PM mata "acidentalmente" e gera protesto na zona norte de SP
Hoje, voltando para Atibaia (SP), na Rodovia Fernão Dias, onde fiquei parada por horas, havia uma manifestação sobre a morte de um garoto de 17 anos ocasionada por um policial, segundo ele, acidentalmente. Mas pela versão dos moradores, não. Ao passar pelos ônibus tombados e queimados e caminhões depredados, afinal nunca tinha visto isso pessoalmente, me senti muito oprimida diante do ocorrido.
A culpa seria de quem? Do estado que nunca se preocupou em pagar dignamente nem seus policiais, professores, ou médicos?
Que nunca ofereceu para a população saúde, educação ou segurança de qualidade?
Do policial que se sentindo massacrado por um sistema violento e corrupto acaba descontando sua raiva nas pessoas erradas, pois o seu dever seria fazer com que a lei fosse cumprida, apenas prendendo responsáveis e não punindo ao querer fazer justiça com as próprias mãos?
Da população, que sempre foi omissa diante do vandalismo de nossos políticos ao nos tratarem dessa forma?
Da mãe, por nunca ter oferecido para o seu filho uma moradia e educação digna e por ser pobre?
Do garoto, por estar na hora errada e no lugar errado?
Fiquei pensando também em como cada um de nós somos responsáveis por tudo, pois ao mesmo tempo que culpamos o vandalismo de pessoas que protestam e depredam ônibus somos coniventes com o vandalismo do estado com relação a sua população (nós), ou mesmo, defendemos os ativistas por terem invadido uma clínica particular e quebrado tudo para salvar cachorrinhos?
Muito estranho isso!
A conclusão que cheguei foi: Nenhuma, pois diante de tudo isso só me resta a indignação e como professora, a luta por uma educação de qualidade e conscientização política.
Veja o vídeo
Diante de tudo, recebi uma postagem que explana bem o problema e foi postada no meu grupo Se liga na Parada! Debatendo Direitos e Deveres Sociais, a postagem foi de Edison Alessandro Maciel do grupo Movimento Democracia Participativa e convido a todos à participarem dos grupos para fazer valer a nossa democracia.
"O PROTESTO DA VILA MEDEIROS Saques a lojas, três caminhões e seis ônibus
incendiados, tiros disparados, uma pessoa baleada durante um saque na Av. Milton Rocha,
Vila Medeiros, e pelo menos 90 pessoas detidas. Este foi o resultado dos protestos
motivados pela morte do adolescente de 17 anos, Douglas Martins Rodrigues. Segundo a
Polícia Militar, Douglas foi atingido "acidentalmente" depois de policiais tentarem revistar
várias pessoas. O policial Luciano Pinheiro Bispo já está preso e responde a inquérito poe
"homicídio culposo". Reportagens de TV, posts e comentários em blogs, sites e redes
sociais tiveram o intuito de confundir as pessoas passando a imagem de que este protesto
específico esteja ligado aos protestos que vem acontecendo há meses em várias cidades
brasileiras. Essas reportagens visam associar os manifestantes às pessoas armadas que
colocaram fogo em caminhões e ônibus na rodovia Fernão Dias e que, em grande parte,
tem envolvimento com o tráfico de drogas da região. Porém, existem semelhanças, a maior
delas, sem dúvida, é a motivação da revolta e do protesto. Mais uma vez a população é
vítima do despreparo, do descaso, da indiferença policial e da violência policial na periferia
e, embora o policial Luciano Pinheiro Bispo alegue que o disparo tenha sido acidental,
testemunhas dizem que a viatura teria passado pelo jovem, voltado e o policial teria
disparado sem nem mesmo descer do veículo. Douglas estava acompanhado de um colega e
do irmão mais novo, de 13 anos, que disse que o irmão indagou aos policiais a razão de ter
levado um tiro: "Por que vocês fizeram isso comigo", teria perguntado a vítima, que
trabalhava de chapeiro, numa lanchonete. A ação desastrosa do Estado (polícia, no caso)
desencadeou a onda de protestos pelo bairro, assim como a ação desastrosa do Estado tem
desencadeado as várias manifestações, pacíficas ou não, Brasil a dentro. Mas as
semelhanças estão apenas nas motivações (a incompetência e o descaso do poder público),
pois os manifestantes que têm saído ás ruas nos últimos meses não andam armados e não
têm relação com o crime organizado. Como se trata de um bairro periférico, e quem mora
ou morou em periferia sabe, nesses bairros o poder paralelo tem grande influência, mais
uma vez por incompetência e ausência do Estado cuja a presencia nessas áreas se faz
apenas através da violência ineficaz e prejudicial de suas polícias. Esse poder paralelo,
principalmente traficantes, foram os percussores das ações incendiárias na Fernão Dias, não
qualquer grupo de manifestantes regulares, como querem fazer parecer as mídias. Não que
a revolta não seja justificável, venha de quem vier, mas cada coisa deve ser colocada no
seu lugar e cada ato deve ser atribuído ao seu devido autor. Falando em atribuição de atos
aos seus autores, muito tem sido dito sobre as "manifestações violentas" e os "atos de
vandalismo", mas muito pouco de fala nos motivos que levam a esse quadro de revolta
social e o Estado continua assassinando nas periferias, os políticos que gerem o Estado
continuam com seus privilégios e regalias, o peso dos parasitas públicos continua recaindo
sobre o ombro do povo e a polícia continua sendo usada como barreira de proteção entre o
povo e os aproveitadores que deveriam servi-lo. ADM - Edison"
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