Estudando as tendências educacionais que, durante muito
tempo critiquei por pura ignorância, pude notar uma tendência social e
globalizada, mas quando me refiro ao social, não estou falando de um
socialismo, pelo menos não de um sistema político e sim de uma preocupação pela
sociedade, pelo mundo.
As teorias estudadas hoje mostram essa nova tendência aplicada
à educação. Apesar de os autores seguidos serem de séculos anteriores, eles
teorizaram e, de certa forma, previram os problemas gerados pelo sistema atual,
o capitalismo. A meu ver, o problema não é o capitalismo em si, mas o que ele
causou ao meio social e, como diz William Shakespeare: “Que época terrível é essa
quando idiotas dirigem cegos”. Segundo
muitos desses autores, não foi o homem que fez o sistema, foi o sistema que fez
o homem e este se adaptou a ele, da pior forma possível.
As críticas de diversos autores ao capitalismo, que serão
citados ao final desse texto, assim como as respectivas bibliografias para
pesquisa, foram a forma como a sociedade foi moldada e como vive escrava desse
sistema. A princípio parece um exagero, mas, analisando a coisa de modo imparcial,
vejo que não. Hoje, a sociedade moderna se resignou a viver num sistema que
aliena, o espaço urbano passou a ser um cenário com muros, barreiras,
fronteiras e o objetivo de tudo isso é o transporte de mercadorias, destruindo
assim todos os recursos naturais do planeta. O homem moderno vive em casas ou
apartamentos que se assemelham a jaulas e, o que é pior, pagam por isso.
Passamos a vida acumulando mercadorias que, de acordo com os anúncios, nos
trazem felicidade e a plenitude.
Hoje, ele, o sistema, detém os meios de comunicação e o
cidadão vem-se alienando a tudo quanto é meio de comunicação. Essa história
começou pelo rádio, depois a TV e hoje os computadores e celulares, nos afastando
cada vez mais de nossos semelhantes, nos alienando cada vez mais, difundindo
mensagens ditadas por ele. Um sistema que promove a desigualdade como critério
de progresso, afinal, no sistema capitalista a fome nunca vai desaparecer,
apenas nos acostumamos a ela.
Esgotamos os recursos, o lixo acumulado pelo descarte
excessivo vem hipotecando nosso planeta, as empresas produzem e reproduzem cada
vez mais e os mesmos que poluem, os donos dos meios de produção, se dizem os
salvadores do planeta, fazendo com que os cidadãos se sintam responsáveis pela
depredação do ambiente em que vivemos. Tentam nos convencer de que bastaria que
nós, cidadãos, mudássemos a nossa maneira de agir e o mundo estaria salvo. Culpam-nos
de continuarmos poluindo, mas nunca mudam o seu sistema de produção: o que eles pregam é que bastaria mudar alguns
detalhes (de parte do cidadão), mas na verdade eles, os verdadeiros
responsáveis, não mudam e nada muda.
A sociedade moderna trabalha cada vez mais para comprar, a
crédito, a nossa alienação. Poucos trabalham no que gostam, pois o que vale é o
dinheiro. A medicina, hoje tão avançada, apenas nos cura, quando cura, os males
que esse sistema nos impõe, mas não trata as causas, só as consequências. Para
amenizar essas “dores” e nos dar conforto, necessitamos de um deus, mas ele se
tornou nada mais e nada menos que um pedaço de papel, o deus hoje se tornou o
dinheiro e em nome dele, o homem moderno estuda, trabalha e chega até a abrir
mão de certos valores. O que esse novo deus prega é que quanto mais dinheiro,
mais liberdade e, assim, serve-se e obedece-se a esse novo deus, tendo a ilusão
da liberdade e da felicidade impostas pela nossa mídia e pelos senhores donos
de produção. A nova sociedade se adaptou ao mundo tal como ele é e não se
rebela, pois se conformou a isso. O verdadeiro criminoso é aquele que contribui
consciente ou inconsciente para essa demência, o poder e o dinheiro.
Na forma de imagens é que essa alienação é mais forte.
Como a mais direta e a mais eficaz maneira de comunicação, ela pode ditar modelos,
regras, condutas e moral, valores, ideias, felicidade, enfim, vender é a única
coisa que importa. Para que haja uma mudança radical, precisamos mudar aquilo
que nos aliena, a linguagem (comunicação dos meios).
Além da linguagem, é no poder do voto que o homem
acredita que domina esse poder. Quando escolhe seus governantes, o cidadão
acredita que está exercendo a democracia. A sociedade moderna acredita que existem
diferenças ideológicas partidárias, pois nossos partidos dominantes, os que
detêm o poder, são dominados pelo deus mercado. Enquanto os meios de
comunicação divulgam debates fúteis, o cidadão acredita que existe democracia.
Democracia é definida pela participação massiva dos
cidadãos nos problemas sociais. Ela é direta e participativa, através de
assembleias, mas o que os parlamentares hoje fazem é limitar o poder do cidadão
pelo próprio direito a voto, afinal os que estão sentados nas cadeiras
parlamentares representam, isso sim, a classe dominante, seja ela direita ou
esquerda. Com o direito ao voto, escolhemos a quem vamos servir, essa é a
verdade, mas acabamos sendo cúmplices da minoria dominante que detém o poder e eles
acabam nos esmagando. Afinal tudo gira em torno da compra, venda, produção,
acúmulo e consumismo, tornando o nosso planeta uma simples mercadoria. Aqueles
que o cidadão elege são uma minoria dominante que segue o deus mercado. O
monopólio da aparência e eles, junto com a mídia, determinam o que é bom ou mau.
A nossa democracia liberal não passa de totalitarismo.
A educação hoje tenta mudar essa imposição, estamos
tentando passar por uma nova transição, que Hanna Arent chamou de pós
modernismo. Recomendo a leitura. Precisamos ensinar nossas crianças e jovens a
se libertar e, através dessa era tecnológica, se comunicar com os seus
semelhantes. Libertar-se dessa mídia “massificante” e controladora e passar a
ver o planeta como nosso lar e não apenas uma propriedade.
Bibliografia para leitura:
ADORNO,
Theodor W. Educação
e emancipação. “Educação – para quê?”, “A educação contra a barbárie” e “Educação e emancipação”).
ARENDT,
Hannah. A crise na educação. Entre
o passado e o futuro.
BALL,
Stephen J. Intelectuais ou técnicos? O papel indispensável da teoria nos
estudos educacionais. Políticas
educacionais:questões e dilemas.
BOURDIEU,
Pierre. A escola conservadora: as desigualdades frente à escola e à
cultura. Escritos
de Educação.
CHARLOT,
Bernard. A
Mistificação Pedagógica: realidades sociais e processos ideológicos na
teoria da Educação.
DURKHEIM,
Emile. Educação
e Sociologia.
FOUCAULT,
Michel. Vigiar
e punir: nascimento da prisão,
YOUNG,
Michael. Para que servem as escolas. Educação e Sociedade, Disponível emhttp://www.scielo.br/pdf/es/v28n101/a0228101.pdf
MESZAROS,
Istvan. A
educação para além do capital.
SANTOS,
Boaventura de Sousa. Subjectividade, Cidadania e Emancipação . Pela mão de Alice: o social e o político na pós-modernidade.
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