação das tais licenciaturas curtas. A consequência foi o rebaixamento cultural da massa de trabalhadores da educação e a precarização das condições de trabalho, principalmente pela via do arroxo salarial a que todas as classes trabalhadoras foram submetidas, mas com resultados mais catastróficos para os professores, que não tinham como recuperar perdas salariais.
A ideia do governo militar era formar os filhos dos pobres para a mão de obra e as universidades estariam reservadas para a elite intelectual. Claro que sempre houve, em toda a história anterior do país (e atual também) os privilégios para a elite, mas na época da ditadura isso foi consideravelmente acentuado, pois as escolas públicas, destinadas aos pobres, perderam a qualidade, enquanto as escolas privadas, destinadas aos mais ricos, atraíam mão de obra mais qualificada, com salários relativamente maiores, e uma farta propaganda de sucesso.
A educação básica constrói uma disciplina obrigatória: a educação moral e cívica. A sociologia e a filosofia foram excluídas do currículo, além de alterações significativas nos conteúdos de história e geografia (visando à massificação de conteúdos decorativos) ao buscar enfatizar sempre o nacionalismo. Para minha alegria (que estudei nessa época) e a alegria de todos a educação moral e cívica foi abolida em 1993.

Agora há pouco, o “nosso” ministro Ricardo Vèlez Rodrigues fala sobre a retomada da Educação Moral e Cívica, como se pode ler na bibliografia deixada no fim do texto. Essa aberração não foi levada adiante, mas pela simples ideia de retomada já podemos entender o que ele pensa a respeito de educação para o país.
O ministro e todos aqueles que foram empossados pelo novo presidente, além de não quererem dar continuidade às novas tendências apresentadas pelos órgãos competentes da área, insistem em dar um passo para trás, para as décadas de 70 e 80. Acredito que conseguirão, pois é muito fácil manipular uma população carente, insegura, ignorante e faminta.
Com um governo todo aparelhado por militares mal-intencionados, ignorantes sociais e representantes políticos oportunistas, a chance de haver qualquer melhora, tanto para o educador quanto para o educando, é de zero por cento, afinal de contas a ideia deles é de permanecerem no poder.
Enganam-se aqueles que acreditam que teremos uma ditadura nos moldes de antigamente, ela será seguramente uma “ditadura democrática”, em que nem os “cidadões”, segundo Marcus Vinicius Rodrigues, novo presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), saberão o quanto estão sendo manipulados por aqueles que estão no poder e a palavra será sempre de ordem, mas sem progresso.

Os meus textos anteriormente publicado nesse blog sobre a ditadura http://fisicasemeducacao.blogspot.com/2013/01/ensino-bom-era-o-de-antigamente-sera.html


2 comentários:

  1. Achei o seu texto muito interessante e concordo em partes. Eu só mudaria o final. A chance de uma nova ditadura acontecer é real, porque sempre estaremos em uma ditadura, a ditadura real é a do capitalismo. Mas isso não quer dizer que tudo vai ser péssimo, porque a gente esquece de uma coisa: eles atingem o povo quando pensamos que estamos sozinhos e nos fazem sempre pensar que estamos. Porque a união é temida mais do que qualquer outra arma. Vamos morrer de qualquer jeito, eu não tenho medo de morrer lutando pelo que eu acho que é certo e talvez outras pessoas também não. Sempre haverá esses dois caminhos, mas infelizmente, vai acabar. No final, eu vou querer a acreditar que tudo que eu fiz, eu fiz por amor. Amor em forma única, como na arte. Porque tudo é arte, tudo é vida. A propósito, o nome do blog não faz jus. Não é física sem educação, se você sem querer cai num post e começa a pensar sobre o outro, em como eles estão conectados. Isso é educação, então meus parabéns, espero que continue escrevendo e tente se manter objetiva, mas flexível também, nós não sabemos o que vai acontecer no futuro, o pouco que eu sei de física me leva a crer que eu não sei de nada e me faça questionar tudo, isso é bom. Mas eu vou continuar lutando por esse amor que me torna humana.

    ResponderExcluir
  2. Obrigada, o nome do blog é Física sem educação porque sou professora de física e estou apreensiva com essa nova política que, além de estar destruindo o país, está destruindo a ciência.

    ResponderExcluir

Seu comentário será aprovado após lido, obrigada!