Mais uma vez traduzi um texto de Byron Jennings do site Quantum diaries. Particularmente, como já havia dito gosto muito desse físico e autor e espero que gostem também...Boa leitura
Ciência: a maior conquista da humanidade
No entanto a ciência tem duas vias: não oferece nem as
ilusões da certeza nem uma resolução. Certa vez me deparei com um testamento em
que sua última vontade era: eu entrego
meu corpo para ser enterrado com a certeza de que serei ressuscitado no dia do
julgamento. Ah, o dia do julgamento ainda não chegou, por isso não sei se o
seu testamento será válido, mas uma ressurreição do corpo é muito menos
proeminente numa apologia cristã do que costumava ser. Quando se trata de conhecimento, a
ciência promete menos, mas oferece mais do que seus concorrentes em filosofia
ou teologia. Gostaria de ter Isaac Newton (1642-1727) com Renè Descartes
(1596-1650), Immanuel Kant (1724-1804), Tomás de Aquino (1225-1274), ou William
Paley (1743-1805) em qualquer dia e todos juntos. Seu conhecimento infalível em
grande parte desapareceu, mas o conhecimento incerto e aproximado de Newton
ainda está sendo utilizado em muitas aplicações práticas. Pergunte a qualquer
engenheiro mecânico.
No Guia do Mochileiro das Galáxias, Douglas
Adams (1952-2001) coloca os problemas numa outra perspectiva. Havia um marido
cuja esposa dizia-lhe para colocar as coisas em uma nova perspectiva. No
entanto, quando alguém olha para os problemas, eles percebem o quão
insignificantes eram com relação à vastidão do Universo e, invariavelmente,
enlouqueceram e morreram. Isso prova que se a vida existir num universo deste
tamanho, a única coisa que podemos nos dar ao luxo de ter é senso de proporção.
Ah sim, a necessidade humana da importância e da finalidade. Eu acredito que a
melhor geração da ciência virá acompanhada de um propósito, que é a entropia [2] . Não tenho certeza que é pior do que eu tinha ouvido falar
na apologia cristã, que dizia que fomos criados por Deus para adorá-lo. Pessoalmente
eu nunca iria adorar um Deus narcisista.
Apesar de suas deficiências, perceptíveis ou reais, a ciência tem um tremendo histórico. Mas o
melhor ainda está por vir. Não vamos cometer o erro dos físicos do final do
século XIX, que pensavam que todas as questões importantes tinham sido
respondidas. Há muitas coisas que as mentes questionadoras querem saber: O que,
ou alguma coisa, que estava lá antes do Big Bang? Como combinar a gravidade e a
mecânica quântica? Existe uma solução para o aquecimento global que seja
politicamente aceitável? Há supercondutores na temperatura ambiente? Como a
vida começou? Qual a inteligência dos neandertais? Como funciona a mente? O
último me parece ser a pergunta mais interessante: a fronteira final. Ela tem o
potencial de abrir totalmente uma nova frente para o conflito entre ciência e
religião, ou a ciência e a filosofia. Mas é interessante, no entanto. Responder
a essas e outras questões que levarão a inteligentes abordagens teóricas e
experimentais e abordagens inteligentes para inteligentes financiamentos. No
entanto as técnicas científicas estão à altura dessa tarefa.
Mas o que é ciência? Em última análise, é uma atividade
humana, um exercício da mente humana. Nós construímos modelos e paradigmas e
assim nossas mentes e cérebros evoluíram para lidar com as mais complexas
experiências. Assim, as ciências da natureza estão intimamente ligadas à
pergunta acima: Como funciona a mente? Em última análise, como a ciência
funciona, na verdade a própria definição de conhecimento, são questões para a
neurociência e o estudo empírico da mente.
Estou fazendo um intervalo neste blog para o resto do verão,
mas posso sugerir outros blogs no outono...
Texto muito interessante.
ResponderExcluirMas que levanta muitas perguntas e dá poucas respotas. O que até é natural pois aborda não só as ciências naturais, mas também as ciências sociais e humanas.
E se falámos de ciências sociais, invitavelmente acaba por surgir este interminável confronto com a religião. Mas é fundamental que se reconheça que se a ciência, per se, não precisa da religião para o seu desenvolvimento, por outro lado essa mesma ciência é "feita" por nós, seres humanos, com os nossos medos e incertezas, dúvidas e convicções.
Sejamos nós capazes de investigar, experimentar e teorizar, utilizando as ferramentas da ciência, e tudo estará bem. Independentemente das crenças de cada um (ou da ausência de crenças.
Desde Galileu até aos nossos dias percorremos um caminho fascinante e muito produtivo. Estou otimista e expectante em relação ao futuro!
Sim Rui, e o que eu sempre coloco é que podemos ter fé, mas não podemos ter medo de saber, mesmo que essa descoberta contradiga o que pensávamos. Quem tem fé realmente, ela nunca será abalada. Por isso cientista é cético, pois se não fossem não procurariam respostas e ainda viveríamos num mundo geocêntrico, não é mesmo? Obrigada pelo seu comentário :))))
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