Hoje, o mundo em que vivemos é caótico e indeterminado, mas
o desejo de controlar tudo está nos levando ao pânico, pois gostaríamos de um
mundo certo, determinado. Até a matemática, que era uma ciência exata, hoje
vive só de probabilidades criando um mundo de alta ansiedade, destruindo nossa
visão otimista do mundo.
Isaac Newton
A matemática de Newton descreve regras claras de causa e efeito, previsível e controlável.
Ele e Laplace, um seguidor de Newton, eram mecanicistas, tudo era determinado e o mundo era visto como
uma máquina, tudo tinha uma causa e era
previsível e a matemática explicaria tudo, inclusive as catástrofes.
O cálculo matemático das órbitas do Sistema Solar de Newton
prevê que dois corpos em órbitas idênticas fazem uma trajetória previsível e,
com esses cálculos, se poderia prever tudo no Universo, inclusive na Terra.
Henri Poincaré descobriu que não havia como prever órbitas, não importando
o quão iguais elas fossem no início, pois qualquer coisa que acontecesse em
alguma dessas órbitas poderia fazer com que seguissem um caminho completamente
diferente e totalmente inesperado e a sua previsão seria impossível. Essa foi a
ideia inicial do caos matemático. E também, lamentavelmente, percebeu que isso
se aplicava a quase tudo relacionado a natureza. Os críticos da época,
atenuaram essa teoria, afinal o povo não estaria preparado para essa nova visão
de mundo.
Apesar de toda carnificina da guerra, eles acreditavam que
não só existia uma ciência da balística, mas uma ciência da guerra e que os
resultados podiam ser controlados. Com isso a vitória seria certa, vencendo o
caos. No final, o caos venceu e os 10 milhões de mortos não previstos confirmou
a visão de Poincaré.
Aleksander Lyapunov durante a primeira guerra, estudou a instabilidade de um
fluido quando passava da estabilidade para a instabilidade e tentou formular
esse caos, que é exatamente o que acontece nas variações climáticas e que hoje
chamamos de “ponto de virada”.
A sua história é muito triste, pois quando estava preste a
conseguir, a sua vida chega ao seu ponto de virada com a revolução Russa e a
Guerra. Os que voltaram da guerra trouxeram uma epidemia de tuberculose que
acometeu a sua esposa, fazendo-a falecer em seus braços e ele, desolado, coloca
fim à vida com um tiro na cabeça.
Poincaré
e Lyapunov mostram um novo entendimento do mundo: O caos fez perderem a fé e a
esperança e precisavam resgatar tudo isso. E foi assim que Henri Ford lança
sua linha de montagem e cria um ícone de esperança criando um mundo de
estabilidade e prosperidade, alavancando a economia, gerando o equilíbrio da
física clássica e sua economia baseada nela. Entre 1920 a 1929 tudo parecia
maravilhoso, só que os matemáticos previam novamente o seu ponto de virada. Foi
exatamente o que ocorreu, a economia e o clima geraram a Grande Depressão e a Tempestade de Areia era o ponto de virada.
Muitos economistas, acadêmicos e vencedores do Prêmio Nobel
justificaram a crise de desemprego às pessoas, dizendo que elas preferiam o
lazer a ter que trabalhar e assim, era uma causa mecânica e simples. Isso é
incrível, mas foi verdade. Apesar de todo desemprego, das vidas arruinadas,
economistas e cientistas ainda teimavam em ver o mundo como sempre, previsível
e controlável.
A invenção do computador no final da guerra, trouxe uma esperança e com ela também a
sensação de poder. Os cálculos de mira e explosões devolvem ao homem o controle
do mundo, a velha mágica da balística se aliou
à nova era nuclear e controlando tudo isso, voltariam a ter o controle
de tudo e a certeza de um mundo próspero e certo diante de todo o avanço
tecnológico. Com os telescópios, víamos o céu e os blocos construtores da vida,
mas o computador nos daria uma visão, ou quem sabe, o controle de outras
dimensões. Os políticos previam a economia afetando a vida de milhões de
pessoas e depois das crises de 30 e 40 a economia começa a crescer novamente. Com baixos índices de desemprego, a esperança
volta a reinar num mundo de prosperidade e progresso (de novo).
Em
1962, Edward Lourentz criando um computador de mesa consegue perceber que pequenas
variações ocasionavam um desastre. Ele consegue provar, através de seus
cálculos matemáticos, o que Poincaré havia previsto, ou seja: ”Se uma borboleta
bate ou não suas asas, o efeito vai ser muito pequeno no inicio e não vamos
notar, mas depois de um tempo, digamos, uns seis meses, algumas flutuações no
ar e na turbulência podem ter um efeito enorme.” A isso chamou de Efeito
Borboleta.
Prof. David Rules
E em 27 de outubro de 1986, começamos uma economia global,
os computadores conectavam todos ao mesmo tempo, o mundo e o moderno mercado e
as previsões matemáticas foram, mais uma vez, ignoradas e tudo ficava por conta
do mercado que lhes davam grandes resultados e um aumento da expectativa de
vida. Os economistas e os ambientalistas divergiam, pois os economistas
acreditavam que tudo era natural e que não podíamos controlar, a economia
começa a crescer e a sua imprevisibilidade também.
“Quanto mais mexermos com um sistema não linear
é mais provável que ele se torne caótico” Prof. David Ruelle.
Prof. Peter Cox .
