FONTE:https://blog.maxieduca.com.br/funcao-social-escola/
Neste início de ano, houve muitas mudanças e investimentos na educação por parte do governo de São Paulo. Claro que muitas coisas ainda precisam acontecer e essas transformações não chegam nem perto do que é o ideal, mas acredito que, para haver algo realmente significativo, podemos começar pelo papel da escola e, nesse papel, devemos mantermos a mente aberta e não nos restringirmos apenas ao alunado, mas também aos gestores, professores e a toda sociedade.
A escola não tem a função
de mudar a sociedade, isso seria pensar ingenuamente, ela não é responsável por
melhorar a vida do aluno nos aspectos social, econômico e familiar: isso é
função da assistência social do estado. Mesmo assim, ao tomarmos consciência de
todo esse processo, podemos colaborar para que isso aconteça.
Se a educação trabalha um
currículo de forma homogeneizadora, meritocrática e reproduz a cultura elitista,
ela vai contribuir para as desigualdades sociais, pois a sociedade
meritocrática na qual vivemos dificulta o processo real de se tornar uma
sociedade inclusiva e democrática, ao impor a ideia de que, se o indivíduo está
numa condição social favorável é porque ele mereceu estar ali, sem levar em
consideração o seu ponto de partida, ou seja, que todos partem de pontos
diferentes.
FONTE:https://www.acessa.com/educacao/arquivo/filosofia/2018/07/23-educacao-seus-desafios-homem-nao-nada-senao-que-educacao-faz-dele/
Muitos deles chegam às
escolas ou à vida social já avançados, intelectualmente falando, do que outros
e, na verdade, não necessitaram da escola para isso, pois tiveram uma base
familiar mais privilegiada que outros. Se a escola for tomada por esse
pensamento, dessa sociedade meritocrática, ela não conseguirá ajudar seus
alunos, apenas vai legitimar e ampliar as desigualdades. Não podemos basear-nos
nesse pensamento meritocrático, quando as oportunidades não são iguais para
todos.
O livro Compreender e Transformar o Ensino, de J. Gimeno Sacristàn e Angel I. Perez Gomez, fala da função compensatória da escola e do processo de humanização e socialização.
O
sentido de humanização, segundo os autores, é quando potencializamos e
respeitamos o sujeito em suas diferenças, quando damos condições dignas para
que ele viva de forma social. Esse é o compromisso da escola e do processo
educacional com o sujeito, não apenas de formá-lo, mas também de transformá-lo
e emancipá-lo socialmente. A escola deve ultrapassar a função reprodutora do
processo de socialização e provocar o desenvolvimento pessoal do aluno.
Na nova concepção da
escola, a função educativa é preparar o sujeito com conhecimentos, ou seja,
ensinar-lhe tudo quanto faz parte da cultura elaborada existente e os saberes
científicos, e deve ir além disso: criar condições para que os estudantes
tenham autoconhecimento e construam sua realidade através de sua comunidade,
compreendendo a sua própria condição, o seu papel na sociedade, ganhando
autonomia e, obviamente, preparo com o conhecimento necessário para que
reconheçam sua condição social.
O conhecimento não é
apenas reprodução de conteúdo. Deve possibilitar ao aluno ir além das
aparências, da superficialidade e conhecer a essência da sociedade na qual está
inserida, contribuindo para que ocorra sua socialização e humanização, mas com
a criticidade necessária para que reconheça a sua condição social e
historicamente construída na sociedade. Ir além do status quo, combatendo
qualquer tipo de alienação.
O processo educacional
deve assumir algumas características específicas e nunca poderá ser um processo
defasado nos conceitos de época, comunidade, grupo social, contexto histórico,
econômico e político, cultural etc. Devemos sempre considerar o contexto social
do estudante.
Para concluir, devemos
ter uma visão crítica e oferecer aos alunos essa mesma forma de pensar para que
ele tenha condições de se formar enquanto cidadão e lutar por uma vida melhor.
Os saberes e conhecimentos devem ser muito bem trabalhados, com uma conexão
daquilo que ele vê na escola com o contexto social dele. É somente dessa forma
que a escola consegue cumprir o seu papel.
A escola pode resolver a
discriminação, a exclusão, as injustiças e outras existentes? Não, mas pode
atenuar os efeitos fazendo o papel dela. Como? Substituindo a lógica da
homogeneidade pela lógica da diversidade, ao invés de utilizar modelos
uniformes, acadêmicos, mecânicos, linearizados, disciplinador e elitista. Devemos,
professores e gestores que fazemos parte desse processo ativo, romper com tudo
isso e passarmos a utilizar um modelo mais variado e que seja voltado para as
necessidades dos alunos, um modelo acadêmico com foco nas necessidades dos
alunos, um modelo flexível e plural. Se a escola não se adaptar a essa nova
lógica da diversidade, ela não conseguirá cumprir sua função social nem
compensar aquilo a que ela se propõe.