Ainda é muito cedo para fazer uma avaliação? Não creio. Em poucos
dias, conseguiu determinar (ou indicar), infelizmente de forma negativa, o que
acontecerá nos próximos anos. Vou-me ater apenas na área de educação, pois
acredito que será a parte mais afetada pelas incoerências mostradas até agora.
O novo ministro da educação - MEC (Ministério
da Educação e Cultura, por enquanto) -, Ricardo Veléz Rodrigues, vive num mundo
alheio à realidade e tem como parâmetro um senhor que, apesar de não ter nem a
antiga 4ª série (ensino fundamental 1 – 5º ano) se autonomeia filósofo, Olavo
de Carvalho, que escreve e faz vídeos atacando a tudo e a todos e palpitando
sobre coisas que sequer conhece. Bom, até aí o presidente eleito também!
“Enxergo, para o MEC,
uma tarefa essencial: recolocar o sistema de ensino básico e fundamental a
serviço das pessoas e não como opção burocrática sobranceira aos interesses dos
cidadãos, para perpetuar uma casta que se enquistou no poder e que pretendia
fazer das Instituições Republicanas, instrumentos para a sua hegemonia política”,
escreveu Ricardo Vélez Rodríguez.
Tempos sombrios virão já pelos primeiros acenos desse (des)governo.
Visam combater um inimigo que não existe (o tal marxismo cultural), o que
mostra sua inexperiência e neurose em perseguir fantasmas oriundos da ditadura
miliar. Socorro!
Com a perseguição à ameaça vermelha (comunismo), às
universidades brasileiras e às escolas públicas de ensino fundamental e médio,
achei que restaria uma esperança na educação infantil, já que deixou bem claro
que vai perseguir os professores universitários que não condizem com a sua
ideologia e que tenham alguma afinidade com a esquerda (sua grande inimiga).
Sim! Voltamos à ditadura, mas essa ditadura não será como a
de 1964, onde se capturavam e matavam os ditos comunistas, será ideológica e
política.
Diante de tudo isso me restava uma esperança com relação à
educação infantil. Que ilusão! O novo Secretário de Alfabetização, Carlos Nadalim, que vive no mesmo mundo de
Velez e o presidente eleito, já declarou ataque aos grandes nomes da
alfabetização. Uma delas é Magda Soares, que deu uma entrevista à revista Nova
Escoa (o link da entrevista está no final do texto) e demonstra claramente a
sua preocupação. “O atual secretário Nadalim ataca, com frequência, outros métodos como o
global e o chamado construtivista, que para ele seriam dominantes nas escolas
brasileiras e, portanto, a causa dos péssimos resultados de alfabetização. Entre
as prioridades da pasta que lidera está a de banir métodos comumente associados
à teoria construtivista e promover o fônico. ” Como disse a professora.
O
que não entendem e não querem entender é que o problema nunca esteve em
métodos, pois a escola usa vários e o professor tem autonomia para isso,
através de sua experiência em sala. O fracasso escolar é uma questão política e
que ocorre por causa da desvalorização da educação pública e seu sucateamento
desde a época Imperial. Aliás, esse é uma das razões pelas quais os professores
de história estão sendo perseguidos, numa verdadeira caça às bruxas “moderna”.
Basta estudar a história da educação no país para perceber de onde vem o
verdadeiro problema.
Então,
antes de acreditar que é cedo para fazer uma análise do novo governo, pense bem
e se informe mais, pois não é exagero dizer que voltamos à Idade Média; exagero
é acreditar que, diante de todas as evidências, esse será um bom governo,
principalmente para a educação.
Muito bom esse blog. Parabéns, Cibele
ResponderExcluirMuito bom texto, Cibele Sidney, sempre se superando em suas análises!
ResponderExcluirObrigada!
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