“No
momento em que temos uma economia estável nos esquecemos do meio ambiente e com
isso há a mudança ambiental e climática provocada pelo homem, mas que não reage
diretamente nele, isso bate de frente com o funcionamento do mundo e
eventualmente, seu crescimento econômico pode ser detido pelos impactos
causados pelo ambiente, pois o ambiente é a sua fonte de riqueza.” Prof. Peter Cox .
Ignorando os avisos da nova matemática, carregamos o sistema
com tudo, os economistas do livre mercado acreditam que é só deixar com os
mercados, que eles magicamente encontrarão o equilíbrio natural. Eles ainda
acreditam que podem prever leis, querem um crescimento e esse crescimento está
sendo exponencial e isso não durará para sempre, pois se quebrará em algum
ponto, isto está previsto com segurança. Esse crescimento é necessário? Sim,
mas não durará para sempre. O problema será quando chegarmos ao ponto crítico. Para entenderam melhor tudo isso, recomendo esse vídeo.
Achei curioso o texto. Você cita inúmeros casos onde não há o controle, "caos", sem qualquer relação com "capitalismo". Logo, não será ele que levaria tudo ao "caos", a princípio ele já existiria.
ResponderExcluirSeu texto ainda nos leva a crer que após um certo nível nada pode ser previsto, não existiriam mais leis. Então, pra que ciência? Isso é uma inversão de causa e efeito, isto é, algo existe pois existe a lei, e não o contrário.
Baseado nessa concepção da "nova matemática", você concluí que as premissas do livre mercado são opostas as evidências. E mais, que este modelo esta fadado ao fracasso. Bem... econômia de livre mercado é exatamente o oposto do controle, então ela estaria alinhada a "nova matemática" e não desalinhada. Outra coisa, o livre mercado não vai resolver tudo magicamente, esse conceito é bem fundamentado e nada mágico. A ideia é que a relação oferta/demanda é ótima no livre mercado, isto é, as relações entre quem oferece e quem oferta são otimizadas no livre mercado. A grosso modo, com menos impedimentos, mais pessoas ofertam e, portanto, a otimização da troca entre quem oferta e quem demanda é mais fácilmente de ser alcançada. Veja que isso casa muito bem com conceitos de propabilidade e a lei de grandes números, ambos pertencentes ao que você chamou de "nova matemática".
Outra coisa, você ainda diz que tal o fracasso do sistema é foi previsto. Quando? Até onde eu sei não há previsão alguma, ou seja, ninguém conseguiu defirnir com precisão como e quanto isso aconteceria. Aliás, tudo não é caótico? Como prever o fim de algo?
Não é o capitalismo que gera o caos, mas a preocupação em crescer desordenadamente sem a preocupação com o social, com o meio ambiente. A "nova matemática" prevê, mas o que mostra é que será inevitável, pois o crescimento está exponencialmente e qualquer equação exponencial gera uma parábola e a queda, matematicamente falando será inevitável. Previsto está. Não me referi ao mercado, mas a economia com um todo, o progresso, onde se está saturando o meio ambiente, um exemplo, a quantidade de prédios e a diminuição de áreas verdes, a preocupação com o ter e não com o ser. E não falamos em grandes números, visto que a teoria do caos não prevê grandes catástrofes, mas uma sucessão de pequenos acontecimentos que é passado despercebido e a soma deles leva ao caos. O como e quando não sabemos, mesmo porque o texto deixa bem claro que estamos num sistema e a sistema não é certo, linear, por isso é impossível definir alguma coisa e não se prevê o fim, se prevê a queda e como está citado nos links do texto, não foi o fim, foi a queda para um recomeço e a queda da economia foi dada nos exemplos dados e, assim como hoje, a economia da época estava otimista, mas a matemática não, pois o crescimento foi exponencial. Entenda que estamos falando de grandes sistemas com variações mínimas e com um grande crescimento e isso não quer dizer que a mudança de atitude não poderá fazer esse gráfico se estender e a curva (ponto crítico) se tornando mais atenuada. Essa teoria não é minha, são dos físicos Peter Cox e David Rulles eu só transcrevi. Existe um documentário do Brasil Escola que eu não coloquei, pois descobri depois de publicado o texto e fala sobre isso, se chama A matemática do caos, sugiro que assista. Obrigada pelo seu comentário.
ExcluirNunca vi tanta bobagem sobre ciência num lugar só. Na Física, caos é determinístico. Vergonha alheia.
ResponderExcluirNesse caso falamos de matemática e na verdade, embora a descrição da mecânica clássica e relativística seja determinística, a complexidade da maioria dos sistemas leva avariáveis estocásticas, ou seja, que apresentam valores verdadeiramente aleatórios e apenas algumas variáveis são analisadas com uma lei de comportamento determinada, mais simples, sujeita à ação deste ruído. Este método foi utilizado por Einstein e Langevin no início do século XX para compreender o Movimento Browniano.
ExcluirPois, é exatamente isso que os matemáticos querem prever: o que as pessoas pensam que é acaso mas, na realidade, é um fenômeno que pode ser representado por equações. Alguns pesquisadores já conseguiram chegar a algumas equações capazes de simular o resultado de sistemas como esses, ainda assim, a maior parte desses cálculos prevê um mínimo de constância dentro do sistema, o que normalmente não ocorre na natureza.
Os cálculos envolvendo a Teoria do Caos são utilizados para descrever e entender fenômenos meteorológicos, crescimento de populações, variações no mercado financeiro e movimentos de placas tectônicas, entre outros. E a Teoria do Caos faz isso muito bem. Obrigada pela sua opinião.